Doce lembrança quente

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Acordei hoje meio tonta, mas nada de dor de cabeça, graças ao bom Deus. Ontem a noite foi loucamente perfeita, apesar do que houve com o Coringa. Sei que passei dos limites com ele, me sinto envergonhada. E sobre a nossa conversa, agora em sã consciência consigo lembrar do que houve a alguns anos.

Na noite em que ficamos estavamos em uma festa na casa da tia do Coringa e da Letícia. eu não tinha pretensão alguma em ter feito isso. Estava dançando da mesma forma que dancei ontem, e tinha bebido da mesma maneira também. O Coringa me observava dançar e eu estava gostando muito, até que eu saí em direção ao banheiro, olhando pra ele perceber que eu queria ser seguida. Ele percebeu e me seguiu, nós beijamos ali mesmo, na entrada do banheiro. Não aguentamos a tentação e fomos para um quarto. E lá tivemos nossa primeira vez, eu era virgem e ele também. Então acabou sendo especial de alguma forma pros dois, nunca vou esquecer desse dia. Eu pedi para que ele não contasse a ninguém, que fosse um segredo nosso. Mas depois desse dia as coisas ficaram meio estranhas, haviam passado semanas e não nos falamos direito. Até que em uma das vezes em que saímos com a galera ele ficou com uma menina. Eu fiquei com muita raiva disso e decidi que queria conversar com ele. mesmo chamei ele pra um canto e:
- Como teve coragem de beijar alguém na minha frente? - perguntei cruzando os braços e unindo as sobrancelhas, ele me olha como se não tivesse entendendo a situação.
- Cê ligada que não temos nada ? Além de que você mesma disse que isso seria um segredo nosso, e que não era pra ter acontecido.
- Eu não disse que não era pra ter acontecido! - exclamo com uma leve alteração na voz.
- Disse sim! No outro dia, que acordou comigo, disse que aquilo foi um erro e era pra ser segredo. Eu aceitei, de boa. Então não vem querer exigir nada de mim. Tchau- e ele deu as costas pra mim.

Muitos anos se passaram depois disso, até voltamos a nos falar, porém com certeza não com a mesma intensidade. E hoje nós moramos na mesma casa. Mas pensando bem é melhor, ele está certo, o correto é deixar essa história no passado. Tenho que parar de imaginar como seria beijar aquela boca macia novamente, e arranhar as suas costas enquanto ele me enche de prazer...PARA! Isso não tá certo.
Interrompo meus próprios pensamentos me levantando e indo até o banheiro, coloco uma música no meu celular e início minha higiene.
Quando acabo de terminar e olho no relógio são 09:22, então vou ver se tem algo na cozinha, estou morrendo de fome.
Ao chegar lá, vejo o Coringa preparando sanduíches.
- Bom dia! - digo meio envergonhada ao lembrar na noite anterior.
- Bom dia- ele olha pra mim e logo volta sua atenção para os sanduíches- como passou a noite?
- Muito bem, obrigada por perguntar, e você?
- Muito pensativo - ele faz uma pausa- quer que eu faça pra você? - ele pergunta olhando pra mim e para os sanduíches.
- Sim, dois por favor - digo sorrindo e ele confirma com um sorriso de canto. - o que você vai beber?
- Suco, a poupa esta aqui - ele aponta para a pia - descongelando.
- Eu faço - vou prontificada a fazer o suco. - não sabia que fazemos a nossa refeição.
- E não fazemos, mas hoje a tia acordou se sentindo muito mal.
- Ah, entendi.
Após terminarmos de preparar o nosso café da manhã nos sentamos na mesa redonda ao lado de fora da casa, de frente um para o outro. Começamos a comer em silêncio, até que ele resolve quebra-lo.
- Quer conversar sobre ontem? - ele pergunta olhando fixamente pra mim.
- Tipo sobre o quanto tô envergonhada por ter tentado beijar você?
- Vergonha por que? - ele falo unindo as sobrancelhas em sinal de dúvida.
- Ué, eu não devia ter feito isso. - ele fica olhando para o lado, como se estivesse pensando em algo.
- Já faz muito tempo que aconteceu, você não precisa sentir vergonha do passado.
- Não é do passado, e sim de ontem. Não devia ter tentado nada, você mesmo não quis nada.
- Mas é porque você estava bêbada.
- Pensei que fosse porque agora nós fazemos parte disso juntos, e você não queria estragar isso.
- Isso faz sentido também.
- Acho melhor deixar isso pra lá, o que aconteceu no passado, fica lá. - ele concorda.

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