CHAPTER 4

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O que resta à Sarah após o afastamento da melhor amiga é  cuidar da pequena doceria da família. Pedira inúmeras vezes à mãe que a deixasse cuidar dos irmãos, queria dar folga à tia que também precisava aproveitar o recesso, mas Mônica fora irredutível.

Sarah intimamente sabia qual era a dificuldade da mãe em lhe passar a guarda, mas precisava tentar ser mais independente e responsável.

Seu histórico não é invejável quando se trata de confiança, mas no momento se sente absurdamente solitária, precisa de um desafio ou enlouqueceria.

Acompanha um par de sapatos surrados se aproximar do portão. Ergue o rosto e reconhece um amigo de escola, não muito presente em suas conversas do dia a dia, mas que tenha lá seu mérito por confirmar a história apresentada pelas amigas no dia seguinte ao desaparecimento de Kely. Seu nome é Wendell.

Separa algumas moedas que retira meticulosamente do bolso apertado, deixando algumas escaparem assim que as retira. Sarah observa sua saga com os objetos de metal, melancólica.

Assim que ajeita todas na mão passa a observar os doces contidos dentro de um armário antigo adaptado para acomodar as guloseimas. Pela sua expressão a escolha seria árdua.

- No recesso estamos deixando pegar três doces pelo preço de dois.

O garoto deixou escapar um sorriso de alívio.

- Que bom. Agora eu consigo raciocinar melhor. Gosto de amendoim, paçoquinha, de abobora e maria-mole. Agora posso pegar os quatro.

Sarah separa o pedido do colega com um sorriso bobo.

- E a Elisa, não tem visto?

Sarah entrega seu pedido e recolhe as moedas.

- Olha, levei um doce de leite de lambuja, obrigada. – agradece o garoto empolgado.

- A Elisa tá ocupada. Acho que precisa receber parentes em casa.

- Nossa. Ontem eu tava passando próximo a casa dela e vi que o Diego tava saindo de lá, tipo umas quatro da tarde.

Sarah tenta se mostrar indiferente.

- Se você viu a Elisa por que pergunta se eu vi?

- Não sei. Achei estranho...

- Fala a verdade. Você quer saber se brigamos.

- Bem. Vocês não se separam por nada. Será que ela tá a fim do ex da Kely?

Sarah reflete por alguns segundos, mas logo percebe que aquela não era uma conversa para manter com um colega o qual não dera tanta intimidade.

- Tudo bem se eu não quiser falar sobre isso com você?

- Eu sei que a gente não conversa e tals, mas eu acho bem legal a amizade de vocês. Sei lá, nada é maior que um amigo. Eu sou muito amigo do Mario, apesar de às vezes ele ser um pouco excêntrico, sei lá.

- O Mario? Ele é um chato isso sim, enxerido! No dia que a Diretora perguntou da Kely foi logo fazendo graça e depois foi fazer sala pra mãe da menina que tava lá enchendo nosso saco.

- É. Ele parece tá bem impressionado com esse caso, mas enfim. Eu acho que você deveria procurar sua amiga, sei lá, é difícil conhecer alguém que seja um bom "parça" e vocês são bem grudadas, parecem irmãs. É só conversa jogada fora, não precisa achar que eu tô me intrometendo...

- Tudo bem. Até que você tem razão. Eu preciso resolver isso antes de voltar de recesso. Não sei. Talvez amanhã.

- É. Porque na quinta vai ter uma apresentação da banda do Diego, uma bandinha besta que ele tem. – Sarah ri mais por não gostar do rouba amigas como denominara Diego. – Eu acho que sua amiga vai.

A VINGANÇA DE KELYOnde histórias criam vida. Descubra agora