Capítulo 4

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Sizhui insistiu em ficar acordado meditando apesar de já ter passado e muito das 9 horas, ele insistiu que Jin Ling ficasse com a cama e se sentou no chão onde estava tocando guqin antes. Era melhor que pelo menos um deles ficasse acordado para garantir caso as pessoas que atacaram o quarto do jovem rei ainda estivessem no castelo e não seria direito permitir que alguém com o status maior que o dele ficasse de guarda enquanto dorme, apesar dele duvidar que o mais novo fosse se importar com isso.

-Você acha que eu sou um bom rei?

Jin Ling perguntou do nada depois de passar algum tempo brincando com o cobertor sem conseguir dormir, ao contrário de Sizhui dormir cedo nunca foi seu forte. Aquilo o estava incomodando a algum tempo, será que tantas pessoas tentavam matá-lo porque ele não era bom? Havia feito algo errado? Sua mente andava muito cheia e seu coração pesado por conta de tantas mudanças repentinas em sua vida e ele não tinha ninguém com quem conversar sobre isso, seu tio podia ser um bom homem, mas ele não entende de sentimentos o bastante para poder consolar o jovem rei mesmo que quisesse.

-Creio que sim, se você é justo, correto e pensa no melhor para o seu povo, como poderia ser um mau rei?

Sizhui diz abrindo os olhos para olhar o rapaz que estava deitado na cama, por muitos anos ele os considerou amigos até que suas posições sociais se tornassem muito diferentes e ele não mais tivesse como manter contato com ele. Agora sozinhos ele parecia ainda mais com o garoto que conheceu, metido e um pouco temperamental, mas com um coração maior que o mundo.

-A-Ling... Está tudo bem? Você está feliz?

Aquela pergunta sendo feita usando aquele nome pelo qual ninguém mais além do seu lhe chamava agora, foi como um catalizador para tudo o que o jovem rei estava sentindo, ninguém havia lhe perguntado aquilo havia tanto tempo que sua primeira reação foi começar a chorar, escondendo o rosto no travesseiro. Preocupado, Sizhui levantou do chão onde estava meditando e correu para o lado dele, se ajoelhando em frente a cama e passando a mão na cabeça do mais novo.

-Por favor não chore, eu não quis deixa-lo triste.

Sizhui esperou pacientemente que ele terminasse de lavar sua alma chorando tudo o que precisava chorar, enquanto isso ele continuou afagando sua cabeça como faria com uma criança, Jin Ling ainda é uma criança que precisou crescer rápido demais.

-Por que eu? Por que a minha família? De que me adianta tudo isso se não posso tê-los de volta.

Quando ele finalmente falou sua voz saiu abafada e chorosa, seus ombros tremiam um pouco e Sizhui quis mais do que tudo abraça-lo e protege-lo do mundo, apesar de saber que não poderia, como crianças nascidas na guerra era o dever deles reunir os pedaços do que restou depois dela.

-Eu sinto muito, não há como fazê-los voltar, mas... Há outras pessoas aqui para você.

Jin Ling soltou uma risada pelo nariz enquanto tentava secar o rosto com a manga dos robes.

-Claro, quem? Os que estão tentando me matar? Ou me extorquir? Ou os dois? Meu tio não está aqui o tempo todo Sizhui, isso aqui é uma prisão, eu tenho que ter cuidado com o que visto, o que como, o que faço, tudo é vigiado e tem consequências, eu não aguento mais.

Os olhos com os quais o jovem rei encarava Sizhui estavam repletos de uma dor tão grande que ele se sentiu culpado por pensar que poderia entender o outro. O mais velho tem uma família, pais que o amam, um irmão e está vivendo cercado de todo amor que puder pedir em Gusu, enquanto isso Jin Ling esteve lutando pela própria vida esse tempo todo.

-Me desculpe.

Era tudo o que ele podia dizer, por um reflexo ele continuava afagando a cabeça do mais novo, mas nenhum dele fez nenhum comentário a respeito disso.

-Eu estou aqui agora, então você pode ficar tranquilo que não deixarei ninguém te machucar.

Jin Ling segurou a manga do robe no braço que Sizhui usava para acariciar sua cabeça e a puxou, se permitindo ser egoísta na noite do seu aniversário pelo menos.

-Então deita comigo, eu não quero ficar sozinho na cama.

Ele se afasta em direção a parede para que Sizhui possa entrar na sua frente e o rapaz realmente deita na cama junto dele, permitindo que encolha o corpo junto ao dele e até mesmo o abraçando para confortá-lo. Não demorou muito para que a respiração do jovem rei se acalmasse e ele adormecesse nos braços do mais velho que continuou acordado a noite toda para guarda-lo.

Na manhã seguinte Jin Ling se espreguiçou manhoso na cama, achando estranho que ninguém havia vindo acorda-lo com um lista de tarefas para fazer, ele piscou algumas vezes após abrir os olhos encarando um teto que não era o do seu quarto.

-Bom dia A-Ling.

Aquela voz trouxe de volta os acontecimentos da noite anterior, o choro, a tentativa de assassinato, mais choro e dormir abraçado ao outro rapaz enquanto respirava seu cheiro de madeira que o acalmava completamente. Jin Ling levantou da cama com tudo, jogando as cobertas para o lado e se sentando para encarar Sizhui que estava sentado junto a mesa na qual havia um café da manhã para dois.

-Seu tio trouxe para nós.

Ele explicou quando viu os olhos do jovem rei pousarem na comida, sua aparência estava a mesma do dia anterior, ele havia trocado de volta para as vestes normais e seu cabelo estava preso, Jin Ling sentou falta do outro modo.

-Como se sente?

Sizhui pergunta quando o mais novo se levanta e vem se arrastando até a mesa para comer, ele ainda parecia um pouco mal e isso o preocupava muito depois da conversa que tiveram na noite anterior.

-Estou bem e você?

A pergunta foi feita apenas por cortesia, afinal não havia motivos para ele não estar bem, por isso apenas sorriu e começou a comer com o outro.

-Estou ótimo, parece que pegaram os culpados pelo ataque de ontem.

Jin Ling levantou a cabeça curioso sobre quem eram e vendo isso Sizhui sorriu ainda mais.

-Eram homens contratados, então não sabemos quem é o verdadeiro culpado, mas seu tio aumentou a segurança e estão investigando todos os convidados.

O jovem rei balançou a cabeça concordando, aquele era realmente a melhor maneira de resolver a situação, mas isso também significava voltar ao trabalho, algo que não o agradava. Depois do café, Jiang Cheng veio visita-los no quarto para explicar que havia levado os suspeitos para interrogatório, mas o castelo estava seguro e deveriam continuar com suas vidas, apesar disso ele pediu a Sizhui para que ficasse por mais uma semana para proteger A-Ling.

O jovem não quis admitir, mas seu coração bateu mais rápido de felicidade ao ouvir que não precisaria se separar do rapaz tão cedo. Sizhui concordou prontamente, os dois passaram o dia juntos enquanto trabalhava, com o mais velho dando conselhos e oferecendo ajuda no que podia, aquele havia sido de longe o dia mais produtivo que o jovem rei já teve.

-Sizhui toque para mim.

Depois do jantar o jovem rei pediu para ouvi-lo e Sizhui tocou para ele por horas a fio até que estivesse cansado e decidisse se retirar de volta para os seus aposentos. O mais velho acompanhou ele e se despediu voltando para o seu quarto. Jin Ling não gostou de se separar de Sizhui, mas pedir para dormir com ele novamente seria difícil de explicar, então teve que se contentar com o fato de que o veria de novo no dia seguinte. Essa rotina seguiu até o final da semana.

O rei e o musico - ZhuilingWhere stories live. Discover now