Santa maquiagem

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Layla

Eu mato o Heitor da próxima vez que ele deixar marca. Pelo menos a camiseta cobre algumas.

Só depois de Lizzy ter passado meia hora mascarando as marcas e termos feito videochamada com os meninos para confirmar que não dava para ver que nós duas finalmente descemos.

— Bom dia, meninas. — minha mãe cumprimentou quando entramos na cozinha.

— Bom dia. — dissemos juntas.

— Então, Lizzy, hoje é o seu último dia aqui com a gente?

— Ah, sim.

— Que pena, a gente vai sentir sua falta. Volta pra visitar de vez em quando.

— Vou fazer o possível.

— Foi tão bom finalmente ver a Layla com uma amiga.

Ah, vai começar. Mal sabe ela que a Lizzy é minha sobrinha postiça. E nora. E afilhada.

— Mas ela acaba fazendo amizade com alguma menina. Ninguém consegue ficar sempre em volta de meninos, eu sei disso por experiência própria.

Fiquei olhando para ela, tentando adivinhar o que ela quis dizer com aquilo. Com certeza eu era amiga da mãe dela, principalmente por ter sido escolhida para madrinha, mas quem era a mãe dela e quando ela e James se conheceram?

— Não vejo a hora. — minha mãe riu. — A maioria das mães quer conhecer o genro, mas o meu eu já conheço bem, né, Layla?

— Sim. — respondi, com uma risadinha nervosa.

— Agora falta a amiga. — disse Lizzy, me salvando.

— É. Se bem que aquelas meninas da escola não parecem ser grande coisa.

— Mas sei lá, acho que dá pra dar uma chance pra algumas.

Antes que eu e minha mãe pudéssemos falar qualquer coisa, a campainha tocou.

— Devem ser os meninos. — comentei. — Mãe, a gente vai na festa do Thomas hoje.

— Tudo bem, só tenham juízo.

— Você sabe que eu tenho. — respondi, beijando a bochecha dela antes de ir até a porta.

Meu pai já tinha ido abrir e estava conversando com Heitor e Freddie, sentados no sofá parecendo tensos.

— Quem é esse Thomas?

— Um cara da escola. — contou Heitor. — Meio idiota, mas a gente não tem amizade com ele.

— Exceto quando ele resolve zoar o Zach, né? — perguntei.

— O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Ou pelo menos aliado.

Meu pai deu risada.

— É, fiquei sabendo do que o Zach aprontou com você. E ele parecia um bom garoto, era amigo da Layla desde que eles eram crianças.

— É, ela falou. Mas parece que nem isso impediu ele de tentar prejudicar a banda.

— Heitor, quando a gente vai poder conhecer seus pais? — meu pai perguntou.

Ele murchou os ombros.

— Eles são ocupados e moram longe. Eu espero que logo a gente possa apresentar vocês.

Andei até ele e o abracei. Ele relaxou com a cabeça na minha barriga, mas eu sabia que continuava triste. Eu mesma queria muito conhecer os pais dele, mas era um pouco complicado pelo fato de serem de outro mundo. Minha esperança era que Freddie e Eddie pudessem ser uma pista de que isso aconteceria um dia.

— Bom, pelo menos você não ficou tão solitário aqui, né?

— Pai!

— É sério. Acho lindo como vocês apoiam um ao outro. Não só os dois, mas a banda também.

— A banda é uma família. — respondeu Heitor.

— Sim. E é por isso que eu me orgulho de ter você como genro, filho.

Ok, isso me pegou de surpresa. Eu sabia que meu pai gostava do Heitor, mas não sabia que era tanto assim. Aparentemente eu não fui a única surpresa, porque senti ele tensionar o corpo encostado em mim.

— Obrigado, senhor Bach.

— Não precisa agradecer, rapaz. Vão logo, vocês vão se atrasar.

Terminamos de nos arrumar e pegamos as coisas para ir encontrar os outros. Antes de sairmos, meu pai chamou Freddie:

— Freddie, sabe, você me é um pouco familiar.

— Sério?

— É, você me lembra alguém. Mas deve ser só impressão. — ele riu antes de fechar a porta.

Eu e Heitor nos entreolhamos por um momento e começamos a rir.

— Meu pai falou que tá esperando a gente no mercado. — disse Lizzy.

— Então bora.


Quando chegamos, contamos aos outros sobre o que tinha acontecido em casa. Depois de tudo que passamos juntos, todas as nossas vitórias eram vitórias da banda inteira.

— Parece que hoje tá dando tudo certo pra todo mundo, hein, pai? — perguntou Freddie.

— Sim. Só é uma pena que vocês vão embora.

— Mas a gente vai se ver de novo, você sabe. — ele riu.

— É, mas vai demorar.

— Vai ser até melhor, porque vocês vão poder aproveitar melhor por um tempo sem os dois bobões por perto. — brincou Lizzy. — E também vai ter toda a experiência de ser pai, pegar eles no colo, levar na escola...

— É, acho que você tem razão. — Heitor respondeu, me abraçando. — Mesmo assim, mal posso esperar.

PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora