Capítulo 09

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         4 de janeiro às 11:50 pm

Acordo, mas permaneço de olhos fechados pra me convercer de que tudo isso não passa pesadelo e os meus pais vão aproveitar Paris como sempre sonharam. Ouço Sarah chorar enquanto fala ao telefone com alguém e  sinto alguém apertar minha mão quando o choro dela se intensifica. Isso não é um pesadelo! É real e esta me consumindo por inteira. Parece que o tempo parou, nada faz sentido e cada batida do meu coração me causa dor agora. Acho que só quem já passou por isso pode entender a dor que eu sinto.

Abro os olhos lentamente e o primeiro rosto que vejo é o de Pablo, é ele quem esta segurando minha mão. Ele suspira aliavado quando me olha e leva sua mão ao meu rosto o acariciando, isso de alguma forma aquece meu coração e deixo uma lagrima cair.

— Eu tô aqui! Não vou deixar você! — Ele diz convicto e eu tento sorrir o máximo que posso e me levanto.

Nesse momento tio Jorge e tia Márcia se aproximam com os olhos inchados e me abraçam. Não consigo conter as lágrimas e caio no choro.

— Acabaram de ligar passando informações. — Sarah avisa e todos olhamos pra ela para que continue: — Eles entraram em uma zona de tempestade quase onze horas e onze e quinze eles informaram uma falha no circuito elétrico. Minutos depois o avião desapareceu dos radares da força aerea brasileira.

— Quando vão iniciar as buscas? — Pablo pergunta.

— Duas horas da magrugada. — Ela responde com a voz fraca.

Observo a poltrona do papai e me aproximo tocando nela. Lembro das noites em que cheguei em casa e o encontrei me esperando, sorrio entre lágrimas. Me sento nela e pego um porta retrato que estava sobre a mesa do abajur ao seu lado. Na fotografia eu estou tocando piano e eles estão cantando, era meu aniversário de quinze anos e eu tinha acabado de ganhar o piano.

Abraço o porta retrato e relembro a cena na minha mente com um sorriso no rosto.

— Por que? — Aperto o mesmo contra meu peito e digo baixinho: — Por que tão cedo mamãe?

Coloco a fotografia no mesmo lugar e caminho pra fora de casa.

— Emma... Onde você vai? — Pablo pergunta vindo atrás de mim.

Não respondo, apenas desço as escadas correndo para um banco no final do nosso quintal. Me sento e observo as rosas da mamãe que formam um coração ao redor do mesmo.

— Ela ama um bom romance. — Digo lembrando dos seus livros. — Acho que por isso Paris sempre foi um sonho pra ela.

Pablo se senta ao lado e me abraça de lado. Coloco minha cabeça em seu ombro e olho pro céu estrelado sobre nós.

— Eles devem estar olhando pra nós agora. — Diz me tirando um sorriso. —Minha avó costuma dizer que a vida é só um prévio abraço de almas que permanence conectatas mesmo na morte.

— Desejo que ela esteja certa. Quero sempre estar conectata com eles e com as nossas lembranças.

Trocamos um sorriso e observamos o céu em silêncio. Nesse momento eu esqueci da tragédia e pensei só em coisas boas. Aceitei que tinha que ser assim e deixei de questionar tudo isso, depois pensei neles em um lugar cheio de paz e tranquilidade e me imaginei realizando todos os meus sonhos, que de certa forma, tambem eram os sonhos deles.

Meu destino me pertenceOnde histórias criam vida. Descubra agora