A família Villa-Lobos é incrível... ou vai ser, não sei

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Layla

Eddie quase me matou do coração naquela hora, mas me fez pensar numa coisa. Eu sabia que esse tipo de coisa acontecia, mas esperava nunca passar por isso. Depois de conhecer Heitor e ouvir aquela mentira do Eddie, percebi que aquilo me assustava muito. Eu já tinha sido traída por um amigo quando Zach sabotou Heitor e a banda. Ser traída por quem eu amava era um grande medo que eu nem sabia que tinha.

Mais tarde estávamos na aula de educação física, observando os dois primeiros times jogarem, quando resolvi conversar com Heitor sobre isso.

— Eu nunca faria nada desse tipo. Acho ridículo quem faz isso. — ele me beijou. — Você sabe que eu te amo, né?

— Eu também te amo. — passei a mão pelos cabelos dele, espetados como sempre. — O cabelo do Freddie é igual o seu.

— Coitado do Eddie, que não puxou só o cabelo. — ele riu, colocando a mão na minha coxa. Fala sério, o Heitor conhece meus pontos fracos.

Ele afastou meu cabelo, me beijando perto da orelha e sussurrando:

— Se liga na cara de bunda do Zach e da Britney olhando pra ele.

Olhei para os dois, dando risada. Quase me senti mal pela Britney, mas não tanto. Vendo a reação dele, Heitor deslizou a mão mais para cima na minha perna e beijou meu pescoço.

— Você tá provocando eu ou ele?

— Os dois. — ele riu entre um beijo e outro.

— Pensa rápido! — gritou Freddie, acertando uma bolada na cabeça do Zach.

Ele cambaleou para trás por causa do impacto, pediu desculpas e voltou a jogar. James olhou para nós e riu:

— Isso não é hora nem lugar pra pegação, né?

— Cala a boca, James! — Heitor gritou de volta.

— A gente vai ter que aguentar eles o resto da vida, acho que vai ter que se acostumar. — dei risada. Eles podem ser tontos, mas são meus tontos favoritos.

— Pois é. Mas e aí, topa outra hora e outro lugar? — riu.

— Ah, sai daqui, Heitor. — respondi, empurrando-o de leve e então chegando mais perto. — Mas topo, sim.

James chegou correndo quando o professor apitou:

— Vocês gostam de provocar o cara, né?

— É engraçado ver a reação dele. — respondi, rindo.

— E digamos que eu não faço isso só por causa dele, né? — Heitor sussurrou no meu ouvido, me fazendo corar.

— Eu realmente prefiro nem saber o que vocês ficam sussurrando aí.

— Heitor, Layla, tá na hora de parar de se pegar e jogar! — o professor gritou.

Jogamos contra o time perdedor da última partida, que incluía Zach e Britney, junto com um dos meninos do metal, Daisy e Thomas e Leonardo da Gang.

Britney morria de medo de quebrar uma unha, de suar, de levar uma bolada e de várias outras coisas, então em volta dela era um ponto fraco.

— O Zach tá totalmente desfocado, mira nele. — Heitor orientou Leonardo.

— Vocês dois bolando a estratégia é engraçadão. — riu Thomas. — Eu sempre falei que vocês eram o casal mais freak da escola.

— Você joga praga e ela pega, né? — ri.

Depois de terem ajudado a nos defender dos agentes no show da Reverberação, passamos a nos aproximar mais da Gang. Agora éramos aliados, mas não chegamos ao ponto da amizade.

Ganhamos com vantagem, talvez por estarem cansados ou porque Zach ficava desestabilizado a cada comemoração minha e do Heitor.


— A Lily te mandou alguma coisa? — Freddie perguntou pro irmão quando chegamos em casa.

— Eu nem mandei nada. Nem vou mandar.

— É, ia ser um pouco estranho se rolasse qualquer coisa entre vocês. — Lud comentou.

— E eu também não tenho interesse.

— Por quê? — perguntou Bob.

Eddie se empertigou.

— Porque, sabe, ela meio que é mais velha...

— Eddie, vem aqui um pouquinho. — Freddie chamou.

Eles conversaram por um tempo, parecendo um pouco exaltados. Quando voltaram, Eddie estava totalmente vermelho, parecendo muito com o pai.

— Então... é que eu sou gay.

Eu via que ele esperava nossa reação, talvez até nossa rejeição.

— E qual o problema? — perguntei.

— Eu tinha medo de que vocês ficassem bravos ou decepcionados...

— Não me importo de ter um genro desde que ele te faça feliz. — disse, abraçando-o. — Mas se ele fizer você chorar eu quebro meu teclado na cabeça dele.

— E eu quebro a guitarra. — completou Heitor, abraçando nós dois.

— Na real vai ter uma fila de gente pra encher o cara de porrada. — Freddie riu, se juntando a nós.

Eddie riu entre lágrimas enquanto o resto da banda se reunia em volta da gente.

Ainda tínhamos dezesseis anos, mas eu não via a hora de ter essa família reunida.

PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora