Capítulo 5

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Guerra

Três meses se passaram e desde então ninguém veio me procurar. Vivi minha vida, agora em San Tiago, sendo professor de Religião, mudei de identidade, aparência, vida, de tudo. Posso sentir a guerra, posso sentir ela como se estivesse andando ao meu lado, sussurrando no meu ouvido, me empurrando.

De repente, o chão começa a tremer e um buraco enorme se abre no meio da rua. Demônios começam a sair de lá, pessoas correm, crianças gritam, mães choram. A guerra. Abro minha asas e voo mais alto. Quando menos espero, sinto vultos descerem por mim, brilhando como o sol. Anjos. Eles lutam uns contra os outros.

Agora, vendo tudo aquilo destruir a Terra, sinto uma medo profundo me invadir. Pensei que podia acabar com isso, mas é muito grande. Muita chacina. Muita gente sendo morta.

- Eu avisei, Azazyel. - Olho assustando para Gabriel. - Ambos os lados avisamos, mas você dificultou as coisas. - Esfrega em minha cara.

- Preciso que você chame a atenção deles. - Digo vendo Lúcifer surgi das trevas com seu tridente em sua verdadeira forma.

- O quê?

- Chama a atenção deles. Brilhe como nunca brilhou, Gabriel. Chame. A. Atenção. Deles. - Olho desesperado pra ele.

- Mas Deus já está descendo...

- Me ajude a acabar com essa guerra. - Imploro. - Por favor.

- Hm... - Olho no fundo dos seus olhos. - Tudo bem. Tá.

- Ótimo.

Gabriel desce com toda velocidade e brilha, e como desejado, todos os olham com curiosidade. Desço logo atrás dele. Ele se choca com o chão e fazendo-o tremer e todos os olham com atenção. Paro ao seu lado e olhos em volta, até meus olhos encontrarem o de Lúcifer e logo depois o de Deus.

- Isso não é certo. - Começo. - Essa guerra foi travada por minha causa, e até três meses atrás eu não sabia o porquê disso tudo. Mas isso não é certo de muitas maneiras. - Olho para Lúcifer. - Não pode fazer os humanos pagarem por seus erros. Você foi expulso do céu, tiraram sua beleza, Você foi humilhado. Mas não pode descontar isso nas pessoas. Não é culpa delas, você só quer que elas sintam o que vive sentiu quando foi expulso do céu. - Olho para Deus. - E você, não pode punir os anjos por fazerem suas escolhas, escolhas que são diferentes das suas. Assim como os humanos, também temos o direito de escolher que caminho tomar, o que comer, com o que dormir. Somos tão inferiores para você quanto os humanos. Passe a nos ver como eles. - Saio do chão para ser bem ouvido. - Eu escolho o meu lado, um lado que não tem Lúcifer nem Deus, nem bem nem mal, nem céu ou inferno. O meu lado é o lado deles. - Aponto para os humanos mortos. - Parem com essa guerra, não vai ter um vencedor, apenas dois perdedores. - Aponto para Deus e lúcifer.

Todos ficam olhando uns para os outros, até que os demônios começam a voltar de onde tinham surgido, os anjos começam a subir de volta de onde tinham descido e ficam  apenas eu, Deus, Lúcifer e Gabriel.

- Acho que é por isso que não vejo seu futuro. - Fala Deus colando a mão em meu ombro. - Você é tão incomparável quanto imprevisível. - Ele anda até sumir de vez.

- Agiu certo, Azazyel. - Diz Gabriel antes de bater suas asas e ir embora.

- Acabou com a guerra, mas não dá forma certa. - Lúcifer pula dentro do buraco  que aos poucos vai se fechando.

Do mundo eu não sei o que vai acontecer, pois a guerra foi no mundo todo, muitas pessoas foram mortas. Mas algumas sobreviveram. Pessoas que vão continuar com a população, com a humanidade. A nova geração. O mundo foi salvo. Meu lar. Sorrio mesmo com aqueles corpos sem vida, sorrio. Eles morreram, mas os que sobreviveram vão dar continuidade. Vão se lembrar deles. Assim como eu me lembrarei.

Dark AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora