6. Normal É Chato.

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Acabei pisando em uma pedra, e escorreguei, torcendo o pé, mas ao invés de gritar, chorar ou falar milhares de palavrões, comecei a rir.

-Nossa... –ele riu me ajudando a levantar, o que foi meio difícil, porque eu não conseguia parar de rir – Você ta bem?

-Você viu aquilo? –perguntei rindo, minha barriga já estava começando a doer e eu não conseguia parar de rir.

-Com certeza você não é normal. –ele riu – Nem uma garota estaria rindo depois desse tombo.

-Ser normal é muito chato, e nunca me compare com outras garotas, sou muito mais legal do que elas. –ri tentando me apoiar nos dois pés, mas senti muita dor.

-Isso ninguém pode descordar, qualquer uma já estaria quase morrendo por ter caído no chão do nada e quase ter quebrado o pé. –ele falou vendo que eu estava me equilibrando em apenas um pé.

-Não é verdade, um dia minha prima quebrou um dos dedos, enquanto descia as escadas com a bunda, ela ficou mais preocupada com a unha quebrada, do que com o dedo. – ri – Acho que torci o tornozelo.

-Sobe ai. –ele falou vindo em minha frente, e eu subi em suas costas – Sua prima desceu as escadas de bunda, por quê?

-A empurrei, mas ninguém sabe. –ri jogando meus cabelos pra longe do rosto – Mas não me julgue, ela tinha me acordado com um peixe naquele dia.

-Como assim? –ele perguntou se aproximando do refeitório

-Minha família foi passar as férias em uma casa que era bem ao lado de um lago. –falei rindo – Ela pescou um peixe e não deixou que ninguém o matasse, e quando meu pai pediu para minha priminha querida me acordasse, ela colocou o bendito do peixe dentro da minha blusa.

-Deve ser pior do que acordar com alguém jogando água gelada em você. –ele riu

-É horrível, eu já não gosto de encostar a mão nesses bichos, imagina ter eles dentro da sua roupa. –falei e ele entrou pelas portas do refeitório.

Todos ficaram nos olhando, enquanto ele me colocava sentada em um banco, em uma mesa vazia e foi pegar um pouco de gelo para meu tornozelo. Tirei meu all star, quando uma garota veio até a mesa em que eu estava e se sentou bem na minha frente, com uma perna de cada lado do banco, da mesma forma que eu estaria, se conseguisse deixar o pé o chão.

-O que você é? –ela perguntou parecendo nem um pouco alegre – Você pode não ter reparado, mas é falta de educação se fechar para os outros.

Ela tinha cara de uma pessoa sorridente, seus cabelos eram brancos, cumpridos e lisos, seus olhos eram azuis e grandes, ela era baixa e magra, seus traços eram delicados e chamativos, realçados por sua maquiagem.

-Sou Larissa. –sorri

-Isso eu sei, não sou idiota. –ela falou rude – Quero saber o que você É? Porque já que a educação não bateu na sua porta, eu tenho que vir aqui te perguntar.

Ignorei o fato dessa garota estar sedo rude e respondi com calma e um sorriso no rosto:

-Pelo que a Natasha falou, eu sou uma mestiça, mas eu não acredito muito nisso. –falei vendo James vindo em nossa direção com um saco de gelo na mão.

Eu estava gostando um pouco desse lugar, não tinha minha mãe falando, “sua irmã nunca fez isso...” ou minha irmã falando “você é homem ou mulher? Porque você se veste como mulher e se comporta como homem...” “por que você não age com mais feminilidade, assim conseguiria arranjar um novo namorado?”. Então sem isso aqui para me encher o saco, eu estava feliz.

-Oi Grace. –James a cumprimentou, me estendendo o saco com gelo – Aqui está.

-Valeu. –agradeci colocando o gelo sobre meu tornozelo

-O que foi que aconteceu? – a Grace perguntou, olhando para o James como se pudesse devorá-lo com os olhos.

-A tonta ai pisou em uma pedra e foi direto pro chão. –James riu se sentando do outro lado da mesa.

-Acabei de lembrar, quando eu tinha uns cinco anos, fui ao parque de diversões com minha família, e a minha irmã inventou de ir de salto. –ri, fazendo cochinha com a mão – Na metade da tarde, quando agente estava saindo da montanha russa, ela tropeçou nos próprios pés e caiu dentro de uma lata de lixo.

-Ela ficou bem? –perguntou James rindo

-Bom, ela não se machucou, mas ficou com o cabelo cheio dos restos do cachorro-quente de alguém. –ri

Nós nos acalmamos aos poucos e começamos a conversar sobre nossas famílias.

A Grace era uma vampira, que nunca conheceu o pai biológico, ela é a mais nova de nove meio irmãos e a mãe dela esta no terceiro casamento, o James é filho único e seus pais vivem viajando para o exterior, e ele nem chegou perto de nos falar o que era.

As vidas deles eram bem calmas em relação a minha, não gosto da minha mãe, nem da minha irmã, meu pai morreu, fui traída no funeral dele e fui obrigada há conviver duas semanas com elas, até que se cansaram de mim e me mandaram para essa escola.

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