Capítulo Dois - Que vença o melhor!

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Eu.

— Oi, Ian! — Jessie disse, horas depois, quando eu abri meu apartamento para ela. Estava usando um terninho azul, o que indicava que tinha vindo direto do trabalho. Passou os olhos por toda a extensão do apartamento, contemplando o lugar. — Ainda parece tão incrível quanto eu achei que era quando o escolhi pra você, então, palmas para mim.

Ela bateu uma palma solitária e adentrou o ambiente, contemplando a sala de estar com os olhos azuis bastante animados.

— Claro, e ainda vem com um brinde. — Completei, sorrindo de maneira afetada para indicar que toda a minha desgraça era culpa dela, porque, afinal, quem é que tinha me vendido um apartamento que outra pessoa estava comprando? Isso mesmo, minha "melhor amiga" (Jessie, se você estiver lendo isso, eu usei aspas para te deixar triste pensando que perdeu esse hino que é o seu melhor amigo. Gentileza não me agredir.).

— Que brinde? — Perguntou, arqueando uma das sobrancelhas e me encarando com ar de dúvida, como se estivesse se questionando sobre a empresa para a qual trabalhava estar distribuindo algo além das canetas feias com a logomarca estampada.

— Esse brinde. — Disse, apontando Olive, que acabara de entrar na sala, com o queixo. Timing perfeito, inclusive.

Jessica encarou Olive por um segundo. Seus neurônios pareciam frenéticos tentando entender o que estava acontecendo, sem qualquer sucesso. Em certo ponto, fiquei até ofendido por ela pensar tanto, afinal, não era obvio pensar que eu tinha trazido uma garota para meu apartamento de solteiro?

Aparentemente não, porque a conclusão de Jessie não foi nada parecida com eu ser um conquistador nato. Quando questionada posteriormente, ela disse que para conhecer garotas eu tinha que sair de casa ao invés de coçar a bunda enquanto jogava videogame, o que achei um argumento bem válido.

— Ian Simmons! — Disse ela, por fim, após finalmente "compreender" o que tinha acontecido. Apoiou as mãos na cintura e semicerrou os olhos para mim. — Eu sei que você é um ridículo solteirão encalhado, mas pagar mulheres realmente é uma solução? — Quê? — Por que você não toma um banho e tenta, sei lá, ir a um barzinho? Tinder? Gindr?

— Quem diabos é você? — Olive interrompeu, adotando a mesma postura de Jessie ao colocar as mãos na cintura e olhá-la como se ela fosse o que de pior habita o planeta. — Você realmente acha que dinheiro me faria dormir com ele? Sério? Você não deveria chegar no meu apartamento e me falar esse tipo de atrocidade! Eca!

Jessie acha que eu não tomo banho e Olive disse eca para mim. Grande dia para a minha autoestima.

Minha melhor amiga passou as mãos pelos fios castanhos do seu cabelo, olhando de mim para Olive com uma feição incrédula, que dizia algo como se ela não é uma prostituta, eu sinceramente não sei porque tem uma garota no apartamento de Ian.

Nós explicamos o que tinha acontecido, de qualquer forma, e Jessie pareceu ficar furiosa.

— Eu não posso acreditar em um erro enorme desses! — Jessica disse, enfiando a mão na bolsa e procurando o celular. Assim que o achou, se virou para a outra mulher. — Olive, pode me passar o nome e o número do celular do seu corretor?

Olive não se importou em passar os dados para Jessie, que rapidamente sumiu pelo corredor fazendo ligações para tentar resolver o problema. Em certo ponto, eu recebi uma mensagem de texto do síndico avisando sobre uma multa caso eu não parasse de gritar, porque aparentemente eu sou a mulher furiosa gritando no corredor.

— Não sei por que ela ainda tenta. — Olive comentou enquanto passava a mão pelos cabelos e os unia no topo da cabeça, arrumando os fios loiros em um rabo de cavalo meio frouxo e meio torto. — Esse apartamento vai ser meu, obviamente.

Você e Eu (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora