8. Garotos

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-Então, vamos ver o jogo? -perguntou Grace levantando da mesa.

-Que jogo? -perguntei me levantando junto com a Elisa.

-Os garotos estão jogando basquete e é legal ver. -falou Elisa passando seu braço pelo meu

-Isso é verdade, eles são muito bons e bonitos. -falou Grace passando seu braço, pelo meu braço livre.

Nós fomos até a quadra de basquete e ficamos uns cinco minutos na arquibancada, elas estavam adorando, eu por outro lado, não conseguia ver a graça de ficar sentada, vendo caras esbarrando uns nos outros por causa de uma bola. Eu queria participar, não era o tipo de pessoa que gostava de ficar parada, observando os outros se divertirem, então eu me levantei e puxei James de canto e todos os garotos pararam de jogar e ficaram nos observando.

-O que foi? -ele perguntou passando a mão pelos cabelos, para arrumá-los.

-Posso jogar? -perguntei olhando em seus olhos.

Ele hesitou, olhou para os garotos que estavam se segurando para não rir.

-Responde! Eu posso ou não jogar? -falei perdendo a paciência.

-Claro que pode. -gritou o Leonardo, vindo em nossa direção.

-Valeu, de que time eu sou? -perguntei tirando meu celular do bolso e o colocando, em cima da arquibancada.

-Do time do James. -falou rindo, ele devia estar achando graça, mas eu era muito boa em esportes.

-Acho melhor não, você esta de salto, e machucou o pé ontem. - falou James relutante.

-Lembra que eu te falei que meu pai me ensinou varias coisas? -sussurrei

-Lembro. -ele falou me olhando nos olhos.

-Eu jogo bola da mesma maneira que conserto um carro. -falei exibida - Agora vai logo.

Nós começamos a jogar, mas ninguém passava a bola pra mim, então resolvi que teria mais sorte se a roubasse de alguém. Corri até um garoto, e quando ele estava prestes a fazer uma sexta, eu agarrei a bola e corri o máximo que consegui até a outra sexta e a joguei, e como o esperado, ela passou pelo aro e todos ficaram boquiabertos.

-O que foi? -perguntei me fazendo de desentendida.

-Co...co...como? -gaguejou Leonardo

-Meu pai me ensinou. -falei pegando a bola que quicava e a joguei para trás e fiquei feliz quando ela passou pelo aro novamente - Nós vamos continuar jogando?

-Claro. -falaram todos se recompondo

Ficamos jogando por um longo tempo, até que meus pés começaram a doer a um ponto que não dava mais para ignorar, e eu já estava coberta de suor e posso garantir que a maioria não era meu, então fui para junto das meninas que me encaram como sei lá o que.

-Como você fez isso? -elas perguntaram juntas.

-Meu pai me ensinou, é mais fácil do que parece. -falei tirando meus sapatos e vendo alguns machucados nas solas dos meus pés.

-Que dor. -falou Grace franzindo os lábios.

-Mas como consegue jogar bola com os garotos, eles estão cobertos de suor, e são enormes? -perguntou Elisa passando o dedo indicador por meu braço, que estava molhado.

-Eu fui criada por um homem, e só andava com garotos, então depois de um tempo, você acaba se acostumando. -dei de ombros colocando os sapatos novamente.

-Você é estranha. -as duas falaram

-Não, eu sou eu mesma, nunca vou tentar ser algo que não sou. -falei me levantando - Vocês me acompanham até o dormitório?

-Claro. -falou Grace sem se incomodar com o suor, passou o braço pelo meu.

-Eu vou também, mas não encosto em você antes do banho. -a Elisa fez uma careta e pulou da arquibancada.

Eu fui pela escada, nem a pau eu pularia daquela altura.

Fomos mais do que devagar para o dormitório, porque eu mal conseguia ma manter de pé, imagina andar, em uma subida daquela, de salto e com a sola do pé toda ferrada.

Assim que chegamos lá, eu fui direto pro banho e deixei que a água quente acalmasse meus músculos, sai e a Grace e a Elisa estavam quase uma pulando em cima da outra, por causa do bosta de um controle remoto.

-O que ta acontecendo aqui? -perguntei saindo do banheiro com a toalha enrolada no corpo.

-Ela quer mandar em tudo. -gritou Grace

-Essa daí tentou me morder. - falou Elisa apontado o controle na direção da Grace.

O que aconteceu em seguida me assustou um pouco, a Grace mostrou os dentes e vi que seus caninos, eram afiados e grandes, então ela rosnou e não foi baixo. Mesmo estando com um pouco de medo, gritei:

-Parem já com isso. Vocês estão parecendo duas crianças, Grace, para com isso. -falei e ela endireitou-se e fechou a boca - Elisa, pelo amor de Deus não entenda tudo como se fosse uma provocação.

A minha noite tinha sido maravilhosa, consegui fazer com que minhas colegas de quarto não brigassem por qualquer besteira e dormi a noite inteira como um bebe, mas como felicidade dura pouco pra mim. Algum santo veio bater na minha porta um pouco antes das 06:30, as meninas estavam se arrumando para ir ao refeitório e não moverão uma palha para ir abrir a porta, então eu tive que levantar da minha cama, para ver que era o sortudo que me veria vestida apenas com um pijama minúsculo da Victoria Sicrets.

Abri a porta e dei de cara com Leonardo e outro garoto, ele parecia ser um pouco mais velho do que eu, com seu cabelo castanho escuro e olhos mel, ele era um pouco mais alto e forte do que o Leonardo, os dois me olharam de cima a baixo e sorriram.

-Quem é? -gritou Elisa entrando no banheiro.

-É o Leo e o Alexandre. - gritou Grace atrás de mim

-Trouxemos pra você. -falou Alexandre me estendendo meu celular

-Obrigada. -sorri pegando aparelho de suas mãos.

Nem tinha repara do que havia perdido meu celular, uma das coisas mais preciosas para mim e que vive fugindo.

-A Natasha falou que tinha que te entregar algumas coisas. -falou o Leo sorrindo

-Ta. -falei indo para meu quarto e deixando Grace sozinha com os dois.

Coloquei um vestidinho jeans de saia rodada, uma botinha preta da melissa, de salto e cano curto, um cintinho preto e prendi o cabelo em um rabo de cavalo, no alto da cabeça e tentei ao máximo arrumar meus cachos e quando já estavam perfeitos o suficiente para meu gosto...

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