Aurora

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Cheguei e fui logo procurar minha vó , não fazia questão de ver minhas tias, eram todas umas chatas, ficam cuidando da vida dos outros e não cuidam da própria casa.

-benção vó- a abracei forte e demos um selinho, esse sempre foi nosso comprimento, desde criança.

-Deus te abençoe minha neta, que isso Alice tua mãe não te alimenta não? Daqui a pouco tu some

-Ai vó eu como bastante ta

_ai vó nada , ta muito magrinha minha filha, vamos ali comer vamos, comer a comida da vó deve ajudar

-Cuidado, se deixar ela come tudo não sobra nada para gente mãe!- minha mãe gritou do outro lado da sala rindo de mim, cretina

-manhê!- comecei a rir

Almoçamos todos juntos entre piadas e fofocas, como sempre, minha tia se separou outra vez, uma das primas ta grávida, o tio caloteiro comprou um carro novo, fofocas de família.....

-Com licença gente vou dar uma voltinha com a aurora

-Só vem na vó para ver os cavalos né? – minha tia falou

- Para os dois, infelizmente a vó mora longe e não tem como ver sempre, tia, se não viria cavalgar todos os dias e tomar um café com a vó, prometi para o vô que ia cuidar sempre da minha égua e é isso que eu estou fazendo!

-Alice!!- minha mãe me repreendeu

-Deixa ela vocês sabem que os bichos são o amor da menina não sei porque ainda faz pergunta

-Obrigada vó, amo a senhora viu?!

-Eu sei minha neta, agora vai la que eles estão morrendo de saudade, se querer pode levar o pasto das vacas e o balde das porcas!

- Ok vó só vou ali colocar uma roupa melhor e uma bota já desço ta?

Sai correndo para meu quarto da fazenda e me despi, fui no armário e peguei minhas roupas da fazenda, ainda tem muitas coisas minhas aqui, se não fosse tão longe da escola eu continuaria morando aqui, amo este lugar, enfim, coloquei uma calça jeans velha, uma regata marrom, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e coloquei um boné, nos pés uma bota de plástico porque ia alimentar dos bichos primeiros, em uma mochila separei bermuda, blusa, roupas intimas, desodorante,chinelo e uma bota country, fui correndo na cozinha e peguei duas garrafinhas de água,uma maçã e umas bolachas.

-NÃO ME ESPEREM PARA O CAFÉ VOLTO TARDE! –gritei indo em direção aos fundos da casa

Joguei minha mochila na grama, peguei o balde de lavagem coloquei para as porcas, levei a alfafa para os cavalos, quando aurora me viu relinchou alto, minha menina, passei a mão pela sua crina e continuei alimentando os outros, peguei um balde com milho e joguei para as galinhas, agora vou pegar a aurora e ir do outro lado da fazenda para colocar a cana das vacas.

-Vamos minha filha?- a abracei e coloquei minha cabeça na cara dela, encilhei e montei indo em direção ao pátio das vacas.

Realmente a fazenda é enorme. Coloquei o pasto das vacas e fui para o açude, amarrei aurora em uma arvore perto de uma mesa que ficava ali na beira larguei minha mochila e me sentei na grama para pensar, não sei como resolver essa bagunça toda que esta minha cabeça, sempre senti essa paixão pela Cris mas agora, com tudo isso, não sei dizer de verdade se era amor, acho que amor é muito mais do que isso, poxa, eu só me machuco, nem sei o que ela sente ou o que pensa sobre mim, a Suzi eu tenho como uma grande amiga, fica do meu lado sempre, ou não né, as vezes eu faço cagada mas ela sempre ta ali para me aconselhar, eu amo ela, nossa amizade é muito especial, e aquele corpo, bom, é viciante, é a melhor droga que já provei na vida, ainda tem tanta coisa que quero fazer junto dela, e a Talita, bom, a Talita eu não sei, quando ela morava aqui, nós ficávamos juntas o tempo todo, transavamos, MUITO, saiamos para o cinema, parques, encontros de casal mesmo, em outra cidade lógico ninguém podia saber, quando vimos que estávamos começando a se apaixonar ela se mudou, esse não era nosso plano, até porque ela sempre soube dos meus sentimentos pela Cris, ela começou a ficar com muito ciúme das minhas amigas e isso foi fazendo brigarmos muito, ate parecia que namorávamos, mas não, éramos ficantes, achamos que com ela longe se afastaríamos a perderíamos esse vinculo amoroso que tínhamos, mas não, continuamos conversando pelo face time e whatsapp, viramos ótimas amigas, eu gosto muito dela, sinto falta do carinho, do abraço, e lógico, do sexo, mas, e agora né, que droga eu queria tanto saber o que elas sentem, fico imaginando o que devem pensar de mim , se eu continuar fazendo isso eu surto logo logo, mesmo que elas sentissem algo por mim eu teria que saber em qual eu amo de verdade, não é justo não quero machucar a mim e o mais importante não quero machucar nenhuma delas, poxa, vô, só você saberia me ajudar essas horas,meu vô sempre foi uma pessoa muito querida para mim, ele que me ensinou a me virar sozinha, quando falo isso digo parte de cozinhar, tirar o leite da vaca, pegar os ovos, pagar as coisas enfim, tudo que sei fora da escola ele quem me ensinou, ele é o único da nossa família a quem confiei contar sobre minha sexualidade, me lembro ate hoje das palavras " pô minha filha, não tinha coisa melhor para você gostar não? Mulher é fogo viu, difícil de aturar mas se você acha que agüenta, vai fundo, o vô vai estar sempre do teu lado para te aconselhar no que precisares" pronto, agora to chorando.

-Vamo Aurora, vamos correr, só espera um pouquinho- tirei a bota suja de lama e coloquei a minha para cavalgar, desamarrei Aurora e montei.

-Corre Aurora, vamo!- gritei enquanto aurora ia aumentado a velocidade do seu galope

Enquanto sentia o ar batendo no meu rosto, casco da aurora batendo na grama percebi umas lagrimas intrusas no meu rosto, esse lugar me trás muitas lembranças de como era minha vida antes de me mudar para a cidade, antes de entrar para aquela escola, infelizmente não tem ensino médio aqui no interior .

Depois de um tempo com a aurora fomos em um rio onde Aurora parou para beber água e eu, tirei minha roupa ficando apenas de calcinha e sutiã e entrei não tinha ninguém ali a não ser eu, todo o espaço do rio fazia parte da fazenda e nenhuma das minhas tias gostavam de ir ali, ainda mais sendo tão afastado da casa, não me importei com a água gélida precisava lavar a minha alma e limpar meus pensamentos , fiquei um tempo ali, apenas com o rosto exposto, até aurora se assustar com alguma coisa e sair mais rápido que não sei o que.

-AURORA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Droga! Sai rápido do açude coloquei minhas roupas, foi difícil por estar com o corpo molhado e com pressa para buscar aurora, eu sei que não tem como ela sair da fazenda mas não gosto dela solta assim quando minhas tias estão aqui, elas tem ciúmes pelo fato de vovô nunca ter dado tudo o que deu para mim, eu não tenho culpa disso, muito menos minha égua.

Andei andei e andei mas nada da minha égua, decidi deixar ela sozinha por um momento, fui ate o açude, peguei minha mochila e fui ate um banheiro que tinha ali do lado, tirei aquela roupa e coloquei a que tinha levado, ainda bem que lembrei do chinelo, me sentei na beira do açude e comi a maça que levei, o que a Cris tem para me falar? Pensei me levantando para voltar a buscar minha amada égua, depois de uns vinte minutos caminhando a achei no lugar em que meu avô pescava, bem do lado do tronco de madeira que estava ali a anos servindo de banco kkkk

-Sente falta dele né Aurora?- perguntei sentindo um imenso nó na garganta

-Pois é, eu também sinto, muita, muita falta- comecei a chorar em meio aos soluços

-E quem não sente?- Me assustei

- Que susto! Achei que estava sozinha..

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