1. Ônibus

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Entrei no ônibus e fiquei totalmente chocada, eu era a única garota das quinze pessoas lá dentro e todos aqueles caras podiam ser considerado deuses. Esse com certeza era o meu dia de sorte.

Tudo bem. Estou mentindo, não eram todos os caras, mas a maioria eram deuses.

Consegui dar apenas dois passos pelo corredor antes de dois garotos sentados lá no fundo, colocarem suas bolsas no chão e me chamaram para sentar. Eles eram lindos. Oh Meu Deus!..

Um tinha os cabelos e os olhos negros, a pele bronzeada, era bem forte, e tinha traços marcantes e um sorriso encantador.

O outro tinha o cabelo loiro escuro, quase castanho, olhos verdes escuro, era magro e não tão forte quanto o outro, seus traços eram leves, ele tinha o rosto de uma criança. Era fofo.

Achei a atitude deles muito fofa e meio engraçada, mas apenas me sentei em um banco vago e estiquei as pernas sobre o que estava ao lado, fiquei um bom tempo com a cabeça encostada na janela e com as pernas esticadas, mas me senti meio desconfortável, quando o ônibus começou a andar e aos poucos os garotos se movimentavam para mais perto de mim.

Coloquei os fones no ouvido e me concentrei totalmente na letra da musica, quando senti alguém me observando, abri os lhos calmamente e vi três garotos me observando, o moreno que tinha me chamado para sentar ao seu lado há quase uma hora atrás e o loiro que conversava com um cara negro de dreads, que também era um tremendo gato, de olhos... Vermelhos? Deus. Acho que estou ficando sega.

Olhei de volta para o garoto moreno e vi que ele estava de pé no corredor, bem na minha frente. Ele se sentou no banco ao lado dos meus e perguntou:

-O que faz aqui?

-O mesmo que você. -dei de ombros tirando um dos fones do ouvido.

-É que as garotas geralmente vão com os pais, elas não gostam muito deste lugar. -ele se explicou meio constrangido.

-E por que não gostariam? -perguntei olhando em volta e vários garotos conversando e me olhando de canto de olho.

-Eu não sei, mas se for para dar um palpite, é porque ficamos o dia inteiro aqui dentro. -ele me olhou nos olhos de um jeito estranho e eu rapidamente desviei o olhar para minhas vestes.

Eu usava um vestido de renda branca, rodado, com um short por baixo, uma jaquetinha jeans e uma bota com um salto de 15 centímetros.

-Qual é seu nome? -ele perguntou me fazendo olhar novamente em sua direção.

Eu tinha essa mania de olhar sempre nos olhos das pessoas, meu pai falava que era um tique, por que sempre que eu conversava com alguém que estava usando óculos de sol, fazia a pessoa retira-lo, para que a conversa pudesse prosseguir.

-Larissa, e o seu?

-James. - ele sorriu - É a sua primeira vez?

-É. Não é a sua? -eu estava apenas devolvendo as perguntas, não tinha assunto e estava com medo de ter que ficar olhando para a cara dele feito uma completa idiota.

-Terceira, vamos dizer que meus pais não gostaram muito da novidade. -ele fez uma careta e eu ri - Como conseguiu esconder dos seus pais.

-Nunca escondi. Meu pai nunca estava presente para notar e quando ele bateu as botas e fui morar com minha mãe, e bem... Ela me mandou pra cá. -fiz uma careta

-Nossa... Você deve ta arrasada. -ele falou me olhando nos olhos

-Nem um pouco. -dei de ombros.

Ninguém nunca iria saber o quanto aquilo me machucava, eu levaria aquele sofrimento pro tumulo.

Começamos a conversar sobre como era essa escola, que antes era um acampamento. Quando de repente o ônibus brecou e eu cai de bunda no chão, ou quase, pois a minha mala amorteceu a minha queda. Comecei a rir e o James me ajudou a levantar.

-Você esta bem? -ele riu

-Estou. -ri dando um passo para trás, tentando colocar alguma distancia entre nós.

Sai calmamente do ônibus com James logo atrás de mim, e a primeira coisa que fiz foi ir ao banheiro ver como estava.

Eu não gostava muito do meu cabelo, então fazia de tudo para deixá-lo perfeito.

Entrei no banheiro e fui direto para o minúsculo espelho que havia lá e como esperado, meu cabelo ainda estava preso naquele maldito rabo de cavalo. O soltei e deixei que ele caísse em uma cascata ruiva por minhas costas e realçassem minha pele clara e delicada. Eu não podia negar que era bonita, tinha um corpo magro e cheio de curvas, um rosto com traços delicados, um nariz arrebitado que às vezes me dava ódio, lábios cheios, rosados e em formato de coração, olhos grandes, de um azul claríssimo, mas mesmo assim, isso nunca foi o suficiente para ninguém.

Sai calmamente do banheiro e quando estava andando em direção ao ônibus, alguém me agarrou pela cintura e me girou no ar.

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