Pressentimento ruim.

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MANDY

Estamos a caminho de Las Vegas, Sophia está dormindo ao lado de David e eu estou sentada ao lado com um mortal que ronca feito um porco! Quero trocar de poltrona, mas não sobrou sequer uma cadeira vazia nessa droga de ônibus.

– Mandy... Posso te chamar assim, né? – Perguntou-me David.

– Sim, pode sim. – Eu lhe disse de forma simpática. – O que foi?

– Ah, nada demais, só queria saber como era sua vida antes de ir para o acampamento, eu, Sophia e Amber não tivemos a chance de conhecer nossos pais mortais, fomos deixados na porta de um Orfanato ainda bebês.

– É... Sophia me disse.

– ROOONC. – Mais que saco! Tudo que eu mais queria agora era dar uma marretada na cabeça desse mortal, é uma pena minha marreta de bronze celestial atravessar seu corpo gigantemente gigante.

– Bem... Continuando. Minha vida era bem simples, sou Otaku, adoro assistir animes e ler mangás, eu morava em São Francisco com minha mãe e meu padrasto, Susan e Elliot Gath, minha mãe amava aquele cara, ele não era um homem mal, sempre cuidou de nós duas, ajudava minha mãe em casa, nos dava presentes, ele sempre soube dessa história de deuses gregos assim como eu e minha mãe, ela disse que meu pai, Hefesto não escondeu isso dela, você sabe, ele não tem a fama de ser o “galã” do Olimpo, mas mesmo com a aparência dele, ela se apaixonou, disse-me que ele foi carinhoso e até pediu ajuda ao seu pai para cuidar dela quando estava doente, estava bem e disposta eles começaram a ter um romance e então ela engravidou, por ordens de Zeus, meu pai teve que voltar ao Olimpo e que criar armas em sua forja para a guerra que se aproximava, ele criou centenas de espadas, adagas, lanças e escudos, fez até uma adaga para a mãe de Sophia, mas ela não luta então a pôs no Acampamento, eu a vi no dia que cheguei ao acampamento, meu irmão Leo falou que eu poderia escolher o que quisesse, mesmo que eu não precisasse, pois filhos de Hefesto também não são de lutar, então o que eu peguei foi esse colar. – Puxo o colar para fora da minha blusa e mostro a David. Um colar de prata com um pingente de um martelo flamejante parecido com minha marreta. – Ele pode se transformar em uma adaga quando eu quiser, mas prefiro minha marreta, eu gosto de força bruta. – Falo com um leve sorriso.

– Nossa! Muito legal! E essa adaga que Hefesto fez para Hera, tinha alguma coisa especial, algum desenho? – Perguntou-me com ar de curiosidade.

– Tem desenhos de pequenos pavões, foi enfeitiçada com os poderes de Hera, assim como Zeus ela também pode invocar ventos. Sophia me disse que ela invocou uma pequena tempestade quando vocês chegaram aos portões do acampamento e derrotou um Manticore.

– Manticore, então esse é o nome do monstro peludo com cauda de escorpião. Sim, pois é... Ela jogou o monstro em direção ao pilar do portão e quando uma tocha o atingiu ele evaporou. Mas voltando ao assunto da adaga, Sophia está usando-a, ela pegou quando Jason a levou ao arsenal... Estava treinando com ela. – Disse ele.

– Essa adaga vai ser de grande ajuda quando precisarmos escapar de algum monstro, pode jogá-lo a pelo menos 100 metros de distância com os ventos que ela trás.

– Ouvi dizer no acampamento que algumas armas possuem nomes, você sabe dizer se seu pai “batizou” ela? – Ele perguntou.

– Meu pai chamou-a de Thyella, significa ventania em grego, eu chamaria de Geiru, japonês é muito mais interessante na minha opinião. – Falo, sorrindo.

                                                                                      Ponto de vista - Autor

Sophia começou a se remexer no banco. Seus sonhos estavam piores a cada vez que a garota fechava seus olhos, era como uma maldição. Suspirou e se lembrou de onde estava. Corou instantaneamente ao ver que o garoto em que estava apoiada, ele realmente ficava lindo com aquele sorriso de canto e olhos pro teto. Continuou olhando-o até que o mesmo percebeu e ela se virou fingindo ter acordado recentemente.

– Hum... Onde estamos? – Perguntou Sophia tentando esconder seu rosto em algum lugar. Talvez se jogar do ônibus seria uma boa ideia?

– Algo me diz... – Mandy parou de falar por um instante. –... Não é nada.

– O quê? – Perguntou David. – Fala agora.

Sophia olhou a intimidade com que eles se falavam. “Quando ficaram tão amigos?” pensou virando o rosto pra paisagem a fora. Estava numa cidade tão cheia de luzes que nem parecia ser de noite. Parou para pensar onde começariam a procurar. Começaram a jornada com quase nada ao seu dispor – tanto pistas como chances de completar a missão – que ela quase perdia a esperança em cada passo que dava. Ainda havia em sua mente uma pequena confusão. Por que filha de Hera com tantos deuses “normais” por aí?

– Primeiro vamos encontrar um lugar para dormir. – Suspirou o filho de Apolo – Estou morrendo de sono.

Mandy e Sophia assentiram e os três começaram a pensar em algum hotel que poderiam passar a noite. De repente o ônibus parou.

– O que está acontecendo?

– Não sei Mandy... Mas se tinha algum pressentimento, é melhor falar agora.

Ela se calou. Sophia nunca havia a visto tão séria como estava agora. Os pensamentos de Mandy estavam a mil. Era como se de repente alguns conhecimentos chegassem a cada um segundo em sua mente. Estava com uma fraca dor de cabeça. Pegou na mão de Sophia e David e os arrastou para fora do ônibus. Sabia que se ficassem ali, algo ia acontecer. Ela sentia como se... Algum inimigo estivesse próximo. Soltou-os e começou a andar pelas ruas enquanto os outros a seguiam. Não sabia para onde estava indo, mas tinha certeza que alguém estava a guiando para seu destino.

– Onde estamos indo?

– Não sei David, não sei. – Ela respondeu virando a esquina.

Depois de um tempo caminhando avistaram um enorme letreiro escrito Lótus Casino. Olharam-se e assentiram. Poderiam passar a noite ali.

– Hum... – Murmurou Mandy – Não comam nada aqui.

 Que comecem os jogos. – Alguém disse sem que eles ouvissem.

O herdeiro de HeraOnde histórias criam vida. Descubra agora