CHAPTER 9

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O dia é pitoresco, ar agradável, sol ameno e vento soprando o ar quente que mal podia se aproximar.

Um pouco mais acostumada, mas não rendida, Sarah aguarda a amiga puxar a carteira ao seu lado. Demonstra dificuldade em História, igual Elisa e Sarah sempre se questionou quem conseguia ter dificuldade com algo tão linear e sem regras como História, Geografia e Ciências.

Explica sobre Neoclassicismo como uma Professora experiente, nota que às vezes os colegas a olham um pouco abismados, mas imagina ser por sua verborragia.

Érica presta atenção a cada palavra declamada pela amiga, admirada. Ao término da aula dispara entre falas atropeladas o quanto é feliz por tê-la como melhor amiga.

Um pouco sem jeito Sarah deixa algumas anotações da aula no caderno de Érica e passam a conversar frivolidades visto que o Professor de Matemática faltara no dia.

- Queria gravar fatos históricos na minha cabeça como gravo uma conta de matemática.

- Você é bem parecida com a Elisa...

- Quem?

Arrependida por ter citado o nome da amiga Sarah conserta.

- Uma prima minha que é ótima em matemática, mas péssima em História.

- Esse nome não é estranho... Eu ouvi há tempos atrás...

- Deixa isso pra lá... Bobagem.

- Ah. A menina que morreu enforcada. Você conhece?

- Ouvi falar.

- Nossa. O que faria alguém se enforcar?

- Não sei e nem quero saber, vamos mudar de assunto...

- Eu acho que ela não se enforcou, eu acho que ela foi uma vítima.

De nervosa Sarah passa a se interessar pelo raciocínio da garota estabanada.

- Por quê?

- Não sei, sem despedidas, acho estranho, não tinha depressão nem nada.

- Teve sim carta de despedida.

- Como você sabe? Disse que só ouviu falar.

Sarah disfarça.

- As pessoas falam e eu ouvi.

- É mesmo? E mostraram essa carta?

- Não que eu saiba.

- Estranho.

Sarah sente um calafrio parecido com o dia que se embrenhara na mata e decide mudar de conversa, mas Érica é mais rápida.

- Minha melhor amiga morreu tempos atrás.

- Mesmo?

- E nem tive a chance de me despedir, alguém me impediu.

- Quem?

- Eu prefiro não falar sobre isso, mas estar com você é tudo o que eu precisava pra esquecer o triste episódio... Sarah, você confia demais em quem não deve sabia?

- O quê?

- Deixa pra lá. Mas já se acostumou com o lugar? Achei você com uma expressão boa hoje.

- Sim. Eu passei o fim de semana com um antigo amigo.

- Amigo?

- Você não conhece, o nome dele é Wendell.

Érica passa a mão levemente pelo pescoço com uma expressão nem um pouco amigável.

- Desculpa, acho que engasguei com a minha saliva. Um amigo mesmo?

A VINGANÇA DE KELYOnde histórias criam vida. Descubra agora