Anne: De Volta a Green Gables.

Capítulo 13.

Cole.

Depois que as meninas sentaram, eu respirei fundo para contar o problema.

"Bem, eu conheci o Senhor Davenport à um tempo." Comecei olhando para elas. "Ele era amigo da Tia Josephine e ficou encantado com às esculturas que fiz para ela. Ele me ajudou a montar minha primeira exposição." Sorri para a lembrança daquele dia maravilhoso.  "Com o tempo, passei a notar e entender seus olhares, Tia Josephine o incentivou a me chamar para sair e quando ele o fez, eu aceitei." Franzi os lábios em desagrado. "Eu realmente fiquei nervoso e animado antes do encontro, mas quando aconteceu foi totalmente abaixo de minhas expectativas. Nosso ideais são totalmente opostos. Enfim, ao final do encontro, ele tentou me beijar mas, eu recuei. Usei a desculpa de ainda não estar pronto, mas ele não pareceu acreditar e eu não liguei muito na hora. Pouco tempo depois ele passou a marcar muitas exposições, vender o triplo. Realmente, se não fosse por ele, eu poderia não ter um tostão hoje. Eu não tinha tempo para nada, nem para ninguém e ele estava sempre ali. Comecei a notar um padrão. Sempre que eu começava a demonstrar interesse em alguém, ele arrumava mais trabalho."

"Ele estava, indiretamente, te prendendo à ele?" Pergunta Anne confusa. "Por quê?"

"Bem, durante uma exposição que fiz para a cidade vizinha de Charlottetown, ouvi ele conversando com Frank Miller. Um crítico de arte. Ele estava tentando convencê-lo a me dar uma nota mediana para que eu precisasse me esforçar mais e pedir mais sua opinião." Respirei fundo ao lembrar. "Quando o questionei ele ficou irado mas acabou confessando, eu seria dele, se não romanticamente, financeiramente. É claro que fiquei indignado com tal afirmação, pensei em contar para Tia Josephine mas ela já fez e faz muito por mim."

"E por quê em nome de Deus ainda aceita ajuda desse cara?" Pergunta Anne incrédula.

"Porque, infelizmente, eu não tenho tantos contatos no meio artístico e preciso dele para organizar exposições e vendas." Digo triste. "Ele só me deixou livre esse mês porquê a tia Josephine lhe pediu em particular."

"E nem mesmo esse espaço ele lhe deu!" Diz Anne indignada. "Não há nem uma semana que chegamos e ele já está aqui?"

"Você dirá a Billy?" Diana pergunta receosa.

Respiro fundo e olho para o céu.

"Não há nada demais à ser dito. Apenas meu agente está na cidade." Respondo com falsa calma.

"Ontem falamos que ele viria brincando, quão irônico isso é??" Anne diz sorrindo pequeno.

"Talvez ele seja aquele tipo de assombração, em que você fala dela e ela aparece." Respondo com o rosto sério, mas logo eu e as meninas caímos na gargalhada.

"E oque faremos agora?" Pergunta Diana. "Ele provavelmente se hospedará na minha casa."

"

Oque significa que eu não irei lá tão cedo." Respondo levantando.

"Se você não for me visitar, tia Josephine vai desconfiar." Diana diz também levantando e ficando ao meu lado.

Anne também fica em pé e para do meu outro lado.

"E, provavelmente, ele já sabe onde você mora." A ruiva diz sorrindo triste.

"Por hora, vamos apenas caminhar até à casa da senhorita Stacy." Digo enlaçando o braço de ambas e começando a caminhar.

A professora ficou muito feliz em nos ver. Tomamos chá com biscoitos na sala de estar e falamos sobre a vida em Charlottetown.

"Então, Cole se tornou um grande escultor?" Ela pergunta impressionada.

"Bem, ainda não." Respondo sorrindo. "Minha arte me rende um bom dinheiro e tenho um pouco de reconhecimento em Charlottetown, mas não sou conhecido em muitos outros lugares nem vendo tanto para fora como gostaria."

"Ora, que estranho!" Diz ela. "Quando fiquei sabendo sobre suas obras por meio de uma carta de Anne, escrevi para uma amiga que mora em Derby shire. No primeiro mês ela disse que não conhecia nenhuma obra de Cole Mackenzie, mas, à três meses recebi uma carta dela dizendo o quanto seu trabalho é incrível e o quanto adorou sua exposição."

"Não me lembro de ter vendido para o Derby shire. Nem muito menos de ter feito uma exposição lá." Digo surpreso.
"Isso está muito estranho..." Diz a professora se levantando do sofá. Ela abriu uma pequena gaveta, tirou de lá oque supuz ser a carta e retornou para seu lugar. "Aqui." Ela abriu a carta para começar a ler. "Querida Stacy, à muito enviei uma carta dizendo que não conhecia nenhuma obra do grande escultor Cole Mackenzie, mas recentemente sua exposição chegou ao Derby Shire. São realmente trabalhos magníficos. Há algo de rústico e delicado em cada peça. Até comprei uma linda estatueta que agora decora minha sala privada. Mal posso esperar para ver mais feitos desse talentoso artista." Ela terminou e nos olhou. "Isso já faz três meses, imagino que agora, ela tenha muito mais informação."

"Sim, é provável." Digo respirando fundo. "Bem, existe apenas duas explicações plausíveis." Me levanto e começo a andar pela sala. "Ou Davenport está fazendo exposições sem a minha presença, mas me dando os créditos e o dinheiro ou tem alguém usando meu nome para fazer fama e fortuna."

"Bem, Davenport deve ser seu empresário." Diz senhorita Stacy. "Há uma maneira bem fácil de descobrir."

"Que maneira?" Pergunta Diana confusa.

"Junto com a carta, ela me enviou um jornal..." Diz ela se levantando e começando a revirar suas gavetas. "Eu o guardei aqui em algum lugar..." Franzindo o cenho ela começa a revirar papéis. "Me ajudem a procurar, depressa. É do condado de Derby Shire, contém o retrato de uma das esculturas."

Eu e as meninas levantamos rapidamente e passamos à revirar a casa atrás do bendito jornal. Eu procurava no pequeno armário, Diana olhava às outras gavetas e Anne bagunçava várias caixas.

"Achei!" Grita Anne animada. "Aqui, Cole!"
Ela me entrega o papel levemente amassado mas perfeitamente legível.

Passo o olho pelo texto, mas foco rapidamente no retrato.
Não havia dúvidas. Mesmo o melhor dos copiadores não poderia recriar meus traços.
É realmente um de meus trabalhos.

"Então, Cole?" Pergunta Diana impaciente. "Foi você que o fez?"

"Eu me lembro perfeitamente de cada obra minha..." Olho seriamente para elas. "Esses com certeza são meus traços e meus detalhes."

Todas desabam, incrédulas, no sofá.

"Então, significa que..." Começa Miss Stacy.

"Significa..." Digo à cortando. "Que eu terei uma conversa muito séria com o Sr° Davenport Jr!"