É tão... Óbvio.

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   Acordei. De novo arrependida. Por que eu durmo tarde se sei que vou me arrepender? Levantei, na força do ódio. A mesma rotina. Primeiro banho e depois arrumar os materiais. Exatamente assim em todos os emocionantes dias da minha vida.

   E foi colocando os cadernos na minha mochila, que eu lembrei. Meu celular, a notificação.

   Peguei, puxei a barra de notificações e tinha lá, no meio de tantas do YouTube, uma mensagem de Simón no Instagram.

   - Simón Álvarez? QUE? Como assim Simón Álvarez? - estava falava sozinha de novo.

   - Simón Álvarez me respondeu? - Eu pensava e falava desacreditada.

   Abri o aplicativo e fui diretamente ao direct, uma mensagem não lida.

• Simón Álvarez

Por que "gado de mais"?

   Como por quê? Não era óbvio? Socorro.
   Ainda não acredito que ele me respondeu.

Não vê? Eles escondem algo! •
E só você não enxerga isso.

   Sim. Eu estava falando com Simón como falo com qualquer pessoa. Deveria trata-lo melhor e com mais jeito por ser meu ídolo? Não. Não sou assim. E ele também é uma pessoa. Enfim, tinha certeza que dessa vez ele não iria me responder.

   Terminei de arrumar meus materiais e sai de casa. Não se passaram cinco minutos e recebi outra notificação. Olhei, e novamente era Simón. Eu não estava acreditando, ele realmente estava interessado, ou não?

• Simón Álvarez

Como sabe disso? Você não conhece eles.

Como eu sei disso? DA P VER! •

É tão... Óbvio.

Você já pensou na possibilidade de eles • serem amantes praticamente na sua frente e você nem sabe?

   Me surpreendi, pois Simón visualizou na mesma hora e estava digitando novamente.

• Simón Álvarez

Okay... admito que eu já pensei sim, mas nunca achei que eles fossem capazes de uma coisa dessas.

   Como nunca achou? É a Karolina, praticamente uma bruxa.

Pois acredite meu amigo, eles são. •

   Simón visualizou. Não me respondeu. O que será que ele estava pensando?

   Guardei o celular e continuei caminhando até a escola. Até que eu estava mais animada, meu ídolo havia conversado comigo. Obviamente não era esse o assunto que eu queria ter com ele. Mas já que foi, então, quem sou eu para achar ruim?

   Cheguei na escola, já estava atrasada. Fui para sala e chegando lá a professora olhou diretamente para mim, já sabia que iria receber uma bronca daquelas.

   - Atrasada de novo senhorita Júlia. - Ela me olhava com uma cara de desapontamento e um pouco de raiva.

   - Me perdoa. O meu despertador não tocou hoje. - Mentira, eu nem usava despertador. - Não vai se repetir.

   - Sente-se. Já estamos na metade da aula e não podemos perder mais tempo. - Ela falou num tom que me deu medo.

   Obedeci e sentei, tirando rápido as coisas da mochila, deixando, sem querer, cair meu estojo, que por algum motivo, estava aberto. E todas as minhas coisas se espalharam pelo chão. A professora me olhava e a cara dela não era nada boa, alguns estavam rindo e outros nem viram.
Ajoelhei e comecei a juntar os lápis, canetas e marcas textos. Percebi que alguém me ajudava quando estenderam a mão e disseram:

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