Capítulo V: Reescrevendo

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De James,
Do caloroso
Reino de Escorpião

Como deve estar os sentimentos de Louis nesse exato momento? Queria poder vê-lo, tocar suas mãos e espantar seus tormentos para muito longe. Érico decepcionou-me tão profundamente que meu peito nem anseia respirar calmamente. Aquela noite... Meu cérebro sempre ousa voltar naquele terrível acontecimento. Ver o rosto de Louis, sua expressão tão vulnerável... O que diabos tinha acontecido ali? Recuso-me a encarar meu pai, não agora e nem hoje. Louis deve estar o odiando agora e quem sabe até a mim. Meu coração anseia por vê-lo novamente e meu interior igualmente.

-Ei, James. Não se preocupe, ele dará algum sinal de vida a qualquer hora. -Will acabara de entrar em meu quarto, fazendo companhia para Conrado que, constantemente, passava os olhos em mim uma vez ou outra. Minha cara estava horrível. -Vá se banhar, qualquer coisa estaremos aqui. Dê um grito e nós te achamos, amigo.

Peguei algumas roupas e resolvi nadar no rio que ficava próximo ao castelo. Desabotoei meu calção, joguei meus sapatos pro alto, assim como o resto de minhas vestimentas e mergulhei na água gelada do rio. Minha vontade era descer até o fundo e permanecer por lá. Caso fosse, afogava-me ali mesmo. Dei alguns mergulhos e boiei na água, mas o rosto de Louis chorando sempre ousava aparecer de relance em meus pensamentos. Como será que ele está ou o que deve estar fazendo agora? Lembro de mamãe ter dito que o sonho de Johanna era viver para ver a coroação do filho. Mas agora... Oh, céus! Louis deve estar devastado. Pensar que nunca poderá realizar o sonho de sua mãe deve estar corroendo seu coração. Minhas mãos agora se fechavam em forma de punhos e passei a descontar toda a minha raiva e toda a minha frustração na água. Os deuses das águas devem estar odiando-me agora.

-Assombrado, garoto?

Érico. Eu não tenho estruturas para falar com ele agora, eu não queria e tão menos devia. Ele matou a mãe do meu melhor amigo... Eu o odeio. Queria sair daquela água e correr até meus aposentos, mas eu estava despido e provavelmente papai não deixaria dali tão cedo.

-Deixe-me aqui e vá. -Grunhi, apertando os olhos, com a raiva fervendo meu sangue. Eu estava realmente com raiva e provavelmente triste. A vontade que se apossava de meu corpo era a de socá-lo à face e colocar meus músculos a prova. -Não quero ser rude com você, Rei. -Eu mentia muito mal, mas não podia desacatar a autoridade que meu pai tinha.

-Precisamos conversar, garoto. -Ele estava com a típica cara-séria, enquanto tentava falar na maior normalidade possível. Eu não iria engolir aquela farsa.

-Você permitiu que a matassem, pai! Na verdade, foram seus comandos. O Senhor a matou, Érico. Matou uma rainha... -Pareceu ser tão difícil de falar agora que eu nem conseguia encontrar as palavras certas para discutir. Minha raiva se transformou em tristeza e eu só queria chorar, porque a decepção fazia uma terrível morada em meu coração agora. -Matou a mãe de Louis.

-Há diversos motivos para que tudo aquilo acontecesse, filho. Você, mais do que ninguém, deve entender que quando um Rei declara guerra, é porque há motivos plausíveis e favoráveis para isso. -Agora ele se aproximava com cautela, parecia receoso com a minha reação. -Minha jornada em procura do Oráculo não foi em vão, filho. Eu ouvi a profecia.

-E o Senhor deu ouvidos a um amontoado de ossos? Sério?!

Apenas puxei minhas vestimentas, as vesti e corri para dentro do castelo. Aquilo tudo era uma loucura e eu não sabia o que pensar de fato. Preciso falar com Louis, saber onde ele está e se está tudo bem. Encarei a bancada que ficava em meu quarto e pensei em escrever uma carta. Seria minha melhor escolha, porque aparecer no castelo de Câncer sem um aviso prévio é beirar o suicídio. Peguei uma folha, sentei em um banco e apoiei a mesma na bancada. Ainda tinha tinta para escrever, então comecei a pensar em algo. O que quer que fosse, deveria ser sincero. Louis merece isso.

SIGNUS: A Profecia do OráculoOnde histórias criam vida. Descubra agora