Eu vou ter filhos com a Layla

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Heitor

Eu e James estávamos indo até a lanchonete para encontrar o resto dos nossos amigos, quando esbarramos num garoto saindo de uma loja.

— Opa, desculpa. — pediu ele, levantando a cabeça.

Tem alguma coisa familiar nesse cara.

O menino tinha a pele de um tom rosa, cabelos pretos bagunçados tingidos de azul nas pontas e olhos castanhos.

Ele me olhou confuso.

— Pai?

James deu risada.

— Você não perde tempo, hein, Heitor?

— Para com isso, James. — me virei para o cara. — Olha, você tá me confundindo com alguém...

— Seu nome é Heitor Villa-Lobos, não é?

— Hum, sim.

— Meu nome é Freddie. Freddie Villa-Lobos. O professor Fígaro fez uma máquina do tempo, meu irmão e eu fomos mexer e acabamos aqui.

— Seu irmão o caramba. — disse outro, vindo na nossa direção. — Você é curioso e me arrastou pra isso. Oi, eu sou o Eddie.

Ok, ele parecia comigo. Tínhamos a mesma cor de pele, mas ele tinha olhos cor de rosa e antenas. Antenas?

— Se isso tudo é verdade, provem. Digam alguma coisa que só nós saibamos.

Eles se entreolharam e chegaram mais perto.

— Você é humano.

Senti o ar falhar nos meus pulmões.

— Ok, acho que isso prova.

— É, daria pra fazer um exame, mas seu sangue ia denunciar. — brincou Freddie.

— Além de sermos tecnicamente da mesma idade. — disse Eddie, levantando uma sobrancelha para o irmão.

A expressão dele me lembrou alguém, mas fiquei com medo de só estar criando expectativas.

— O Freddie parece muito com a Layla, mas com essa cara você parece bem mais. — riu James.

— É, mamãe diz que é bom que só eu puxei a personalidade do papai, porque "ela não aguentaria três versões dele". — riu Freddie.

— Eu achei que a gente tinha concordado em não falar nada muito revelador sobre o futuro. — disse Eddie.

— Ah, qual é, eu sou a cara da mamãe, não ia dar pra esconder.

Senti minhas bochechas esquentarem.

— James, vem aqui um minuto. — eu disse, puxando ele para o beco.

— Espera aqui, gente. — ele disse para os dois.

No beco, senti uma falta de ar leve. Ainda tinha dificuldade de acreditar naquilo, mesmo querendo muito. Tinha medo de apenas estar nutrindo falsas esperanças.

— James, você acredita nisso?

— Tenho que chamar uma ambulância, Romildo? — ele riu.

— E-eu tive, vou ter, ah... eu vou ter filhos com a Layla!

— Sim, meu amigo apaixonado, e eu vou ser o padrinho do casamento de vocês. — ele passou o braço pelos meus ombros. — Agora vamo resolver isso aí, Ok?

— Ok.

Saímos do beco ao encontro dos dois.

— Tudo bem, pai? — perguntou Freddie.

Eu vou ter filhos com a Layla.

— Tudo ótimo.

— Bom, precisamos achar um jeito de voltar pro nosso tempo. — disse Eddie.

— A gente pode levar vocês até o Fígaro. — James ofereceu.

— O pessoal tá esperando a gente na lanchonete. — lembrei.

— Ah, ótimo, eu tô morrendo de fome. — comentou Freddie.

— Você sempre tá com fome. — riu Eddie.

Quando chegamos os outros já estavam na mesa.

— Finalmente! — exclamou Layla, vindo em nossa direção e olhando confusa para os dois. — Quem são vocês?

— Oi, mãe. — cumprimentou Freddie, impulsivamente.

Ela olhou para ele como se estivesse doido enquanto James ria e eu tinha um mini infarto.

— Cara, a gente precisa trabalhar nesse seu costume de não pensar antes de falar. — suspirou Eddie.

— A gente checou, é verdade. — disse James, quando se recuperou.

— Como se eu fosse confiar em vocês dois. Eu sei que é uma pegadinha.

— Realmente, a sua personalidade foi herança materna. — riu Freddie.

— Mas você herdou a visão ruim. — Eddie devolveu.

— Pelo menos não herdei as orelhas do papai.

— Ei! — até meu filho?

Layla olhou apreensiva para ele.

— Layla, você não enxerga direito? — perguntou James.

— Na verdade ela devia usar os óculos no dia a dia. — eu ri.

— Eu não fico bem com eles.

— Você fica linda. — eu disse, abraçando-a e beijando sua testa.

— Gente, menos. — reclamou Freddie.

— E aí, galera, o que tá acontecendo? — perguntou Lud, vindo acompanhado por Bob.

— É uma longa história, e talvez aqui não seja o melhor lugar pra contar. — disse Eddie, olhando em volta.

Todos concordaram e saímos, indo pra casa da Layla.

— Mas a gente não ia comer? — perguntou Bob.

PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora