Prólogo.

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Felipe estava em frente ao balcão da cozinha, observando Daniel que conversava com Marcela quando o loiro resolve o elogiar pela terceira vez no dia. Prior dá risada do jeito com que o sulista mesmo quando o elogia arruma um jeito de o insultar:
- Mas eu conversei com o Prior ontem. Ele não é tão ruim assim.
Marcela ri e fala que Daniel já estava deixando o ranço pelo Felipe de lado.
- Não lembro da gente ter conversado, não. – o arquiteto fala, enquanto passeia pela cozinha sem deixar de fato o local.
- Deixa de ser boca aberta, ô, Felipe. Óbvio que a gente conversou. Eu até disse que gostava de conversar contigo.
"O que é boca aberta?". Felipe quis perguntar, mas preferiu deixar quieto. A bebida realmente fazia ele esquecer das coisas, por mais que sua mente se esforçasse para entender como ele havia esquecido de uma conversa com Daniel. Logo Daniel, que era com quem ele mais queria se esclarecer. Depois de alguns segundos em silêncio, o que era raro para Prior, o mesmo resolve focar na última frase do loiro, afinal como não se surpreender com o fato de que quem mal o cumprimentou quando entrou na casa agora gostava de conversar com ele?
- Até me trovou ontem. – Daniel continua falando e, dessa vez, Prior tem certeza que ele inventou palavra.
- Que que é trovei, mano? – pergunta o paulistano.
- Tu não lembra?
Felipe dá de ombros. Óbvio que não lembrava. Daniel ri fraco e mexe no cabelo apesar de ter sentido um certo incômodo. Preferiu fingir que Prior não lembrar do momento que fez seu coração palpitar mais forte não significava nada, até porquê não havia nada entre os dois além de uma inimizade que já nem era mais tão grande assim. Até porquê um abraço não deveria importar tanto.
- Deixa. – ele diz e começa a puxar assunto com Marcela.
Daniel podia não conhecer totalmente Felipe mas, durante os poucos dias de convivência que tiveram, já sabia que o arquiteto era incapaz de deixar pra lá qualquer coisa que o falassem. Por isso, o sulista não se surpreendeu quando Prior começou a insistir no assunto.
- Como assim deixa? Para, Daniel. Explica aí. Que é trovei?
O loiro respira fundo, sabendo que havia entrado em um território não propício.
- Me trovou, Felipe. Deu em cima. Flertou.
Ao contrário do que pensava que iria acontecer, Daniel só observou Felipe rir e responder com simplicidade:
- Entendi.
O arquiteto saiu da cozinha para se reunir com Babu que se encontrava na área da piscina, deixando para trás um Daniel confuso.
- Não dá pra entender o Felipe. – o loiro diz à Marcela que concorda mas logo afirma que é o jeito dele.
A médica não estava errada. Prior podia ter muitos defeitos, mas não tinha medo de falar, de ir atrás, de dar apelidos. E com ele sempre começava assim: nas brincadeiras, nas entrelinhas, nos momentos de risadas que, na maioria das vezes, quem ria era somente ele enquanto Daniel tentava lembrar de suas aulas de teatro e adotar um personagem que conseguisse não sorrir toda vez que a palavra "Salsicha" saísse da boca do arquiteto. O problema é que o sulista talvez não fosse tão bom ator assim.

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