28 de setembro

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Sinceramente, minha vida era um inferno. Eu estou de castigo de novo! Sem celular nem qualquer tipo de acesso a internet. E não adiantava argumentar com meus pais, eles eram irredutíveis quando o assunto era castigo. O único lugar possível de encontrar alguma distração era a biblioteca que tínhamos em casa. Repleta dos mais diversos títulos, o lugar era um verdadeiro paraíso para os amantes dos livros. 

Eu gostava de ler mas jogar free fire e ficar vendo vídeos na internet ainda eram meus passatempos preferidos. Mas eu não tinha o que fazer nem ninguém para quem pudesse apelar.

Adentrando a biblioteca comecei a procurar alguma obra para me distrair. Pensei em pegar algum romance já que havia vários deles nas estantes. E como não me importava muito com o enredo desde que os personagens terminassem juntos no final, decidi que escolheria o livro pela capa. No caso, pela brochura. Quando estou passando minhas mãos pelos volumes, vejo uma brochura se destacar das outras. É a única que não tem o nome do livro escrita. E sua textura parece diferente também, se assemelha a couro. Quando puxo para ver o nome do título me surpreendo quando vejo que não há nada escrito na capa. 

Bom, acho que temos um livro vencedor aqui. 

Pego-o e me direciono ao meu quarto para poder ler em paz sem nenhuma interrupção. Assim que abro o livro me surpreendo em ver uma letra cursiva ao contrário de uma digitada que era o que eu esperava. Em minhas mãos se encontrava não um livro qualquer mas um diário. Começo então a ler atentamente suas palavras:

28 de setembro

Eu vim parar no inferno! E tudo por culpa do filho da senhora Jenkins que me beijou na frente da mãe. Mas eu não consegui convencer meu padrasto disso, então com a conivência da minha mãe fui trazido para a Godsland, um reformatório religioso especializado em cura de desvios sexuais. 

Como explicar para minha família que eu não era gay se ao menos eles paravam para me escutar? 

Eu apenas tinha sido beijado de surpresa por Collin e a consequência disso era ficar nesse lugar por tempo indeterminado aparentemente. Eu pensava que já tinha chorado o suficiente do caminho de casa em Homes Chapel  até esse lugar que ficava ao sul da região de Canterbury. Porém ao ter meu cabelo cortado não pude impedir das lágrimas rolarem novamente sobre o meu rosto. 

Eu me sentia injustiçado e humilhado. Mal conseguia entender o que se passava ao meu redor porque tudo dentro de mim estava caindo aos pedaços. 

Depois do corte traumatizante me levaram a um quarto, aparentemente tudo ali era cinza.  Uma cama já estava ocupada e a outra era a minha. Fui alertado para dormir logo pois as atividades no reformatório começavam nas primeiras horas do dia. Ainda tinha que acordar cedo! Eu só queria morrer. Ou conseguir parar de chorar. Eu soluçava tão alto que sentia dor nas costelas. 

Até que senti um peso do meu lado da cama e logo fui abraçado. Me movi dentro daquele abraço porque naquele momento era o que eu estava precisando. A pessoa que estava me abraçando - que logo reconheci ser um garoto, provavelmente meu colega de quarto - logo começou a dizer que tudo iria ficar bem, que eu iria ficar bem. E naquele ali em meio ao meu choro, aquelas palavras eram tudo o que eu tinha para acreditar.

Brave love - Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora