CHAPTER 10

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As festas de fim de ano trazem premissas únicas. O clima pitoresco está por toda a parte, mesmo que os envolvidos não sejam propriamente um membro familiar. A gentileza reina. O aperto de mão é mais apertado, o abraço desmedido, o olhar doce, os gestos leves.

Todas as outras datas festivas são esperadas, mas as festas de fim de ano marcam um novo ciclo, um recomeço, uma nova esperança, mesmo que dentro de alguns dias ela se esvaia com uma nuvem que se dissipa.

Desde o último acontecimento Sarah não vê nada além do que a realidade possa lhe proporcionar. Às vezes se prende em Eliah e seus modos misteriosos, mas logo se recorda que é apenas uma criança que se impressiona com fatos que ainda não pode dominar.

Kely deixou de ser o assunto principal na mesa, agora a conversa são sobre palhaços, enfermeiras em peruas que raptam crianças para arrancar os órgãos. Até parece um dos devaneios de Sarah, mas é real.

Apesar do clima festivo Mônica sempre que sai para trabalhar desenrola o papiro de recomendações. Melissa e Sarah não se despedem sem antes revirarem os olhos de tédio para fazer graça. Agora se revezam pois Melissa ainda trabalha pela manhã e a noite recupera as provas que perdeu antes de entrar atrasada no segundo semestre, ficando apenas duas horas na faculdade.

Há tempos não vê Wendell e tão pouco liga na casa de sua avó. A última vez que o vira foi pra devolver sua blusa. Mesmo havendo conversado com Sarah após o último encontro o clima permanece um pouco pesado.

Prefere se concentrar nos preparativos e enfeites. Esse ano estariam abonadas. Melissa estagiando e Mônica havia conseguido emprego fixo em apenas uma casa cujos donos são de boa condição financeira.

Diante de um pedido formal o ex – marido começara a pagar pensão aos filhos. Mônica não queria anteriormente, pois acreditava que o pedido poderia soar mal, como se estivesse interessada em prejudicar a nova família que formara, mas quando soube que seria pai pela quarta vez, achou justo exigir seus direitos.

Além da boa pensão já havia comprado presentes aos filhos e se encontravam abaixo da árvore sobre olhares curiosos. Eliah insistia em abri-los, mas Sarah conseguira distraí-lo com uma história de crianças que abriram seus presentes antes do Natal, é excelente em histórias autorais.

Parece que tudo finalmente se encaixara, os móveis se posicionaram de forma acolhedora, os irmãos exploram o belo quintal com árvores e folhas apropriadas para uma guerra entre Eliah e Dalilah que agora anda com toda a propriedade pela casa e arredores, Mônica sorri com mais frequência, mesmo diante dos últimos acontecimentos escolares, mas há algo em Sarah que coça o coração, incomoda e precisa ser resolvido. Sabe que deve uma visita e mesmo que a perturbe precisa ser realizada.

De frente ao espelho ajeita o vestido que ganhara a pouco da mãe que trouxera da casa dos novos Patrões, pelo visto sempre haveria algo novo para Sarah, a filha deles tinha a mesma idade, mas um melhor poder aquisitivo. Sarah observa a porta de saída, respira fundo e segue seu caminho.

                    ****AVK****

O nervosismo rouba a cor do rosto da garota que defronte a casa de Elisa sente o coração palpitar com a força de um badalo. Nota a frente da casa descuidada, um ar abandonado, algo inaceitável em outros tempos. Dona Elza é minuciosa, não admite o mínimo fora do lugar.

Sente olhares em sua direção, olhares curiosos e também de reprovação. Aperta a campainha uma vez e aguarda. Não obtém resposta, mas sente que há alguém em casa, aperta mais uma vez e agora espera um pouco menos para apertar novamente. Ouve uma respiração pelo interfone, aliás, nesse exato momento percebe um interfone. Não sabe como manuseá-lo então apenas aguarda que alguém venha atendê-la.

A VINGANÇA DE KELYOnde histórias criam vida. Descubra agora