KLAUS
Fiz o pedido de casamento para o Lorde Russell que concedeu a mão de sua única filha para mim. Aurora estendeu a mão e a toquei pela primeira vez, a aliança de minha falecida mãe entrou perfeitamente na mão macia e delicada de minha futura esposa, sem necessidade de ajustes. Nos olhamos e senti meu coração acelerar, ela era o amor da minha vida e não conseguia desviar o olhar dos seus lindos olhos castanhos esverdeados, cada detalhe de minha esposa era infinitamente encantador. Ela desviou o olhar e observou o chão, demonstrando timidez e certo incomodo.
Durante o jantar, Aurora se manteve acanhada como se tivesse sendo forçada a se casar comigo, não parecia feliz com minha presença e isso começou a me incomodar, não espera tal atitude. Nas cartas que trocamos, ela parecia outra pessoa, altiva, determinada e inteligente e esperava que ela demonstrasse essas qualidades em público, mas Aurora parecia presa, não apenas em seu espartilho apertado.
Após um longo e sufocante jantar, no qual não ouvi a voz de minha noiva, pude conversar pela primeira vez com ela, nos acomodamos na sala de estar perto da lareira e nossos familiares ficaram do outro lado da sala a uma distância adequada, para nos dar certa liberdade. Lorde Russell conversava com meu pai e com Antony, porém mantinha os olhos em nós, ele tinha a visão privilegiada e tenho certeza que o lorde não piscou em nenhum momento.
As mulheres conversavam um assunto divertido, provavelmente fofocas sobre alta sociedade, porém Serena parecia desinteressada e nos observava com devoção. Minha madrasta não escondia seu incomodo com meu noivado, mas conseguiu fingir durante o jantar, enquanto estávamos todos reunidos, porém minha aproximação de Aurora no fim da noite a deixou transtornada. Sentia-me mais sufocado com a presença da minha ex-amante e esposa do meu pai em meu noivado, mas ela não poderia ser excluída daquela noite.
Aurora respirou fundo enquanto observava a empregada se aproximar com uma bandeja para servir chá de camomila batizada com conhaque, Antony se aproximou de nós com um copo de uísque e uma caixa de charutos. Meu cunhado observava a irmã analisando cada movimento dela, tinha o mesmo olhar traiçoeiro de Anna, ambos tinham olhos negros e miúdos, pareciam águias prontas para o ataque. Aurora pegou a xícara e tomou o chá ignorando-o. Acendi o charuto e peguei o uísque, sem paciência com a presença de meu cunhado e desejando ficar sozinho com Aurora, fiz sinal para Antony se afastar. Novamente a sós, olhei para minha noiva e a questionei:
- Aurora. Está tudo bem?
Ela me olhou com seus profundos olhos castanhos esverdeados e sorriu.
- Evidente que sim.
Aurora respondeu com ironia, mas em seguida revelou:
- Klaus, sinto que meu corpo vai explodir, sinta-se privilegiado por ser homem e não precisar usar espartilhos.
Aurora quase não abriu a boca para falar como se tivesse medo que Anna lesse seus lábios. A mãe de Aurora, apesar de entretida com a história que Helena contava, nos vigiava. A tensão do outro lado da sala era quase palpável, Serena estava nervosa e segurava a xícara de chá com dificuldade, sorria cordialmente, mas era evidente que não prestava atenção na conversa. Helena apesar da animada interação observava minha madrasta com desprezo, provavelmente incomodada com a bela e sensual mulher próxima do seu futuro marido. Neste caso, ela tinha razão do desconforto, Antony dava olhadelas nada discretas para o decote de Serena, quando não estava observando Aurora, entre as duas mulheres mais bonitas na sala, Helena desaparecia, ela era uma mulher comum sem nenhum atrativo aparente, era baixa, branca, cabelos e olhos castanhos.
- Klaus, a quanto tempo você tem um caso com sua madrasta?
A olhei assustado, Aurora esperava uma resposta e dei um trago no charuto enquanto observava os convidados na sala, meus olhos pararam em Antony, ele sabia do meu envolvimento com Serena na época que ela trabalhava como prostituta, mas não sabia do nosso relacionamento em Berlim, depois que ela se casou com meu pai. Isso significava que Aurora percebeu as reações inadequadas de Serena e isso me fez sentir ódio da minha ex-amante. Disfarcei minha irritação, sorri e dei um gole no uísque ganhando tempo, pensei em como responder de modo adequado. Aurora descobriria a verdade em breve e ficaria chateada com minha mentira, queria que ela confiasse em mim e era importante criar um vínculo forte com minha futura esposa:
- Isso é passado. Para título de curiosidade, foi antes do casamento dela com meu pai.
Evitei contar alguns detalhes, depois poderia explicar melhor a situação. Aurora desviou o olhar e respondeu com frieza:
- Interessante, Klaus.
Me arrependi imediatamente da minha extrema sinceridade:
- Teremos tempo para esclarecer qualquer dúvida sobre essa questão, mas hoje não é o dia adequado.
Fiquei receoso de Aurora levantar e sair da sala, mas ela apenas bebeu novamente seu chá batizado com conhaque, o qual o cheiro ficava mais forte com o fim da bebida.
- Conhaque?
Aurora fez um positivo.
- Aprecia? – Ela respondeu meu questionamento com outra pergunta.
- Sim.
- Sua futura mulher poderá beber chá batizado ou o senhor não aprecia tais modos?
Nos olhamos e senti meu coração acelerar, não me importava de Aurora beber ou fumar em nossa casa, ela poderia fazer o que quisesse dentro da mansão Lennox. Com o tom de voz sedutor respondi:
- Você terá toda liberdade em nossa casa, minha Aurora.
Ela desviou o olhar e sorriu.
- Acho que vamos nos dar bem, Klaus Lennox.
- Não tenho dúvidas, Aurora Russell, futura Lennox.
Senti que tinha recuperado a atenção de Aurora e o assunto 'Serena' foi esquecido, pelo menos, naquela noite. Após realizar um sonho antigo, segui com meu cunhado e amigos para o melhor clube de Londres, era o momento de comemorar meu noivado em grande estilo. Bebemos, jogamos e no fim da noite, deitei-me com uma bela dama de companhia.
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Aurora Russell Lennox - Um amor além do tempo
RomanceAurora teve a sorte de se apaixonar pelo homem que foi escolhido por seus pais para ser seu marido. Após o casamento Klaus revela seu lado obscuro e o relacionamento que parece perfeito perante a sociedade, na realidade é uma Montanha-russa de emoçõ...