Prólogo

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Quando eu era pequena achava que a vida era um conto de fadas. Pensava ser uma princesa por que tudo que eu queria eu tinha, um quarto rosa, centenas de bonecas, uma casinha só pra mim brincar e todos os vestidos que eu quisesse. Mas toda essa ilusão acabou, e um trauma se instalou no lugar desse sentimento tão bom de ter tudo que eu queria.

Depois de presenciar a cena mais terrível que uma criança poderia ver, meu mundo desabou, eu parei de sorrir, de brincar, só tinha pesadelos e chorava todos os dias. Meu pai não reagiu diferente, mas o pior era que me culpava, me culpava por deixar minha mãe morrer. Talvez seja verdade, talvez se eu tivesse puxado o gatilho eu poderia evitar a morte da minha mãe. Meu pai me culpou todos os dias até a sua morte, e agora eu mesma me culpo pela morte da minha mãe.

A 15 anos atrás

Era 10:30 da manhã, eu e minha mãe estávamos caminhando pelas ruas do centro de Chicago, indo para a casa da vovó. Tínhamos passado no cabeleireiro para mamãe fazer o cabelo e as unhas, eu queria fazer também, mas mamãe disse q eu era muito nova para fazer essas coisas. Depois nós passamos no shopping e compramos mais uma boneca pra minha coleção.

Chegamos na rua da vovó, era uma vizinhança mais ou menos movimentada, havia pessoas andando com sacolas da padaria e outras sentadas em suas varandas tomando café. Umas dizem oi para mamãe, ela já era conhecida nessa vizinhança.

Já conseguia ver a pequena casa da vovó, ela morava no subúrbio, mesmo com meu pai e minha mãe serem empresários muito bem sucedidos, minha avó sempre nega sair de sua pequena casa, e sempre ela conta a história de que quando ela e meu falecido avó casaram, ele trabalhava dia e noite para construir essa casa, e ela o ajudava. A casa da minha vovó era umas das primeiras naquela rua, construída no final da segunda guerra mundial, mas muito linda pro tempo que ela tem, pois minha avó sempre cuida dela muito bem depois que meu avô morreu.

Minha mãe bate na porta e vovó recebe a gente com aquele sorrisinho acolhedor e com muitas guloseimas servidas na mesa.

-Ate que enfim lembraram de mim- vovó fala sentando na mesa.

-Vinhemos aqui a dois dias atrás mãe, não seja dramática- mamãe diz e vovó da risada.

-Como está minha netinha linda?

-Estou bem vovó, e a senhora?

-Melhor do que nunca, e antes q eu me esqueça, tenho uma surpresa pra você minha querida- vovó fala e se levanta indo para outro cômodo da casa, depois de alguns minutos ela volta com uma caixinha em suas mãos.

-Oque é isso vovó?

-É uma caixinha de música meu amor, seu avô me deu quando noivamos- era uma caixinha de madeira escura, parecia antiga mesmo e tinha detalhes dourados.

Abri a caixinha e automáticamente uma musica suave começa a tocar, e um casal de bonecos começaram a dançar, atrás deles na tampa da caixinha tinha um pequeno espelho com detalhes dourados em volta.

-Obrigada vovó, é linda- abraço minha avó.

-Cuide muito bem dessa caixinha minha querida, ela tem mais de 30 anos e eu fiz de tudo para ela continuar funcionando, essa coisas são muito frágeis- vovó diz e volta a se sentar, porem se levanta de novo pois alguém estava batendo na porta.

AAAAAAAH

Vovó grita e depois um barulho chato e muito alto se instala na casa, mamãe pula da cadeira e manda eu entrar dentro do armário que tinha no canto da sala de jantar, pego minha caixinha e entro no armário como minha mãe pediu. Dentro dele tinha alguns copos e uns pratos que pareciam ser bem antigos. O armário era velho e tinha um pequeno buraco que dava pra ver a sala de jantar.

Minutos se passaram e então mamãe aparece na sala de jantar, mas um homem alto e forte vestido todo de preto entra depois dela, apontando uma arma para mamãe.

Ele pega em seus cabelos e joga ela no chão, ela da um chute em suas partes e ele se abaixa deixando sua arma cair perto do armário onde eu estava. Outro homem aparece e da um chute na barriga da minha mãe. Eu já estava ficando sufocada dentro desse armário, tentava ao máximo não fazer barulho, não aguentava ver minha mãe sofrendo daquele jeito.

-Diga onde está a pedra, Julie- o outro cara diz apontando a arma pra minha mãe.

-Eu nunca direi para você onde ela esta, eu morro mas não lhe conto.

-Então que assim seja- ele destrava a arma e por impulso pulo de dentro do armário e pego a arma apontando para o homem.

Eu nem sabia como usar isso mas não poderia deixar minha mãe morrer.

-Olha que garotinha adoravel- ele diz dando risada.

Pude observar ele melhor, ele tinha olhos verde, algumas rugas em volta dos olhos e  uma cicatriz embaixo no olho.

-Deixe ela em paz- minha mãe fala tentando se levantar mas falha pois ele coloca seus pés nas costas dele.

-Talvez a filha...

-Senhor a polícia tá vindo- mais dois homens encapuzados entraram apressados.

-Merda.

Era o momento perfeito para atirar, mas eu travei, eu não sabia como usar a arma e eu não conseguia nem colocar o dedo no gatilho, então mais um tiro, aquele barulho estridente mais uma vez, e desse vez foi em minha mãe. Aquele homem matou minha mãe e eu presenciei isso.

Senti uma dor imensa em minha cabeça e a última coisa que eu vi antes de apagar foi o cara indo embora e minha mãe já sem vida em minha frente.

Agora

Depois disso eu tinha apagado por que um daqueles homens bateram algo em minha cabeça, oque me resultou em dois pequenos pontos.

Meu pai depois que minha mãe morreu gastou todo seu dinheiro em bebidas, cassinos e mulheres, e também passou seu tempo me culpando pela morte de minha mãe e dizendo como me odiava por ser parecida com minha mãe.

Ele fazia questão de jogar em minha cara que estava gastando o dinheiro que ele deixou pra mim por que depois do que eu fiz não merecia um centavo dele.

Após ele morrer de overdose em seu quarto, eu luto por uma moradia e para ter comida em casa. Sai de Chicago e vim morar em Nova York, até hoje tenho pesadelos com a morte de minha mãe e minha avó. Sim, minha vó também faleceu, ela tinha levado um tiro no estômago mas não resistiu.

Ainda me pergunto o do por que daqueles homens terem feito aquilo e também oque era a pedra da qual falaram pra minha mãe, tentei ver as coisas da minha mãe pra ver se achava algo mas nunca tive resposta.

Ainda tenho a antiga caixinha de música que minha avó me deu, cuido dela mais do que cuido de mim. Seu último pedido foi que eu cuidasse dessa caixinha, e assim cumpri e vou continuar cumprindo.

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