Prólogo

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   A dor que eu sentia nesse momento era mais que sufocante. Era como se todo ar que entrasse em meus pulmões fosse sufocante ao ponto de me matar, mas não me matasse. Eu me sentia completamente perdida na minha própria mente e nos meus próprios sentidos. Era informação demais pra receber justo naquele momento em que meus pais não estavam comigo e jamais voltariam a estar.

   Eu então respirei fundo e limpei cada resquício de lágrimas, deixando de lado o choro, pois não era momento pra isso, não hoje, não agora.  Nesse momento tudo que eu precisava era de informação, e sabia exatamente quem deveria saber de cada detalhe sobre isso tudo.

  Peguei o maldito diário que causou toda essa confusão e desci as escadas desesperadamente, o que fez a tia Márcia perguntar:
— Aonde vai com tanta pressa, querida?

— A casa da minha tia, Marília. Faz um bom tempo que não a vejo, sinto saudades dela. — Me explico e rapidamente saio sem esperar que ela diga algo.  

  Corro em direção à garagem e assim que entro vejo minha antiga bicicleta rosa, que agora esta um pouco coberta por poeira.

— Bom, melhor do que caminhar. — Passo a mão levemente para limpar a cela de assento, o que não ajudou muito.

  Me lembro de que estou em uma situação complicada demais para me importa com um problema tão insignificante como esse, respiro fundo e então subo iniciando as pedaladas até meu destino, que não é nem de longe perto.

  A todo o momento minha cabeça é turbinada por diversos tipos de pensamento. Pensamentos esses que até ontem já mais se passariam pela minha mente totalmente racional. Assim que começo a observa tudo a minha volta,  me dou conta de como tudo mudou por aqui e isso me faz analisar todos os mínimos detalhes ainda mais, me permitindo manter a mente ocupada ate chegar à casa da minha tia Marília, que por acaso parece ter escapado das mudanças. A bela placa com o nome do restaurante estava totalmente desgastada, a bela tintura da cor azul marinho que era retocado todos os anos agora parecia não ser retocada há anos e uma pequena placa avisava que o local estava fechado.

— A dona não abre há mais ou menos sete anos. O que é uma pena, já que este restaurante era o local favorito do meu noivo e o meu também.

   Ao ouvir isso sinto meu coração disparar e me pergunto mentalmente se está tudo bem com minha tia.

— Você sabe mais alguma coisa? —  Pergunto olhando para a mulher de longos cabelo preto cheia de sacolas de compras ao meu lado.

— Me mudei há mais ou menos oito anos pra esta cidade e desde que cheguei nunca soube muita coisa sobre ela, mas ela mora na parte de cima e sai no máximo três vezes em um mês. — Diz.

Imagina se soubesse muita coisa, penso.

Ah, eu tenho um bar aqui na frente caso precise de algo. — Sorri gentilmente.

—  Obrigada! — Agradeço retribuindo com um mínimo sorriso.

— Por nada, querida. Se você quiser falar com ela ligue para o telefone do restaurante, esse que está na placa. Agora eu preciso ir, ou meu estabelecimento desanda. — Diz rindo e depois andando em direção ao seu bar, que me pareceu ser um bom lugar para beber umas doses e esfriar a cabeça depois de um longo dia de trabalho.

   Pego meu telefone e digito o número que está na placa. Depois de duas tentativas falhadas com sucesso, achei que não teria a sorte na terceira assim como não tive nas duas primeiras, mas, fui atendida.
   Antes que eu possa falar qual quer coisa, a voz da tia Marília soa pelo telefone:
— Não estamos mais funcionando, mas obrigada por ligar.

— Sou eu tia Marília. — Falo depressa, antes que ela desligue.

— Emma?! O que esta fazendo nessa cidade? — Pergunta em um completo tom de surpresa.

— Preciso saber de tudo, tia Marília. Tudo que aconteceu com essa cidade, com você, com Sebastian e principalmente o que vai acontecer comigo, com o meu destino.

—  Não diga que você o encontrou. Por favor, me diga que não Emma!

— Se estivermos falando da mesma coisa... Sim, eu o encontrei.

Meu destino me pertenceOnde histórias criam vida. Descubra agora