O Carrossel Nunca Para de Girar

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Refém de uma distração descabida, Meredith estava parada a frente da entrada principal do Grey-Sloan, imóvel. Sua trajetória ali dentro vagava por sua mente em burburinho e recusava-se lhe poupar dos detalhes sórdidos. De como havia se descoberto não só como profissional, mas como pessoa. O hospital fora o local de encontro dos que são hoje seus melhores amigos. Fora também o grande cupido que a fizera se apaixonar incontestavelmente por Derek. Contudo, agora, prostrada e a um passo de descobrir o que levou sua mãe a ser internada, aquele lugar parecia recebe-la como um grande tapa na cara. O que faria se Ellis a reconhecesse, finalmente, após longos meses de um severo e precoce diagnóstico de Alzheimer? E, pior, descobrisse que sua única filha havia adiado seus planos como cirurgiã para ter um filho?!

"O.K., Meredith, é a sua vida. Ela não precisa compreender nada e no final das contas, ela esquecerá tudo em instantes, como de costume. Certo, esse comentário foi cruel e sombrio.".

Pensava e instantaneamente respirou fundo, forçando-se a adentrar no grande saguão. Mas não conseguia dar um basta em seus pensamentos e a verdade era que se importava com a opinião da sua mãe. Mesmo que esta, sempre fosse bastante dura e cruel quando se dizia a respeito de si. E algo sussurrava em seu ouvido que fizera uma grande burrada em se afastar do hospital, quando a carreira de Derek estava decolando – como se fosse possível voar mais alto quando se trata de Derek Shepherd – e ele, em noventa e cinco por cento do tempo, não estava ao seu lado para apoia-la.

Seguiu caminhando à passos curtos e lentos em direção ao elevador, quando fora abordada por uma mulher ruiva, que com um sorriso tímido, tocou-lhe o braço, assustando-a.

– Desculpa, não queria assustá-la. – desculpou-se. – É que sou nova na cidade e estou aqui para uma entrevista de emprego com a chefe de cirurgia, doutora Miranda Bailey. Poderia me mostrar onde fica sua sala, isto é, se você souber onde fica. – franziu a testa, nervosa.

– Ah, seja bem-vinda. – cumprimentou-a com um aperto de mãos. – Claro, eu trabalho aqui, quer dizer, costumava trabalhar, eu acho. – apertou o botão do elevador.

– Addison Montgomery, prazer. – sorriu, achando graça do embaraço da loira. – Você é cirurgiã no Grey-Sloan?

– Meredith Grey. – disse. – Estou um tempo afastada da chefia da Cirurgia Geral. – explicou, observando a porta abrir-se a sua frente e apontou, deixando que Addison entrasse primeiro.

– Meredith Grey, meu Deus! – arregalou os olhos. – Como não pude reconhecer antes, eu sou mesmo uma anta. Obviamente já ouvir falar sobre você, é claro. Quem habita o planeta Terra e não ouviu?! – falou, constrangida.

– Pois é, mas não ficaria admirada se desconhecesse, estou há meses em estado de decadência. – riu de si mesma.

A mulher alta e ruiva sorriu, desconcertada. Não entendia ao certo o que a outra queria dizer, mas estava imensamente empolgada por ter encontrado a deusa da Cirurgia Geral e grande inspiração. Quando deixou New York, sabia muito bem em qual hospital Meredith Grey atuava, mas sequer imaginou que a encontraria tão rápido e assustando-a, ainda por cima. Sem contar que estava tão nervosa com a entrevista, que não a reconheceu de primeira. Gostaria de se estapear agora mesmo, inclusive. Ao vê-la adentrar o elevador, notou como ela é linda, de estatura mediana e com olhos doces, que pareciam duas esmeraldas, mas que revelavam certo medo, no momento.

– Meredith Grey em decadência? Nunca na galáxia. – continuou, em tom descontraído.

– Espero que esteja certa. – disse, angustiada. – A sala da doutora Miranda Bailey fica neste corredor, subindo as escadas, primeira sala à direita, no final do longo hall com vista privilegiada do hospital. – explicou, fitando-a de relance pela última vez, antes de seguir às pressas até o balcão. – Ah e boa sorte! – gritou.

Fallin' All In YouOnde histórias criam vida. Descubra agora