Capítulo Dezoito - Um passo para trás.

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Você.

Quatro dias depois, eu estava simplesmente furiosa.

Primeiramente com Ian, por ter terminado algo comigo que nem existia sem sequer conversar sobre o assunto, como qualquer pessoa faria.

E por estar agindo como uma criança de doze anos.

E também por finalizar aquela discussão com uma frase de efeito lírica e poética. "A gente foi só um conto de uma página". Ridículo.

Depois, eu estava furiosa comigo mesma, por me permitir ficar ressentida por Ian ser idiota, como se eu não soubesse que era assim que as coisas iriam terminar, de toda forma. E por ter decidido que era uma ótima ideia ir para casa a pé naquele dia em que claramente iria chover – porque ninguém no mundo me faria ficar nem dois minutos em um carro junto com ele (acho que ele se sentia da mesma forma) e eu precisava de um tempo para esfriar a cabeça.

As primeiras gotas de chuva me alcançaram antes que eu entrasse na primeira loja aberta que vi, para me proteger – uma cafeteria chamada Coffee&Tea que Anne vivia frequentando e falava ser maravilhosa.

Assim que o ar aquecido do lugar me atingiu, senti o quão molhada estava. Meu vestido provavelmente estava cheio de pontos escuros e meu cabelo cheio de frizz e completamente fora do penteado que eu tinha feito para ir trabalhar naquele dia.

E eu fiquei muito mais ciente desses fatos uns dois segundos depois.

— Ei, Olive! — Ouvi o chamado e me virei para olhar na direção da voz.

Adam Prince estava sentado a uma mesa de distância, dentro de um paletó preto que contrastava com o suéter verde esmeralda que sobrepunha e também com seus olhos naquele tom limpo e claro de verde.

Eu não sabia se o sorriso branco e perfeitamente enfileirado que ele estava oferecendo melhoraria ou terminaria de arruinar meu dia, mas, mesmo assim, sorri de volta enquanto caminhava até ele.

— Oi. — Disse eu.

Adam se levantou para me cumprimentar e, quando eu cheguei perto, todos os centímetros de altura a mais que ele tinha comparado comigo ficaram evidentes, assim como os braços fortes e o cheiro gostoso de perfume que emanava dele e de cada peça de roupa que ele vestia, enquanto ele abraçava.

Era esquisito abraçar Adam. Porque era familiar, era como se nenhum tempo tivesse passado. Mas tinha.

Ele me soltou e, então, tirou o paletó, o colocando sobre meus ombros antes que eu pudesse recusar.

— Você vai acabar ficando gripada. — Disse ele, se justificando sobre a peça de roupa. — Além disso, você pode se esquentar com ele enquanto toma um café comigo e me conta porque estava andando na chuva.

— Sabe, Adam... — Comecei a dizer, me questionando se era uma boa ideia fazer aquilo.

Era ruim porque era Adam. E era bom pelo mesmo motivo.

— Não precisa ser esquisito, vamos só conversar, como amigos. — Sorriu de canto, passando os dedos por entre os fios do cabelo loiro dourado que sempre parecia estar bagunçado de um jeito perfeitamente calculado. — Eu prometo que nem vou falar sobre o fato de você andar com calças com "gostosa" escrito na bunda.

Eu achei que ele não tinha visto! Que droga!

Espera... Ele estava olhando a minha bunda enquanto medicava aquele ser humano pelo qual não alimento qualquer sentimento?

— Se eu me sentar aqui, tomar um café e tiver uma conversa estranha com você, a gente nunca mais fala disso?

Ele deu uma risadinha. Familiar e esquisito – conceitos que não se complementam mas que descrevem exatamente o que estava acontecendo.

Você e Eu (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora