Segundas Chances nas Ruínas do Amor

Cap 5

Em comemoração a capa nova
Um capítulo especial

Nossas respirações, eram as únicas a serem ouvidas. Alejandro me encarava, ele não sabia o que dizer, o que expressar.

- Sabe o que mais dói?- O encarei- Você estava lá... Você viu e não me protegeu- Sequei as lágrimas com as palmas das mãos.

- Anastácia- Sussurrou.
Ele parecia desnorteado, preso em seus próprios pensamentos.

Eu me virei de frente ao closet, a pasta que até o momento eu a mantive trancada.

- A minha prova- Lhe entreguei.

A mesma que eu nunca tive coragem de ver.
Ele se ajoelhou e abriu olhando lentamente cada folha.
Me virei de costas, estava cansada.
Talvez fosse o álcool, a adrenalina.

- Sinto muito, sinto muito- Sua voz saiu em suplicas- Eu nunca imaginei, eu não poderia. Porque não me contou?

- E você?- Peguei as malas sobre a mão- Porque não me disse o que viu? Porque não perguntou? Porque escolheu esse jogo de vingança, me manteve presa durante tanto tempo.

Alejandro abaixou a cabeça, com os ombros curvados, como se o peso de tudo o estivesse esmagando. A cada palavra minha, ele parecia afundar um pouco mais, como se finalmente estivesse enxergando a dor que eu carregava e o impacto de suas escolhas.

- Eu... não sabia o que fazer. Achei que você tinha me traído, eu não queria lembrar, e achei que talvez fosse melhor que ninguém falasse sobre aquilo – ele murmurou, evitando meu olhar. – Eu tinha esperanças, esperava que toda a minha raiva, fizesse com que você sofresse, que confessasse a sua traição.

Senti uma pontada de indignação e tristeza me atravessar.

- Esquecer? – Minha voz saiu em um tom de descrença. – Você realmente achou que esquecer seria a cura? Você me viu naquele estado, Alejandro! Como pode ter ficado em silêncio, me condenando a toda essa merda- Gesticulo- A todo esse sofrimento.

Ele fechou os olhos, como se cada palavra fosse uma bofetada.

- Eu não sabia como lidar com aquilo... Me senti impotente. Mas, acima de tudo, fiquei com raiva. Raiva de mim mesmo, fiquei com raiva imaginando como você ria de mim pelas minhas costas. E, depois... – Ele suspirou, o olhar perdido. – Eu me afastei, achando que isso seria o melhor.

Aproximei-me dele, segurando a mala com força, como se aquele gesto pudesse me dar firmeza.

- A melhor coisa teria sido encarar isso junto comigo. A pior parte foi me sentir sozinha, sentindo que até você, que estava lá, me abandonou.

Ele esticou a mão, como se quisesse tocar a minha, mas recuei, sem saber se estava pronta para aceitar qualquer gesto de conforto vindo dele.

- Anastácia, eu sinto muito. Não consigo descrever o quanto sinto por tudo isso. Sei que nenhuma desculpa apaga o que fiz, mas... por favor, me deixa ajudar agora.

Fiquei em silêncio, pensando em tudo o que havia passado, na raiva, na dor e na solidão. Ele percebeu o quanto era tarde para desculpas, mas ainda estava ali, oferecendo um apoio que, talvez, eu precisasse.

- Se você realmente quer ajudar, Alejandro, então me dê espaço para respirar. – Olhei firme para ele. – E me deixe decidir o que é melhor para mim, pelo menos uma vez.

- Só não vai embora- Pediu tentando segurar as malas sobre as minhas mãos.
Ele tentou me impedir.

- Não se atreva- Gritei.

- Escute- Disse- Fique aqui, vamos tentar fazer dar certo. Eu vou te reconquistar, vou cuidar de você- Eu observei seus olhos, ele estava chorando.

O homem mais duro que eu conhecia.
Alejandro era órfão de pai e mãe, filho único. Apenas uma tia, que o criará. Mas desde o nosso casamento ele se afastou de todos.