Capítulo 8.

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Cole.

Assim que a Tia Josephine saiu as meninas se viraram para mim.
"Então..." Começou Diana.
"Você tem a obrigação de nos convencer de que Billy Andrews não é um babaca!" Anne completou.
"Bem, eu meio que menti para ele, como forma de precaução..."
"Sobre oque?" Pergunta Diana.
"Bom, ele disse que sente algo por mim a muito tempo. E eu soube que gostava de garotos quando o vi pela primeira vez. Sempre o achei lindo..."
"Pena que beleza não é sinal de caráter." Diz Diana.
"Eu senti que ele foi sincero, sabe? Ele colocou tanta paixão na criação ou renovação da escultura. Foi uma tarde simplesmente perfeita..."
"Okay, eu tenho que conhecer esse Billy Andrews!" Diz Anne.
"Eu também!" Diz Diana.
"Bem, eu disse a ele que falaria para vocês e ele disse que não tem importância. Podem vê-lo amanhã à tarde, marcamos de nos encontrar."
"Cole! Você esqueceu??" Diz Anne me empurrando. " concordou em vir para Avonlea porque queria contar pessoalmente a Gilbert sobre suas preferências. Disse que já estava na hora de mais gente confiável saber..."
"Eu não esqueci, Anne, falarei com ele e com Jerry amanhã pela manhã." Respondo.
"Jerry?" Pergunta Diana.
"Sim, se uma das minhas melhores amigas confia nele, eu também confio." Ela sorriu com isso e me abraçou. "Mas agora, devemos ir... Está tarde e ainda devo levar a senhorita Curthbert para casa..."
Elas riem e eu sorrio. Levanto do sofá e ofereço a mão para Anne fazer o mesmo.
"Eu os acompanho até a porta." Diana diz.
"Como se você tivesse opções!" Diz Anne brincando.
Diana se levanta e juntos caminhamos até a porta.
Nos despedimos de Diana e seguimos calmamente para Green Gables.
"Está nervoso com amanhã?" Pergunta Anne.
"Um pouco..." Respondo. "Será que eles irão me aceitar?"
"Claro que sim! O Gilbert é um rapaz incrível e com certeza não verá problemas nisso. Amor é amor."
"E o Jerry?"
"Ele provavelmente vai dizer: "Ufa! Você não é apaixonado pela Diana!"
Nós rimos juntos e seguimos o resto do caminho em silêncio.
Os Curthbert estavam sentados na varanda. Provávelmente esperando por Anne.
"Anne, você demorou!" Diz Marilla levantando ao nos ver.
"Desculpe. Ficamos meio distraídos com as novidades." Responde Anne.
"Sim, perdão. A culpa foi totalmente minha." Digo sorrindo.
"Oh, Cole, você está tão grande e bonito." Marilla diz segurando meu rosto com ambas às mãos.
"Obrigada." Respondo como posso.
"Quer entrar e tomar um pouco de café ou chá?" Pergunta Matthew que também se levantou.
"Ah, não, obrigado, Sr° Curthbert. Eu devo ir agora, minha mãe deve estar preocupada. Só vim deixar a Anne."
"Então se apresse e vá com cuidado, apareça quando puder para um jantar." Diz Marilla.
"Sim, eu venho. Obrigado novamente. Até mais."
Dou um longo abraço em Anne e me me viro para ir para casa. Não é tão longe mas ando rapidamente por conta do frio.
Chego em casa mais rápido do que esperava e minha mãe e meu pai estão na cozinha.
"Olá." Digo ao entrar.
"Eu não sei como funciona na cidade mas nessa casa tem regras. Você não pode ficar até tarde farreando por aí!" Diz meu pai.
"John, não seja tão duro com o garoto. Ele não é mais criança." Retruca minha mãe.
"Papai, se te ofende de alguma forma a minha presença eu vou para outro lugar, não há problemas... Tenho certeza que posso pagar um quarto." Respondo calmo.
Meu pai parece pensar sobre o assunto oque me machuca um pouco.
Por fim ele suspira.
"Tudo bem. Apenas avise quando for voltar tarde, sua mãe se preocupa com você. E eu prometi a ela e as suas irmãs que ia tentar entender melhor esse negócio de arte."
Eu sorrio com a informação e abraço minha mãe.
"Agora, Maryse, nos dê licença. Quero falar com meu filho."
Minha mãe obedeceu e se retirou em direção ao quarto.
"Senta." Mandou ele e eu prontamente obedeci. "Sua mãe me convenceu de que o melhor para você é estudar e não viver passando sufoco aqui. Mas eu tenho condições. Quando o mês acabar, nós vamos com você para Charlottetown e vamos ver essa tal exibição. Quero falar pessoalmente com quem faz a coisa toda acontecer. Ver se não tem pilantragem."
Esse dia parece só melhorar. Com certeza será inesquecível.
"Tudo bem. Vocês podem se hospedar em minha casa. Parece um palácio." Digo animado.
"Não queremos luxo. Só vamos ficar alguns dias..."
"Não sabe como isso me deixa feliz, pai. Eu só quero ser aceito."
"Eu te amo, filho. Nada vai mudar isso. Sei que pareço só um rabugento do campo, mas eu sempre quis que você fosse melhor do que eu. Te prender aqui não iria fazer isso. Eu dizia que queria você aqui por causa do trabalho, mas na verdade, eu só... Sentia sua falta."
Eu senti vontade de chorar mas resisti. Levantei e o abracei.
"Obrigado, pai. Obrigado!" Era só oque eu conseguia dizer.
"Tá bom, tá bom. Já chega disso, vá deitar. Está tarde..."
Concordei com um aceno de cabeça e corri para meu quarto.
Com o dinheiro que mandei, a casa foi ampliada. Agora tenho um quarto só meu.

Já faz uma hora que estou deitado mas o sono não me alcança de forma alguma. Virei para todos os lados em minha cama, mas não adiantou. Resolvi levantar para desenhar. Ascendi uma vela e sentei em minha escrivaninha. Deixei o lápis deslizar pelo papel, tomando a forma que desejo sem saber. Com o esboço pronto, notei que desenhava Billy. Corei um pouco mas continuei a desenhar. Pessoas não são muito meu estilo de desenho mas estava ficando bom. Quando estava quase terminando, ouvi algo batendo em minha janela, oque é muito estranho. Levantei para ver e ao abrir a mesma, sorri. Billy estava lá em baixo com uma pequena pedra na mão. Ele à soltou ao perceber minha presença.
"Oque faz aqui?" Perguntei sussurrando alto.
"Não consegui dormir, então vim te ver... Quer dar uma volta?" Ele disse no mesmo tom.
Pensei sobre isso e sorri.
"Eu ia adorar..." Respondo. "Mas... Se eu tentar sair pela porta todos iram acordar."
"Tem uma escada aqui." Ele apontou para o fundo da casa. "Eu posso pega-la."
Pensei sobre isso e afirmei com a cabeça. Ele sorriu e correu para onde devia estar a escada. Arrumei os travesseiros para parecer que eu estava na cama, apaguei a vela e peguei o desenho, o dobrei e guardei no bolso, pegando também o lápis. Voltei para janela e Billy arrumava a escada para eu descer. Por um momento lembrei de quando quebrei o pulso, mas não me permiti pensar nisso. Passei pela janela e usei a escada para descer calmamente. Quase caí quando estava no final mas Billy me segurou. Eu sorri para ele e ele devolveu o sorriso.
"Devemos guardar a escada?" Ele pergunta sorrindo.
"Não, ninguém verá a essa hora, deixe aí para quando eu voltar." Respondi sorrindo.
"Vamos!" Ele diz e corre em disparada.
Eu acho muito engraçado mas o acompanho com a mesma animação.
"Aonde vamos?" Pergunto.
"Para qualquer lugar!" Ele responde rindo e segurando minha mão oque me causou arrepios.
Ficamos um tempo andando sem rumo até que chegamos à uma clareira. Nos deitamos na grama e ficamos olhando para o céu, observando às estrelas.
"Oque fez hoje?" Perguntou ele quebrando o silêncio.
"Bem, quando cheguei na cidade passei um tempo com minha mãe, depois nos encontramos, então voltei para casa para me lavar e finalmente fui para a casa dos Barry conversar com as meninas..." Respondi.
"Contou para elas sobre a gente?" Perguntou calmo, sua expressão não denunciava nada.
"Sim..." Respondi baixo.
Ele concordou com a cabeça e sorriu.
"Elas querem te conhecer melhor..." Digo nervoso. "Mas você não precisa, se não quiser!" Completo rápido.
"Não, tudo bem..." Ele respondeu pegando minha mão. "Vai ser bom ser eu mesmo..."
"Eu também tomei a decisão de falar com Gilbert e Jerry, os namorados das meninas..." Digo observando sua reação. Ele senta na grama, imediatamente tenso. "Mas eles não precisam saber de você. Posso falar só de mim... As meninas manterão meu segredo."
Ele respira fundo e volta à se deitar ao meu lado.
"Eu... Tudo bem, eu acho... Apenas tenho medo... Gilbert Blythe já me bateu para defender a Anne, tenho certeza que nenhum deles gostam muito de mim." Ele diz.
Eu sorrio e me aproximo mais dele segurando suas mãos.
"Eu também não gostava de você... E agora estou deitado em uma clareira, durante a madrugada... Com você..." Digo sorrindo.
Ele sorri em resposta e me puxa para um beijo. Ficamos assim por um tempo, até que o ar se faz necessário.
"Eu também tomei uma decisão importante..." Ele diz com a mão em meu rosto. "Eu contarei a Prissy... Ela é a única da minha família que me apoiaria e respeitaria."
Sua revelação me choca. Não achei que ele estaria pronto para algo assim. Não agora pelo menos.
"Você tem certeza, Billy? Isso pode ser assustador..."
"Tenho... Você me fez ter coragem..."
Eu sorri com sua fala e pela primeira vez puxei ele para um beijo forte.
Passamos boa parte da noite trocando beijos intensos e antes de amanhecer ele me levou para casa.
"Nos vemos à tarde?" Ele pergunta.
"Estarei lá... E te apresentarei formalmente aos outros..."
Ele sorriu nervoso e me deu um leve beijo.
Eu subi a escada rapidamente e observei ele colocá-la no lugar. Ele me mandou um beijo e se virou para ir embora. Ele correu e só quando o perdi de vista fechei a janela e fui me deitar.
Nunca sorri tanto ao deitar.
Foi um dia incrível.

Anne: De Volta a Green Gables. Onde histórias criam vida. Descubra agora