3.3.

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Harry caminhava.

Ele caminhava porque não conseguia ficar em casa. Não conseguia dormir em sua cama, não conseguia sentar em sua sala de estar, sua cozinha, em sua mesa de jantar. Não conseguia nadar em sua piscina. Merda, ele não conseguia ao menos comer uma droga de sanduíche sem pensar em Draco.

Ele caminhava porque ele não podia ao menos dirigir seu carro sem imaginar a cabeça loira que tinha tomado residência no seu banco de passageiro.

Jesus Cristo, estou ficando maluco. Que merda estou fazendo? Suspirou e sentou-se num banco do lado montanhoso do parque. Aquele lado dava mais ênfase para a lustrosa grama verde sob o sol – o verão tinha finalmente decidido ocupar mais do que meia hora de cada tarde. Ele estava tão cansado. St. Mungos tinha sido um desastre na última noite e ele ainda teve problemas para se concentrar. Lutou contra o sono, mas estava de plantão. Ninguém podia dormir quando estava de plantão. Ele só podia agradecer a quem quer que estivesse olhando por ele que a Universidade estivesse de férias, ou ele já teria desabado a essa altura.

Harry observou a paisagem, vendo Londres na distância de onde estava sentado no observatório. O branco do Castelo na base do morro brilhava no sol e ele fechou os olhos para bloquear a claridade. Mas ele rapidamente os abriu novamente e olhou para outro lugar. Era o motivo pelo qual ele estivera de plantão nas ultimas trinta e uma horas. Ele não queria fechar os olhos, não podia fechar os olhos porque cada vez que o fazia ele via a porta de sua casa fechando, o eco ressoando em sua cabeça de novo e de novo. Ele se lembrava de não ter feito nada quando ouviu a porta do táxi se fechar. Ele se lembrava de recuar e apertar os punhos para se impedir de abrir a porta. Ao invés disso ele ouviu o táxi se afastar e exalou um suspiro trêmulo quando não pode mais ouvi-lo.

Vá e conte a ele o que você fez!

Ele queria ter gritado aquelas três palavras para impedir Draco de partir. Desespero tentando arruinar tudo o que ele tinha trabalhado. Ele não o forçaria. Draco tinha que fazer a escolha por si mesmo.

Mas era muito difícil.

Ele se perguntou se estava sendo estúpido por não contar a ele. Afinal de contas, ele descobriria eventualmente. Mas ele sabia que estava certo. Mesmo se a atitude fosse egoísta.

Não. Agora ele tinha que esperar.

"Draco, o que você está fazendo aqui?"

Draco virou-se em seu sofá. Não era grande o bastante para acomodá-lo completamente, mas não importava; era confortável e de preço razoável. Penélope sentou-se imediatamente, encarando a porta. "O que você quer dizer? Eu moro aqui." Ele deu uma olhada em seus quatro vizinhos. Charlene e Nade dividiam um apartamento duas portas abaixo. Se ele não conhecesse melhor, diria que os dois eram o mais próximo de amigos que ele conseguira em seis anos. Mas, é claro, ele conhecia melhor.

"Ele te chutou pra fora, foi?" Charlene perguntou enquanto se sentava no braço do sofá. Ele franziu o cenho; já tinha mandado ela não fazer aquilo, mas ela nunca escutava. Voltou-se para os outros: Nade estava, na verdade, vestindo roupas decentes. Todos eles estavam, de fato, inclusive Christian, cuja idéia de trajes adequados normalmente era pedaços de pano cobrindo as áreas 'à pagar'. Sua irmã, Cassie, a quem ele tinha prometido um presente – estava em uma de suas malas, em algum lugar – vinha por último, fechando a porta atrás de si e guardando a chave no bolso de sua calça jeans. Ela era a única a quem ele confiava a chave de seu apartamento.

Draco se sentou para dar espaço para Charlene. "Não, eu apenas voltei. 'Tava na hora de voltar." Olhou em volta. Eles estavam o encarando estranhamente. "Por que vocês estão aqui? Não deviam estar trabalhando ou algo assim?"

One Month Stand • drarry [pt/br] Onde histórias criam vida. Descubra agora