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O ambiente era familiar, os meus móveis, as paredes apagadas. Sem fotos, decorações.
Em que momento foi que eu havia voltado aqui?
Forçei os pensamentos, talvez eu tivesse bebido ansiolíticos demais, ou bebido algo alcoólico.- Você foi embora, nosso casamento não é importante para você?- Sua voz soou como se uma faca atravessasse o meu peito.
Ele estava ali, a mesma aparência, o mesmo semblante sério.
- Três anos, esse foi o tempo em que lutei e desejei que tudo desse certo- Murmurei em resposta.
Eu não estava com medo, eu tentava não estar.
- Ele é um bom homem, minha filha- A voz de papai ecoou pelo ambiente- Uma Perroni, você não pode passar por um divórcio. Tem noção do quanto chamaria a atenção para a nossa família?
Desde quando ele estava ali?
E quando foi que a palavra divórcio, fora mencionada?Papai era um convencional, eu carregava o legado de filha caçula.
Eu nunca o decepcionei, a mais apegada. Seus olhos tristes, como eu aguentaria tudo aquilo?- Volte comigo- A mão de Alejandro segurou a minha.
Um aperto forte.- Me solta- Meus olhos já estavam lagrimejados.
Não vai chorar, não pode chorar.
- Nossa casa, você voltou para mim.
Todos os segundos, minutos, horas, meses e anos... Era como se eu estivesse revivendo, toda violência.
- Eu nunca voltaria- Gritei.
- Não fale assim comigo- Ele me chacoalhou.
A voz áspera- Quer ir para o seu quarto especial?O quarto especial, como eu poderia esquecer?
Um lugar escuro, um colchonete.- Não- E finalmente tudo acabou.
Estava soada, olhei para o relógio ao lado, três ou quatro horas da manhã.Que diabos de pesadelo era aquele?
Uma lembrança? Uma alucinação.
Acendi o abajur ao lado da cama, estava cansada.
Mas não conseguiria dormir, não depois de tudo aquilo.O notebook em cima da cama, algumas pesquisas. Talvez o trabalho resolvesse.
Ela afastou o notebook por um instante e desceu os pés no chão frio do quarto. Sabia que não conseguiria voltar a dormir. Aquela sensação de sufocamento estava lá, mesmo que os rostos e vozes do sonho tivessem desaparecido. Uma sensação de que algo dentro dela ainda estava aprisionado, de que, de certa forma, ainda não havia saído daquele "quarto especial". Os anos de violência, de solidão.
Levantou-se e caminhou até a pequena janela do apartamento, abrindo-a para respirar o ar noturno. A cidade estava quieta, como se o mundo ao seu redor tivesse parado. Queria acreditar que havia deixado tudo para trás, mas ali, sob a luz fraca da madrugada, tudo parecia vívido demais. Como se aqueles anos de luta por sua liberdade não fossem suficientes para apagar as marcas.
Ela olhou para o horizonte e se perguntou: será que seria possível, um dia, sentir-se realmente livre?
Sentou-se à mesa, pegou uma folha de papel e começou a escrever. Não sabia exatamente o que queria dizer, mas deixou as palavras fluírem. Escreveu sobre a sensação de aprisionamento, sobre os anos de submissão, sobre como cada decisão parecia controlar sua vida. E ao terminar, sentiu algo mudar, como se parte daquele peso tivesse sido aliviado.
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Segundas Chances nas Ruínas do Amor
FanfictionVocê faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você! Erros que rodeiam, palavras que cortam, atitudes tomadas e escolhas feitas, caminhos sem volta. Anastácia Perroni Levy era uma mulher cheia de sonhos e esperança, até o dia em que disse "sim" no al...