Exatos três dias após o ocorrido com o "garoto da cobra", a irmã de Elena chegou em casa visivelmente abalada. Claramente, a mãe não percebeu ou não se importou em perguntar o porquê da cara assustada da filha. Não era do seu gênio fazer tais questionamentos preocupados. Porém, era do feitio da filha comentar seu dia-a-dia com a família, mesmo que ninguém, nem mesmo Elena, se interessasse por ele. A garota sempre demonstrou ter um lado sociável muito forte, além de grande expressividade das emoções. Talvez fosse isso que a tornasse tão diferente de Elena.
O horário de almoço era o momento preferido da jovem para abrir as páginas de sua vida, já que raramente a família se encontrava toda reunida, sendo este encontro cotidiano proporcionado simplesmente pela coincidência das pequenas folgas do meio dia do trabalho da mãe e dos estudos da mais velha.
Naquele dia, Elena se interessou pelo o que a irmã havia a dizer. Ao que parecia, outra vítima de um "ataque de raiva" - como ficou conhecido o ocorrido com o "garoto da cobra" - havia sido formada na escola da irmã. Uma garota do último ano saiu da sala chorando e foi se esconder no banheiro. Sua melhor amiga, preocupada com o estado da garota após vinte minutos sem sinal desta, resolveu procurá-la. Ao chegar no corredor do banheiro feminino mais próximo, ouviu barulhos de lixeiras sendo derrubadas. O que se desenrolou a seguir já era previsível para Elena.
A jovem foi encontrada em um estranho estado de transtorno. Suas pupilas estavam dilatadas. Suas veias saltavam para fora e pulsavam no compasso de seu coração. Sua pele estava pálida. Suas feições não eram leves, eram intensas, quase como se ela estivesse sentido a maior raiva de toda a sua vida. A amiga gritou na iminência de um ataque, um alarme soou e todos foram para fora da escola. A garota desapareceu, e todos supuseram que as autoridades a levaram para o mesmo laboratório para o qual o "garoto da cobra" havia sido destinado. Estavam corretos, eu diria.
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O Lobo Dentro de Nós
General FictionElena podia sentir o lobo uivando dentro dela. Algo natural nos tempos atuais. Suas veias pulsaram sob sua pele, sua pupila se dilatou, a adrenalina aumentou em seu organismo e uma sensação de paz e de liberdade a invadiu. Seu corpo permaneceu o mes...