Capítulo 5

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Talvez não seja a hora certa, mas olhe para o céu, está vendo as estrelas? Não? Elas estão ali, brilhando; mesmo que o tempo esteja fechado, mesmo que esteja chovendo, elas estão ali, nos dando esperança, quando olhamos para o céu, enxergamos a esperança, não deixamos de acreditar.

Se deite ao ar livre, mesmo que não tenha estrelas, veja a escuridão e a dimensão do céu, ele vai até o infinito, isso nos traz paz.

Céu-

🌼🌼🌼


Vermont - EUA.

Thamires.

Respirando. Eu ainda estou respirando. Ainda estou viva.

Tudo dói, como sempre. Tudo está muito dolorido. Fico me perguntando o que foi que fiz de tão cruel para estar passando por isso, em uma outra vida eu acho que matei alguém.

Tento me levantar - mais uma vez - mas não consigo, então permaneço deitada no chão. Escuto a campainha tocar, depois escuto vozes, uma delas é a mamãe a outra eu não consigo me lembrar de quem é.

Em alguns minutos eu escuto a porta do porão sendo aberta. Logo vejo mamãe se agachando ao meu lado.

- Eu sinto muito, minha menina, sinto por você ter que aguentar tudo isso. - Ela se senta no chão e me ajuda a me sentar. Ela me abraça e eu fico parada, sem reação nenhuma.

- Mãe...

- Xiiu, vai ficar tudo bem. Você vai sair daqui, vai embora e não vai dar seu endereço para ninguém, nem para mim. Eu vou na polícia, vou entregar esse desgraçado, ele vai pagar por tudo que te fez - Ela continua, afagando meu cabelo.

- Vai ficar aqui?

- Vou, não se preocupe, eu vou ficar bem.

- Eu não vou te deixar aqui, não com ele. - Falei desesperada.

Eu preciso sair daqui, mas não vou deixar minha mãe, ela não! Isso seria pedir para ele matá-la, assim que descobrir que eu fugi.

- Eu posso me virar, assim que você sair eu vou para polícia, conto tudo antes dele chegar, vai dar tudo certo. Tente conversar com alguém para te ajudar, tudo bem?

- Não, não está tudo bem! Vem comigo, por favor?

- Não e essa discussão acaba por aqui. Amanhã você vai ir o mais longe que puder, vai tentar entrar em contato com um homem chamado Andy Adams, ele é detetive, mora longe, mas nada que a internet não ajude.

- Tudo bem. - falei baixinho. Já não estou aguentando mais.

- Vem, vou te ajudar a tomar um banho e cuidar desses machucados.

Devagar, conseguimos chegar até meu quarto. Depois de um banho demorando, eu me vesti e fui me deitar e fiquei pensando no que mamãe falou. Para quem eu vou pedir ajuda? Tia? Não, ela já tem problemas demais, não merece mais um peso. Oliver? Não, ele não vai querer esse peso também

Acho que não consigo pedir ajuda, passei todos esses anos cogitando a ideia de simplesmente falar para alguém, mas eu nunca tive coragem o suficiente.

Eu só queria uma vida normal, com um pai que se preocupasse com os meninos que ando, não em me bater quando está com raiva. Eu queria acordar de manhã e encontrar meus pais felizes e juntos fazendo o café. Sei lá, essas coisas que famílias fazem.

Mais tarde, escuto ele chegando do trabalho, eu permaneço deitada. Alguns minutos depois ele aparece na porta do meu quarto e fica me encarando de forma inexpressiva.

- Thamires, venha lanchar com seu pai. - Ele fala e fica esperando eu me levantar.

- Não estou com fome. - Sussurro olhando pro teto, já sinto lágrimas enchendo meus olhos.

- Eu não perguntei se está com fome, eu estou mandando você descer.

Sem nenhuma outra opção, eu me levanto e saio do quarto. Em momento algum eu olhei nos olhos dele, quando chegamos na cozinha, vi mamãe sentada em uma das cadeiras de cabeça baixa, ela não olha pra ninguém, se concentra apenas no prato que está na sua frente.

Eu resolvo fazer o mesmo, papai me obriga a comer tudo, depois que ele se deu por satisfeito, se levantou e foi para o escritório. Em alguns minutos eu corro para o banheiro e vomito tudo que comi, isso é um pesadelo, nem comida eu consigo manter dentro de mim mais.

Fico sentada ao lado da privada mesmo, não faz tanta diferença. Espero meu coração se acalmar um pouco, quando sinto meus batimentos desacelerando, me levanto e lavo o rosto na pia do banheiro.

Estou acabada, confesso, o lado esquerdo do meu rosto está roxo, meu corpo está dolorido, estou cm olheiras e meus olhos estão fundos de cansaço.

Escuto a campainha tocar, espero não ser a vovó ou algum conhecido da família.

- Thamires, atenda a droga da porta! - Papai grita do escritório dele.

Assim que abri a porta vi os Barnes e Oliver parados me olhando.

Depois de uma longa conversa com eles querendo saber se estou bem, eles tentam me tirar de casa, papai nunca que deixaria eu sair agora, não depois de ontem. Oliver lança olhares desconfiados para mim, tento fazer cara de indiferente. Oliver não pode se meter nisso.

Convenço eles de que estou bem e eles logo vão embora. Fico aliviada, papai pode ameaça-los, não quero mais ninguém se envolvendo nisso. Se bem que vou precisar pedir ajuda.

- O que queriam? - Papai pergunta quando me vê entrando na cozinha.

- Vieram saber se eu não queria sair com eles.

- O que você disse à eles?

- Que estava te ajudando com algumas coisas.

- Suba para o seu quarto e fique lá.

- Sim, senhor.

Subo e permaneço sentada olhando pro nada, preciso de mais vida social ou vou enlouquecer, preciso ter mais contato com as pessoas para não me entregar a solidão. Se bem que já sou bem solitária, né?

Bom, vamos lá, o plano é soltar tudo para o Oliver, pedir ajuda e ir para bem longe. Isso inclui tentar esconder que é Oliver quem está me ajudando para ele não ser perseguido. Preciso encontrar o tal de Andy também. Quem é esse cara? O que ele sabe sobre meu pai ou minha mãe?

Só falando com ele para saber, então amanhã é o dia em que eu finalmente vou começar a por em prática meu plano de fuga.

🌼🌼🌼

Curto, mas tá valendo.

Comam frutas e abraçe a pessoa que você gosta.

Até mais.

Pâmela T.

Meu Corpo Sua Arte - 1 (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora