Notas
Boa leitura! :)XXX
— Ó meu Santo Deus! Escute sua pobre e pecadora filha, guie-me para o caminho que for de sua vontade!
As lamentações longas e altas tinham inicio pela manhã, continuando sendo o principal foco de Yongsun pelo restante de seu dia. Por uma semana inteira, as únicas palavras que deixavam sua boca estavam relacionadas a pedidos de perdão e o quanto se arrependia.
Embora clamasse para Deus, era certo de que a suplica era direcionada ao próprio?
Metanoia: ação de mudar de ideia ou pensamento; deixar de acreditar em algo e passar a enxergar um novo modo de vida.
A culpa na qual conseguia proporções absurdas dentro de seu espirito e alma estava lhe consumindo; já faziam quase três dias completos que Moonbyul continuava trancada no sótão, sem quaisquer contatos que não fossem os de freiras ou até mesmo da peculiar diretora. Durante tal período, nunca havia sido capaz de tentar uma visita até a garota, sendo impedida pelo ardor de seu peito que estava lhe amaldiçoando pela lembrança da mentira cometida.
Se sentia impura, diferente de todas as vezes em que havia permitido a entrada de ações impróprias por parte de Byulyi; divergente de antes, tinha noção de que estava errada, e nada poderia livrar sua mente de tais turbulências.
A desconcentração nas aulas demonstravam os sinais de insônia e falta de empenho: ficaria louca se aquilo não parasse e lhe deixasse em paz. O temor de confessar a verdade para sua avó era mais forte do que fazer a justiça, se calando em todas as oportunidades que surgiam.
Tarde demais, estava feito. Sua covardia seria a inibição capaz de destruir os resquícios de suas tentativas de, ao menos, reverter a situação lamentável em que estava inserida.
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Úmido, quente e mofado o bastante para fazer com que o corpo de qualquer pessoa se esquentasse consideravelmente; era o estado no qual Byulyi havia sobrevivido por dias.
A principio, pensava que apenas precisaria lidar com algumas traças ou insetos, mas o calor insuportável era bem pior do que a companhia de alguns pequenos animais perante sua estadia inesperada. O sótão era estranhamente grande e com alguns moveis antigos cobertos com panos, os quais não eram o bastante para disfarçar o pó que se irradiava pelo cômodo. As paredes pintadas numa cor cinza desbotada não realçava o conforto quase nulo de Moonbyul, que praticamente estava presa em cárcere privado num bendito colégio católico: as freiras que levavam sua comida trocavam mínimas palavras consigo e lhe enxergavam como um animal – acreditava que até mesmo as traças teriam um tratamento melhor.
Cansada, faminta e precisando falar com si própria pela solidão de não ter comunicação alguma nos últimos dias, percebia que enlouqueceria caso passasse mais tempo naquela "masmorra", se assustando apenas no pensamento de passar mais uma semana naquele pesadelo.
Precisava escapar de alguma forma; quando tivesse a resposta para tal problema, se lembraria de nunca, em hipótese alguma, ousar encostar sequer um dedo em Yongsun. Ainda estava chocada pela declaração da garota, mas ela era a última pessoa que poderia exigir ser chamada de santa: passava longe da palavra, mas não havia feito o que a Kim alegava. Um misto de tristeza e arrependimento corroía seu peito; realmente havia se iludido o bastante em acreditar que a colega estava mudando sua forma de enxergá-la, porém, agora possuía o real resultado.
Sabia que para Yongsun, ela não passava de uma lésbica imunda e imoral, sem chance de perdão ou empatia.
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Holy || moonsun (FINALIZADA)
FanfictionNo auge de seus dezesseis anos, Kim Yongsun ainda é uma garota ingênua para sua idade. Estudando num internato católico desde que nasceu por conta da administração de sua avó no local, sua crença sempre foi o centro de seu universo. Com a chegada de...