Blaise
Elas estavam mais próximas. E a cada segundo atravessavam lentamente o coração de Blaise, seus olhos cor de mel alternaram para um preto profundo e sem vida, totalmente obscuro. Novamente, consumida pelo ódio ela caminhou até a mulher que estava atrás das grades preenchidas de uma coloração escura, ela a observou vagarosamente, seus cabelos negros, seus olhos claros como os dela, sua pele clara e macia, seu vestido longo e sujo, e a tristeza enorme em seu olhar. Repentinamente, Blaise escutou ecoar a mesma voz de todas as vezes que ela estivera naquele local pouco iluminado.
— Por favor Blaise, seja luz! — Sua irmã gritou, a voz embargada.
Contudo, o homem de terno preto na lateral da cela a incentivou, e possuída de ódio e dor, ela assassinou a mulher, suas mãos cobertas de sangue, ela ouviu a mesma risada, e então o mesmo homem de terno preto, se aproximou pegou a adaga, fincou em seu peito, a girou com força e a matou. E então, ela despertou.
Ainda ofegante e com o suor escorrendo em seu corpo, Blaise se levantou em um sobressalto, caminhou em passos largos até seu celular para observar o horário: meio dia e meia. Ela suspirou aborrecida e vestiu seu macacão jeans desbotado, ela desceu as escadas e ao perceber que não havia ninguém em casa apanhou uma maçã e caminhou para fora de seu lar, indo em direção à residência de James.
Ela colocou seu fone de ouvido e caminhou até a casa ao lado: a residência dos Albuquerque.
— Você deveria estar descansando — Joseph disse assim que a viu se aproximando, a garota rolou os olhos instantaneamente, e observou com irritação a semelhança entre sua irmã e seu cunhado.
— Me sinto ótima, cadê o James? Combinamos que ele me daria uma carona até a delegacia — Ela arqueou as duas sobrancelhas e apertou os lábios, ansiosamente, o departamento de Brysya era o templo de Blaise, seu lugar favorito da cidade.
— Ele está vindo, foi colocar gasolina no carro e comprar um Dorflex, ressaca brava por causa de ontem, vocês dois são...
— Cheguei gata, só entra no jipe antes que meu irmão te faça morrer de tédio — Blaise abriu um sorriso e caminhou até a porta do passageiro, ela a puxou ferozmente, mas de primeiro momento a porta não cedeu, James soltou uma pequena risada e destravou a porta do lado interno, Blaise entrou e lançou um olhar maldoso para Joseph.
— Chegou bem na hora James, eu estava no estado final, quase dando meu último suspiro — Ela colocou sua mão próxima ao seu coração, ao lado de seu pingente da Lua e encenou dramaticamente — Manda ver! — Ela gritou as duas últimas palavras, e ligou o rádio, que estava tocando uma música eletrônica, os dois movimentaram a cabeça de um lado para o outro em perfeita sintonia, emergidos em risadas agudas, James pisou no acelerador.
Blaise, por um momento quase se esqueceu da carta que recebera na noite anterior, porém suas lembranças foram trazidas à tona quando seus olhos cor de mel avistaram o carteiro, que estava depositando a correspondência nas caixas de correio, ela abaixou o som de modo brusco e escutou James soltar um palavrão, ela o ignorou e narrou o acontecimento da noite anterior para o amigo. James afundou o pé no freio, fazendo com que o corpo de Blaise fosse para frente fortemente, dessa vez o palavrão saiu da boca da garota.
— Não me recordo desse sobrenome, LAN-CAS-TER — ele pronunciou pausadamente, enfatizando — Ao invés de ficar bisbilhotando os casos do seu pai, vai até o banco de dados da delegacia e procura por esse sobrenome, se for algum bandido você vai descobrir — Blaise assentiu.
Durante o trajeto James confessou a estranheza que lhe causou o fato de sua melhor amiga ter sido arremessada por um carro a quilômetros de distância e estar sem nenhum arranhão, e completou que buscou na internet sobre isso e que só encontrou sites relacionados a atividade paranormal. Enquanto James comentava eufórico sobre o acidente, os pensamentos de Blaise estavam concentrados nos olhos azuis-gélidos do motorista, um arrepio percorreu sua nuca, e para sua felicidade James adentrou no estacionamento da delegacia cortando os efeitos estranhos que aqueles olhos estavam causando nela.
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Magias Contrárias (EM REVISÃO)
FantasiaA magia pode ser encantadoramente...fatal. Brysya é uma cidade pacata da América do Norte, ou melhor, era uma cidade pacata. Com a chegada dos irmãos Downing, Claire e Blaise presenciam sua pequena cidade ser envolvida por acontecimentos exóticos, d...