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Eduarda Jesus

       — Eu tô me sentindo uma cera derretendo, daqui a pouco vão achar uma poça de Barbara Perez no chão. —o sotaque português de minha amiga me chamou atenção, me arrancando uma risada também.

     — Relaxa, depois você se acostuma. Já pegou tudo? —perguntei com a mochila pequena nas costas, ouvindo a notificação em meu aparelho celular de Noga já avisando que estava nos esperando na porta da rodoviária.

      Havíamos chegado no Rio de Janeiro a dois dias atrás, mas na verdade estamos em Búzios naquela altura, enquanto meu pai passava na capital com minha mãe. Com um convite de Gabriel para passarmos o ano novo com eles na cidade praiana, eu até pensei em negar diversas e diversas vezes pelo fato de Reinier estar no meio disso tudo, mas eu não deixaria de passar um ótimo ano novo por causa do maior assunto que minha mente insistia em pensar.
     Horrível era a sensação de frio que eu sentia enquanto saíamos de uma parte mais ventilada e íamos para de encontro ao sol, e ao loiro que me esperava com uma placa de papel na mão, toda colorida com o meu nome e o de Barbara impresso. Eu não sabia se ria ou corria para abraça-lo, mas acabei fazendo ambos, me jogando no colo do rapaz que se não me pegasse me faria ir de encontro ao chão.

          — Finalmente a madame cansou de fugir de mim. —ouvi o comentário dele, que me fez dar língua enquanto me afastava.

         — Eu quem fugi? Tem certeza? Absoluta? —bagunçando o cabelo dele, eu peguei minha mala que ficou com Barbara já que eu saí correndo para abraça-lo.

            Vi ambos se cumprimentarem e Gabriel tinha um sorriso bobo nos lábios por conta da presença de Barbie, o que me fez não controlar a risada e perceber que estávamos com demais companhias. Sabia que Ricardo também estava com eles, mas não que ele viria nos buscar também, e logo após ele, Reinier também saiu do carro, o que me fez revirar os olhos como se fosse um movimento involuntário, sorrindo forçado para Noga que já havia entendido o recado e eu por minha vez, apenas abracei Ricardo o cumprimentando também, acenando com a cabeça para Reinier apenas para não sair como sem educação.
  Colocando nossas malas no carro, tive a grande sorte de conseguir ir sentada no banco do carona, já que Noga fez a questão de ir ao lado de Barbara na esperança de conseguir algum diálogo mais longo, e Reinier por perder o banco para mim. Durante o caminho até a casa aonde eles estavam, eu consegui conhecer um pouco mais Ricardo, que parecia ser legal demais para alguém que era amigo de Reinier a um bom tempo.

          — Só pra avisar que a gente já tem rolê mais tarde, tá bom? Tá bom. —Noga dizia enquanto saíamos do carro ao chegar na belíssima casa aonde passaríamos o ano novo.

         — Meu Deus, que casa enorme. —deixei escapar meus pensamentos alto demais, vendo Barbie concordar enquanto adentravamos atrás deles.

         — E que rolê seria esse? —minha amiga perguntou para Noga, que a abraçou de lado. Nada folgado.

        — Uma festa de umas amigas do Reizinho. Eu já falei com elas que vamos levar convidadas, então fica de boa. Coloca sua melhor roupa, mas se tiver decote eu vou ficar com ciúmes. —o loiro dizia beijando o topo da cabeça de Barbara, nos mostrando nossos quartos logo depois. — Tão com fome, não é? Jae vou pedir alguma coisa pra gente comer já que os três machos aqui conseguiram queimar o macarrão quando foram fazer. A gente pegou desespero de cozinha agora.

        Gabriel falava tão elétrico que mal tivemos tempo para falar algo, já que ele saiu pela casa gritando por Ricardo a pedido de um número de restaurante que entregava comida. Barbara não muito apressada, deixou suas coisas no lugar e sumiu do quarto, provavelmente para ir atrás de Gabriel afim de saber qual era a comida. Mas eu acabei por ficar ali, afinal precisava falar com meus pais sobre nossa chegada aonde seria nossa estadia e como Noga não parava de falar.
  Enquanto conversava com eles, algo que não passou dos dez minutos, eu acabei me debruçando na janela para encarar o mar que era tão limpo que chegava a se estranhar, era tudo muito lindo ali, até a minha amiga que não perdeu tempo para estar na praia que ficava atrás da casa, mesmo sem roupa de banho, o que me fez rir enquanto acenava para ela e finalizava a ligação com meus pais.

           — Eu também acho a vista daqui linda demais. —ouvir aquela voz me fez estremecer, e eu apenas voltava para o dono dessa, que se aproximava.

        — Bom, de fato é mesmo. Tivemos sorte de pegar um quarto com essa vista. —mordi meus lábios, saindo de perto da janela enquanto me aproximava dele, suspirando.

            Mais uma vez ficamos naquela troca de olhar silenciosa, mas aquele silêncio até que estava bom, mas não poderia ser eterno. Pensei que ele o quebraria mas só sentia o olhar pairar contra meus lábios, que eu propositalmente mordi. A verdade era que após o beijo que eu tivemos no hotel, tudo tinha voltado do início. Falar que eu o odiava não me fazia o odiar de verdade, mas o simples fato de não confiar no mesmo como antes, só me fazia recuar em qualquer atitude que era relacionada a ele.

         — Eu não sei você mas eu tô cansado de tudo isso, Duda. Desse nosso clima, sem saber o que queremos desde aquela noite. Você fugindo de mim, quando o que eu mais quero é mostrar pra você o meu arrependimento e te fazer confiar em mim de novo. —ele pegou em minha mão, entrelaçando nossos dedos. — Poxa, só dois dias até o ano novo, e você vai querer começar com problemas velhos? Me deixa te mostrar nesses dois dias que eu mudei, que eu não sou aquele cara. Eu sei que pode parecer pouco, mas se você deixar eu te mostrar, pode mudar de ideia.

        — Você tem até o dia trinta e um, as onze e cinquenta e nove. Por favor, não me faça pagar com a língua e me arrepender depois. —só o respondi depois de um tempo pensando em seus dizeres, e minha testa se juntou com a sua, e minhas mãos foram para sua nuca.

            E foram apenas segundos até nossos lábios se encontrarem mais uma vez, e eu perceber o quão dependente daquele beijo eu poderia estar. Suas mãos com firmeza em minha cintura, eu tinha certeza que era daquele toque que eu tanto precisei nas últimas semanas e perceber que eu era vulnerável a ele, me fazia questionar se era bom ou não.
  Nossos lábios se afastaram somente com a interrupção de Gabriel entrando com tudo no quarto, o que me fez se afastar de Reinier num pulo e enfiar meu rosto em minhas mãos.

          — Qual foi, viagem de reconciliação isso aqui? —o loiro recebeu um resmungo do moreno como resposta, e eu ri me aproximando dele o enchendo de beijo pelo seu rosto. — Qual foi essa baba de Reinier em mim, você vai fazer meu rosto corroer. —ele resmungou me empurrando e eu ri. — O almoço chegou, seus estados. Vamos comer.

       Descendo de volta para a sala, vi Barbara já sentada a mesa, mesmo que molhada, e Ricardo rindo por algo que eu me dei o trabalho de saber mas seria inválido com eles ali. Quando nos sentamos, Reinier ficou ao meu lado e por baixo da mesa acaricia minha coxa  de maneira que eu ficava toda arrepiada. Mas pela mesa ser de vidro, recebi um olhar surpreso de Barbara antes da mesma se pronunciar de maneira eufórica:

     — Alguém me explica o que é isso?




Olha só quem sumiu mas está de volta como se nada tivesse acontecido 🤫
Mas eu feliz de ter um pingo de criatividade pra voltar a escrever, melhor isso do que arrancar cabelos de tanto estresse. BEIJO

mister ² [reinier jesus]Onde histórias criam vida. Descubra agora