A fanfic de Afrodite

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Conto de since1801

"Características básicas do Estoicismo:

· Virtude é o único bem e caminho para a felicidade;

· Indivíduo deve negar os sentimentos externos;

· O prazer é um inimigo do homem sábio;

· Universo governado por uma razão universal natural;

· Valorização da apatheia (indiferença)"

***

- Os humanos criam uma cidade com meu nome, a deusa da sabedoria e estratégias de batalha. Essa cidade se tornou a maior influente do Ocidente pelo exercício político; eles me veneram e fazem pedidos para auxiliá-los sempre que precisam de um conselho sábio... – Athena fez uma pausa, andando lentamente sobre o pequeno caminho de mármore polido, que levava da calçada para a fonte, e virando-se para Zeus.. - ... mas submetem as mulheres aos afazeres domésticos e proíbe sua participação na pólis. Percebe a falta de lógica e audácia contra mim?

- Nossa, que triste, querida. Um absurdo. – Disse o senhor dos raios, apoiando o rosto em sua mão, sentado na beirada da fonte do jardim de Afrodite no Olimpo. – Posso voltar aos meus afazeres agora?

- Não. – Virou-se de costas novamente com os braços cruzados. - Não terminei e sua próxima amante pode muito bem esperar, pai. Não acha um absurdo, Afrodite? Afrodite? – Olhou ao redor do jardim procurando a amiga.

Afrodite estava debruçada em um canto do jardim, à beira de um pequeno lago, com flores ao seu redor. Ela parecia bastante entretida quando Athena a achou, balançando as pernas para cima e apoiando o rosto com as duas mãos no rosto.

- Afrodite, apaixonada por seu reflexo novamente? – Sorriu e ajoelhou-se no chão ao lado dela para ver o reflexo no pequeno lago, era como um espelho para o mundo dos humanos. Athena podia ver pessoas passeando entre colunas com túnicas brancas e sandálias de couro, algumas crianças corriam de um lado para o outro.

- Ah!– A deusa saiu brevemente de seus desvaneios. - Athena! Estou assistindo os mortais, eles são sempre tão travados para o amor, sua cidade é cheia de pessoas assim. – Disse ela, tocando o reflexo logo quando um homem robusto segurando um espesso conjunto de pergaminhos no braço passou.

- Nunca vou entende-la. – Riu fraco. – O que tem de tão interessante nisso?

- Veja. – Apontou para o mesmo homem, um outro rapaz andava apressadamente atrás dele com outros pergaminhos no braço. – Este é Urion de Alexandria. Deve ter uns 35 anos. –Direcionou o dedo para o homem mais velho, ele tinha a pele levemente bronzeada, barba e cabelos marrom escuro. Os olhos eram de cor castanho claro.

- Venha, jovem Stravos. – Sorriu, parando no caminho para que o rapaz o alcançasse, ele bagunçou os cabelos do mais novo; pôde-se ouvir um suspiro de Afrodite, Athenas revirou os olhos. – Não podemos nos atrasar para os estudos de campo antes do almoço.

– Sempre tão gentil. Fico toda desorientada quando acho pessoas assim. – Comentou, rindo sem graça. - Caso não fosse um filósofo adepto do estoicismo,com certeza seria um daqueles lenhadores fortões que vemos nos filmes estranhos que Hermes encontra. Mudou-se para tentar a sorte em Athenas depois que a biblioteca pegou fogo. Mas vamos ao que interessa. – Ela espalhou as mãos, exibindo suas unhas feitas e limpas como se "jogasse as cartas na mesa". - Ele está, obviamente, apaixonado por seu pupilo e não consegue se render a isso por conta de seu dilema com a filosofia. Ele pensa que, se não fosse o estoicismo ditando seus passos e mantendo-o firme contra as distrações, não estaria com uma vida confortável. Contudo, ironicamente, esse conforto não lhe traz felicidade ou prazer algum, apenas uma vida monótona. E aí que entra seu querido pupilo. – Ela sorria e seus olhos brilhavam enquanto contava para sua amiga. – Com a fama do sofismo, alguns pensadores de toda a Grécia realizavam discursos públicos para atrair estudantes e cobravam taxas para lhes oferecer educação. Diferente dos outros, Urion aplicava estudos baseados em um método específico de ensino, não sendo um tutor somente para os jovens aprenderem a vencer discussões. Ele era quase como Sócrates. Apenas não muito inteligente e teve muita sorte.

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