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Reinier Jesus

      Mas que porra tinha acabado de acontecer aqui? Eu simplesmente estava perdido e queria me situar naquela cena que eu estava vendo.
Enquanto ela estava abraçada com minha irmã, eu simplesmente tentei ignorar aquela presença mas foi tudo em vão. Ela ainda usava o mesmo perfume desde a última vez que nos vimos, e eu sabia que naquela boca estava aquele brilho labial grudento mas que eu já gostava por ter o gostinho dela... Merda, não mesmo. Era possessivo da minha parte pensar dessa maneira mas era verdade! Me lembrava de cada detalhe dela mesmo não devendo.

— Tchauzinho. —foi as últimas palavras que eu ouvi dela antes de nossos olhares se encontrarem e eu perceber a tristeza nos olhos castanhos dela. Sabia que eu era o causador de tudo aquilo e me culpava por muita coisa, se não por tudo.

   Bloqueei meu celular e encarei o teto do elevador enquanto parecia uma eternidade a descida dali. Estava até bom aquele silêncio, apenas meus pais conversando e Julia gravando algo no celular; até ouvir César batucar na parede do elevador e o Rodigo Caio arriscar a cantar uma música que eu sabia ser indireta pra mim, e me fez logo fechar a cara e os encarar.

— É preciso perder, pra aprender a valorizar, a mina de fé, a mina fé. —Rodrigo cantava e batia as mãos para fazer algum ritmo, e eu apenas revirei os olhos e vi a minha irmã gargalhar.

— Não sei qual a graça, tá no circo, Julia? —falei grosso mas sem intensão, até receber um pescotapa dela.

— To e você é o dono do picadeiro né. —ela me mostrou o famoso dedo do meio e aproveitou que a porta do elevador se abriu para fazer sua saída triunfal de costas.

    Apenas revirei os olhos enquanto saia da cabine e ouvi o elevador ao lado também apitar, sabia que ela estava ali mas permaneci o mais sério possível. Queria deixar muito na cara o quão incomodado estava, sem contar que eu não sabia como agir. Se eu falasse com ela ganharia um fora, era muito mais provável tal coisa. Apenas segui para a mesa onde minha mãe já estava se sentando, decidi ficar do lado da Ju, e com isso recebi um cutucão dela quando me mostrou algum meme do Flamengo que eu não tive cabeça pra prestar atenção, apenas ri em falso pra não deixá-la sem graça e tirei meu celular do bolso. Não acho que aquilo era o certo para se fazer mas não aguentava, eu sou humano e erramos sempre. Reconheci meu erro e sabia que não conseguiria mudar a opinião dela por ela ser cabeça dura.

    Acabei não controlando e entrei no Whatsapp, indo no contato dela que ainda estava fixado. Estava na conversa ainda encarando sem nem saber o que mandar. Mas devia correr qualquer tipo de risco já que eu já tinha certeza do "não", deveria correr atrás do "absolutamente não" dela.

conversa com Duda❤

podemos conversar?

conversar o que, Reinier?

você sabe muito bem sobre o que eu quero falar

e você sabe muito bem a minha resposta

não precisa me evitar ou deixar de ser minha amiga pelo erro que cometi

se você soubesse que não é bem assim, não falaria tal asneira
não quero voltar a conversar sobre esse assunto!

pela última vez, me deixa pelo menos te abraçar?


  A mensagem havia sido visualizada mas não recebi nenhuma resposta. As vezes aparecia que ela estava digitando mas eu não saia da conversa por nada. Encarava a tela na esperança de alguma reposta mas nada, apenas o contato ficando offline. Levei meu olhar para a garota e a vi conversando animadamente com seus amigos, como se eu não estivesse.
  E para ela eu realmente não estava.

— Nossa, Rei. Coragem a sua hein, porque a noção. —minha irmã disse quando me abraçou e beijou minha bochecha depois de meter a fuça no meu celular para ler a conversa. Eu após aquilo bloqueei o celular e respirei fundo encarando a mesa. — Sabe que ela está tentando seguir, não é? Por mais que vocês fossem só um pente e rala, ela se apegou a você a acredite, quando gostamos de algo que não totalmente nosso e o perdemos, a dor é ainda maior. Principalmente quando a menina é mais linda que você. —ela fez uma pausa olhando para a direção da mesa onde Eduarda estava e eu franzi o cenho, estranhando aquele papo.

— O dona Julia, vamos explicando tudo isso aí que você acabou de dizer. —fingi estar bravo e me virei pra ela. Era nítido que a garota não estava falando da loira.

— O que eu acabei de dizer? Será que eu acabei de dizer? —ela arqueoou a sobrancelha e piscou para mim, começando a escolher alguma coisa no cardápio igual meus pais.

  Passei a mão pelos meus cabelos e encarei minha família naquela mesa. Sabia que quando situação estava crítica eu podia contar com eles, por mais que Julia gostasse de me alfinetar sempre que podia ou meus pais ficavam no love deles e nos deixavam de vela. Aquilo era importante pra mim, e fora aquilo eu não precisava de mais nada.

mister ² [reinier jesus]Onde histórias criam vida. Descubra agora