O Escriba Atemporal

Ecoar do tempo

 Já se iniciaram os procedimentos básicos, estou aguardando com a minha consciência em looping, os sentidos estão aguçados nesse instante de tempo, que sufocante. E mesmo assim, por quê eu estou concordando em fazer isso? É as circunstâncias ao decorrer da minha experiência de vida que me levou a optar por experimentar esta situação? ou apenas fui predestinado a tal acontecimento?.. Fui doutrinado a crer que qualquer resposta advinda dessas perguntas é mutável e relativa, portanto, não devo assimilar minha atual realidade, ou pelo menos devia fazer isto. 

  O processo seletivo está presente desde o Big Bang, teoria elaborada por um padre católico, nativo da bélgica. Contraditório se formos analisar a pré disposição que um culto cristão possui em recusar uma teoria que decresce o poder divino da sua entidade celestial máxima, é um tanto quanto curioso a tese elaborada por Georges Lemaître, o nosso padre belga. Continuando, o select process aplicado em diversas situações, iniciando-se na expansão e concentração de moléculas específicas que constituem gases para a formação de corpos celestes, alcançando até a sua prova de inscrição na faculdade. Desse modo, é cabível racionalizar que o mecanismo de selecionar objetos é primitivo tanto quanto a energia, uma vez que todo conhecimento da humanidade até agora é fielmente fixado a orientação de objetos, como por exemplo: programação computacional, física clássica/moderna/quântica, marketing e etc.. 

 Sendo assim, ser selecionado para algo ao decorrer da nossa vida é comum e impossível de não acontecer, ou seja, a partir do momento que você é um objeto, animado ou não, você está diretamente escolhido para diversas funções, seja por meios não espontâneos como a gravidade, mas também por meios espontâneos, como a ingressão em um novo trabalho. O organismo complexo e racional que possui a arrogância de certificar para si mesmo que ele é individualmente escolhido para algum propósito especial, indubitavelmente não pensou racionalmente na sociedade como um todo. Desse princípio, é possível afirmar que a predestinação seria algo completamente ignorante? E que na verdade somos todos diretamente escolhidos ao acaso para diversas funções que nos exercem? E a única 'mutabilidade' é a nossa experiência em vida?.. 

 Vejamos, eu sou uma espécie no topo da pirâmide ecológica, meu único diferencial é a minha razão e a maturidade de evolução, que mesmo assim não é comprovado que sou o único ser com esta habilidade. Vivo minha vida, vou ao trabalho, estudo, faço as minhas necessidades intelectuais e etc. O único momento que eu penso ser piloto do meu destino, é quando eu estou tentando desviar da minha perspectiva primitiva como objeto, é quando estou praticando meu tempo de exercício mental, racionalizando diversas possibilidades por ter chegado a aquela linha temporal,  ou seja, estou tentando ver os códigos do programa "universo" para identificar onde que a minha variável se encontra. Minha experiência de vida está servindo de ferramenta para encontrar minha suposta predestinação, estou usando uma chave de fenda para abrir meu mecanismo e visualizar o quão objeto padrão sou.

Em algum momento.. eu estive verdadeiramente livre?