Capítulo 6

483 60 18
                                    

Não demorou muito para que o guarda voltasse com reforços e Sizhui foi levado de maca para dentro do Recanto, somente então Jin Ling teve coragem para acompanha-lo, houve muita comoção e muitos viraram para olha quando os viram passar com pressa em direção à enfermaria, lá os médicos foram rápidos em atender ambos os rapazes, apesar de A-Ling insistir que estava bem, o médico deu a ele um chá calmante para que parasse de tremer e ordenou que se deitasse em uma das camas disponíveis.

Sizhui foi levado para longe dele já que precisavam retirar a flecha de seu ombro e apesar de entender isso, cada momento que passou deitado sem notícias do outro olhando para o teto preto e sem graça da enfermaria fazia seu peito apertar, se algo acontecesse ao rapaz por culpa dele, nunca conseguiria se perdoar. Ele cobriu os olhos com o braço, tentando ao máximo não começar a chorar, não queria demonstrar fraqueza em um lugar como esse, apesar Sizhui tinha direito de vê-lo chorar além da família dele.

Assim que foram avisados sobre o ocorrido a família real de Gusu veio imediatamente para a enfermaria obter notícias sobre Sizhui. Apesar de não poder ver quem eram, A-Ling já imaginava quem deveria estar lá naquele momento. Um dos enfermeiros os recebeu na porta e disse que o jovem mestre ainda estava na cirurgia, mas que havia perdido muito sangue e sua condição era instável. Ouvir aquilo doía demais, ele iria com certeza brigar com Sizhui quando acordasse, ele não devia ter usando tanta energia para trazê-los até Gusu quando estava ferido e principalmente deveria ter dito se estava ferido.

-O jovem mestre trouxe com ele o rei de Lanling, ele não foi ferido, mas está em choque e o médico me ordenou que ficasse de olho nele caso precise de algo.

Jin Ling ouviu o enfermeiro falando sobre ele e suspirou, apesar do rei de Gusu ser um homem bom, honesto e gentil, ele não estava a fim de ver ninguém e ter que agir conforme seu status nesse momento quando tudo o que ele conseguia pensar era no rapaz na sala de operação. Parece que as palavras do enfermeiro pegaram os visitantes de surpresa e pareciam ser mais de um já que várias vozes começaram a discutir bem baixo sobre algo.

-Sei que não... ele precisa... Wangji...

-Hum...

-Vou esperar notícias...

Ele não conseguia reconhecer as vozes, não era tão familiarizado com as realeza de Gusu a ponto de identificar os autores dos sussurros, mas sabia que deveriam ser parentes de Sizhui e não pensou que estivessem discutindo sobre ele.

-Por aqui meu senhor.

Jin Ling seria capaz de grunir de raiva se isso não fosse extremamente inapropriado estando na casa de outra pessoa e considerando sua posição, ele tirou o braço de cima dos olhos e viu o enfermeiro guiando duas pessoas para dentro do seu quarto, ele deixou que entrassem e depois saiu fechando a porta atrás de si. A primeira figura vestida completamente de preto era o consorte real, marido do príncipe herdeiro Wei Wuxian, que infelizmente A-Ling também precisava chamar de tio.

Ele realmente deveria estar em choque para ter esquecido que seu tio era o pai de Sizhui, apesar de adotivo, é claro que seria ele aqui nesse momento para ver o filho. A segunda figura era o príncipe herdeiro Lan Wangji, pai de Sizhui e irmão mais novo do atual rei. Pela conversa anterior ele já sabia que se tratava de uma das visitas, devia ter adivinhado quem eram as outras, mas não se cobrou tanto, afinal havia sido um dia muito complicado para ele e sua mente não estava no melhor estado.

Agora a discussão fazia sentido, provavelmente seu tio insistiu em vê-lo e Lan Wangji foi contra, o homem provavelmente não havia esquecido o fato de que A-Ling havia esfaqueado seu esposo, mesmo que se arrependa profundamente disso agora.

Vendo o menino acordado Wuxian se aproximou da cama devagar e sentou-se ao lado dele, mas não se atreveu a tocá-lo ainda.

-A-Ling como se sente?

O jovem rei ficou em silêncio sem querer falar com ele, seus sentimentos em relação ao tio são conflitantes, Wuxian foi o responsável por matar seu pai, mesmo que tenha sido um acidente e sua mãe morreu para protege-lo, parece que ele sempre foi mais amado e protegido que A-Ling, já que por culpa dele foi deixando sozinho para ser criado pelos tios nesse mundo. Mesmo assim sua raiva não ia mais tão fundo quanto a alguns anos, depois de conhecer o tio melhor ele não consegue sentir que seja uma pessoa má e ainda por cima é o pai de Sizhui a quem ele preza mais do que tudo.

Wuxian olhou para o marido quando não obteve resposta, não porque estivesse bravo, mas buscando apoio para continuar, ele devia saber que a primeira tentativa seria falha.

-Poderia nos contar o que houve? Tudo que sabemos é que Sizhui chegou a Gusu ferido e trouxe você com ele.

Eles haviam recebido um comunicado de Sizhui sobre o ocorrido no aniversário do jovem rei e por isso tinham uma ideia, mas precisavam saber melhora da situação antes de tomar uma atitude referente a ela, era isso que Zewujun quis dizer sobre aguardar notícias.

O jovem rei não estava disposto a falar sobre si mesmo, mas os pais de Sizhui tem direito a saber o que houve com seu filho e como aquilo tinha sido culpa dele, ele queria que ficassem bravos com ele porque sentia que merecia isso já que Sizhui com certeza não guardaria nenhuma mágoa por ter se machucado, mas ele se culpava imensamente.

-Ele... Foi ferido enquanto fugíamos de Lanling, é tudo culpa minha...

O jovem rei cobriu seu rosto com as mãos sentindo as lágrimas querendo escapar de seus olhos, mas ainda estava determinado a não demonstrar fraqueza.

-Se eu fosse mais forte, se eu fosse um bom rei.

Ao contrário do que ele imaginou, não houveram palavras acusatórias ou ameaças, os dois homens não ficaram bravos com ele, pelo contrário, seu tio colocou a mão sobre a sua cabeça e começou a afaga-la devagar, tentando acalmá-lo. Aquilo era muito mais do que ele merecia e podia suportar, soluços começaram a escapar dos seus lábios e logo ele estava tremendo novamente. Sem aguentar ver o filho de sua amada irmã daquele jeito Wuxian se levanta e envolve o menino em um abraço apertado do qual ele não poderia se livrar tão facilmente.

-Não foi culpa sua A-Ling, Sizhui tomou essa decisão por si mesmo e tenho certeza de que não se arrepende de estar ferido para te proteger. Além disso, toda a situação de Lanling está além do seu controle, aquele lugar já era um ninho de vespas muito antes de você nascer.

-Hum...

Era a primeira vez que Wangji se manifestava e claro que foi para apoiar o marido, Jin Ling sentiu um pouco de inveja dele ter alguém assim ao seu lado e logo sua mente foi na direção do rapaz ferido. Wuxian continuou fazendo carinho nele até que parasse de tremer e tirasse as mãos do rosto para segurar levemente em seus robes, ele tinha o mesmo cheiro de lótus que seu tio Jiang e isso era muito calmante naquele momento, ele imaginou que era assim que sua mãe devia ser também, por isso esse sempre foi seu perfume favorito. Era errado ele encontrar conforto nos braços de alguém que considera um inimigo, mas se seu próprio povo quer mata-lo, para quem ele deve recorrer?

Os dois ficaram abraçados por um longo tempo, nenhum deles reclamando da posição ou de que haviam outras coisas a serem feitas naquele momento, era como se o tempo tivesse congelado, pelo menos até o enfermeiro retornar para avisar que Sizhui havia saído da cirurgia, somente então Wuxian soltou A-Ling sorrindo.

-Ele já acordou?

O enfermeiro balançou a cabeça negando.

-Ainda não, os médicos conseguiram remover a flecha e ela não acertou nenhum ponto vital, mas ele perdeu muito sangue, deve levar alguns dias para acordar, meu senhor.

Wuxian acenou com a cabeça e o enfermeiro saiu do quarto deixando os três sozinhos novamente.

-Pelo menos são boas notícias, descanse bem A-Ling, voltaremos para vê-lo depois.

Muito mais animado do que quando entrou o homem segurou a mão de seu marido e saiu saltitando da enfermaria, deixando para trás um A-Ling completamente estupefato.

O rei e o musico - ZhuilingWhere stories live. Discover now