Capítulo 11

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No dia seguinte os três exércitos marcharam em direção a capital de Lanling, cada um com sua parte do plano em mente. Jin Ling se reuniu com a resistência, Jiang Cheng com o seu exército e Lan Sizhui ficou estacionado na colina esperando pelo sinal caso seja necessário atacar. A invasão ao castelo foi rápida, em algumas horas os exércitos combinados já haviam subjulgado os nobres. Alguns deles tentaram lutar e foram mortos durante o combate, era a primeira guerra da qual a-Ling participava e ele tinha certeza de que nunca mais iria querer ver outra ou deixar que Sizhui visse, ele precisava ser mais responsável e cuidar melhor do reino para evitar isso.

Era fácil identificar os inimigos mais poderosos, o problema é saber quem entre a multidão realmente estava do lado inimigo e quem acabou sendo pego no fogo cruzado e forçado a servir, Jiang Cheng temia que se deixasse até a menor migalha de rebeldia, eles iriam retornar pela vida de a-Ling. Depois que a situação foi normalizada, um mensageiro foi enviado para a tropa de Gusu informando que não havia necessidade deles atacarem, mesmo assim Sizhui e seus pais decidira descer até Lanling e verificar a situação com os próprios olhos.

A cidade estava alvoroçada com as notícias do que havia acontecido no palácio, ninguém sabia o que exatamente estava acontecendo, só que eles viram o exército lutando contra o que pareciam ser os homens de Yunmeng e agora uma comitiva de Gusu passava pela cidade. O castelo estava uma bagunça, Jin Ling gritava ordens para todos os lados, tropas foram enviadas para prender todos os membros da família direta dos envolvidos no plano de traição e os corpos precisavam ser retirados. Quando Sizhui o viu nem conseguiu reconhecer o menino da noite anterior que havia lhe perguntado se voltar era o certo a fazer.

-A-Ling?

Sizhui tentou se aproximar, mas o outro não queria se virar e olhar para ele, sentia como se fosse desmoronar se recebesse o carinho de Sizhui e ainda precisava fazer mais coisas. Wuxian e Wangji foram cumprimentar Wanyin para saber mais detalhes do ocorrido durante a batalha e dar alguma privacidade aos dois.

-Você se feriu? Precisa de algo?

Não houve resposta, mas o corpo todo do menino tremia, mostrando o quanto ele estava assustado e cansado. Agora que estavam sozinhos, Sizhui segurou sua mão, puxando ele para que virasse e olhasse nos olhos dele. A-Ling não resistiu, não sabia com que rosto encararia o outro, mas antes que pudesse pensar mais sobre isso seus lábios foram cobertos pelos do Lan que iniciou um beijo calmo e tranquilo, uma carícia nos lábios um do outro.

-Você fez bem, meus parabéns, majestade.

Aquele sussurro fez o corpo todo de a-Ling estremecer, ele já não se sentia mais acabado e sufocado, ele achava que podia fazer isso, ele conseguiria continuar... depois de uma refeição. Sizhui tentou não rir do barulho que o estomago do mais novo fazia.

-Até mesmo os heróis precisam jantar, vamos indo a-Ling?

Sizhui ofereceu sua mão e a-Ling agarrou o braço inteiro, mas nenhum dos dois reclamou, era assim que deveria ser. Foi difícil conseguir comida no castelo depois de uma guerra, mas eles deram um jeito de fazer alguns sanduiches para alimentar a todos, não era um banquete real, mas todos estavam vivos e bem, ninguém podia reclamar.

Naquela noite quase tudo estava resolvido, pelo menos na superfície. A-Ling teria muito trabalho para apontar novos ministros de confiança em pouco tempo e ainda caçar os nobres envolvidos no golpe e seus parentes para que fossem julgados adequadamente. Pelo menos não haviam mais corpos e nem sangue pelo palácio, quase tudo que foi quebrado já havia sido substituído.

Usando como desculpa a necessidade de ser protegido para o caso de uma retaliação durante a noite, a-Ling declarou que o príncipe de Gusu dividiria os aposentos com ele e ninguém se opôs, apesar de Wangji não ter ficado muito feliz com a ideia, pois ele sabia a verdade.

Os dois rapazes adormeceram abraçados, ambos exaustos por suas respectivas lutas, Sizhui ainda estava ferido apesar de tentar mostrar força e Jin Ling havia vivenciado sua primeira guerra. Durante a noite o jovem rei teve pesadelos e chorou, cortando o coração do príncipe que sempre acordava para confortá-lo com caricias e beijos até que ele voltasse a dormir.

Na manhã seguinte, emissários foram enviados para todos os cantos do reino e nações aliadas para explicar o acontecido em Lanling e reiterar que Jin Ling havia retomado a posição de monarca após a guerra interna e que estava tomando as devidas providências para punir os transgressores e solidificar o controle da coroa sobre o reino.

Os nobres capturados foram julgados em praça pública e executados, suas esposas e filhos pequenos receberam anistia em troca de abdicarem do título e dos bens que possuíram, os quais foram confiscados pela coroa e seriam redistribuídos de forma adequada. A quantidade de dinheiro e joias encontradas com eles era absurda e a-Ling ficou vermelho de raiva quando descobriu quanto dinheiro tinha sido desviado por esses homens.

Sizhui pediu permissão para ficar em Lanling e agir como consultor do jovem príncipe, mas seu papel era na verdade impedir que o jovem rei se estressasse demais e cuspisse sangue de raiva, ele era muito bom com isso, seja com um sorriso, um toque ou uma xicara de chá, ele sempre conseguia acalmar o mais novo para que pudesse voltar ao trabalho. Quando dava nove horas a-Ling não tinha escolha a não ser encerrar as atividades, se não Sizhui insistiria em ficar ao seu lado, apesar de morrer de sono depois de um dia cheio de atividades.

Os dois se retiravam para o quarto juntos sem nenhum pudor, já não tinham mais forças para esconder seu relacionamento do público. O único motivo para a-Ling não ter pedido a mão de Sizhui em casamento ainda era porque queria fazer isso de forma especial e não conseguiu pensar em uma até o momento, devido a quantidade de trabalho que estão tendo.

O rei e o musico - ZhuilingWhere stories live. Discover now