PRÓLOGO

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"Para que a luz brilhe tão intensamente,
a escuridão tem de estar presente."
Francis Bacon

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Eu não estou fazendo um papel importante nessa história.
Ainda não.

Pelo menos não no primeiro capítulo.
Eu sou mencionado brevemente, embora seja apenas um reflexo pobre do meu verdadeiro potencial.
É somente no terceiro capítulo que eu realmente faço uma aparição.

O prólogo, no entanto, pertence somente a mim.

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Quarta-feira, 13 de Agosto
07:26 a.m

Marcos acordou gradualmente de seu torpor, absorvendo os arredores com olhos em chamas. Ele reconheceu o contorno de sua sala de estar e sentiu um alívio infinito fluindo em suas veias como a injeção de algo puro e agradável. Por um momento, ele estava convencido de que tudo antes havia sido um mero pesadelo.

Mas ele estava errado.

Seus olhos caíram sobre a pequena estrutura de sua esposa e seu filho de seis anos de idade. Eles estavam sentados em duas cadeiras de jantar, de costas um para o outro, olhando para ele com os olhos dilatados pelo choque.

Ambos foram amarrados, as bocas tampadas com fita adesiva. O cabelo de Ana estava grudado no rosto suado e as bochechas molhadas de lágrimas. Sangue seco adornava uma ferida na testa.

"Ana!" Marcos tentou rastejar em direção a ela, mas ele percebeu que suas mãos estavam amarradas às costas. Ele tentou se levantar, mas foi uma causa perdida.

Ele levantou o rosto mais uma vez para olhar para a esposa, viu a maneira como o cabelo castanho claro caiu no rosto dela, terror escrito por todo o corpo. Sua pele natural era pálida e não havia mais vestígios dos tons rosados que ele amava tanto. O pequeno Eduardo parecia o mesmo. Seu pequeno corpo tremeu com o esforço de gritar contra a fita. Vendo sua família tão impotente e assustada, despedaçou seu coração em um milhão de pedaços. Seu corpo inteiro estava tremendo de raiva cega, mas Ana não estava olhando para ele.

Marcos seguiu o olhar dela.

Havia outro homem na sala.

Ele ocupava a poltrona favorita de Marcos, uma velha lembrança que ele mantinha na família há anos. Pernas longas, envoltas em um terno de alta qualidade, estavam cruzadas bem diante dos olhos de Marcos. O couro italiano enfeitava seus pés que pareciam tão assustadoramente caros quanto as luvas de couro preto que cobriam seus longos dedos, descansando nos braços da poltrona. Surpreendentemente, o rosto do intruso não estava coberto ou mascarado. Ele era bonito, nem mesmo Marcos podia negar isso, com cílios longos e um corte de cabelo elegante que fazia o cabelo dele parecer a quantidade certa de bagunçado para lhe dar um certo tipo de charme. Suas maçãs do rosto eram altas e suas características faciais eram em geral jovens, mas masculinas, lábios carnudos enfeitando sua boca. A única indicação do monstro à espreita eram aqueles olhos penetrantes e sem emoção e o sorriso cruel em seus lábios.

"Estou feliz que você tenha decidido participar da festa, querido Marcos." O sorriso estava estampado no rosto do estranho quando ele se levantou da poltrona e se aproximou de Marcos de um jeito leve. Sua voz fluiu como mel líquido através da mente de Marcos. Ele agarrou a corda que amarrava os pulsos de Marcos e o puxou para uma posição ajoelhada. Então ele se agachou ao lado de Marcos, inclinando-se até sua orelha com uma mão nas cordas e a outra na parte de trás do seu pescoço.

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