Eu não sei ao certo quando me vi de fato apaixonado, nem tinha como prever isso mas eu evitei, evitei muito. Lembro-me de todas as vezes que ele sorria pra mim e buscava nos meus braços um conforto ou quando seus olhos encontravam os meus em alguma entrevista, eu sabia exatamente o que ele queria e o porquê. Sabia que se ele estivesse muito entendiado buscaria nas minhas ações um motivo a mais pra se agitar ou se estivesse animado demais, era na minha repreensão que ele entendia que tinha que dar uma maneirada, eu conhecia Jeon Jungkook como a palma da minha mão.
A questão é que eu já não me reconhecia a muito tempo.
Mesmo que eu conseguisse descobrir em qual momento eu perdi a minha sanidade de nada valeria, porque eu tive inúmeras chances de me livrar daquele sentimento inofensivo e mesmo assim eu não o fiz, então, a culpa é só minha, certo? Sozinho eu decidi que permaneceria imerso naquele oceano até então inexplorado, inerte até que algo ou alguém me retirasse dela. A vida até então insatisfeita com a minha escolha imprudente resolveu dar-me uma segunda chance e foi em um dia qualquer que eu ganhei a chave da minha prisão emocional, e se eu quisesse poderia seguir em frente, mas como da primeira vez, eu não quis.
Jeongguk estava sentado do meu lado enquanto observávamos os meninos ao fundo, eles riam como nunca de algo que Jin e Jimin estavam fazendo, quase como um jogo maluco deles e eu, bom, não estava no clima pra' qualquer que fosse a brincadeira. Então, como o bom observador que era, Jeon não tardou em me fazer companhia, soltando vez ou outra uma risada gostosa. Parecia estar se divertindo mesmo que de longe, o que foi bom porque me poupou uma conversa sobre o porquê de eu estar tão recluso; fugir de um questionamento dele durou pouco tempo, porque alguns minutos depois ele soltou:"Hyung, você tem medo de tudo isso acabar um dia? Sabe...a nossa família." Pois é, família. É o que somos e o que sempre vamos ser, e nada do que eu sinto pode anular isso. E mesmo com essa boia que ele, de forma inconsciente me jogou, eu permaneci na inércia. Deixando que meu corpo submergisse ainda mais na imensidão que se tornou amá-lo.
Eu sei o quão injusto seria mostrar-lhes o fim sem que ao menos tivessem a chance de entender o começo, acho que toda a história merece um bom seguimento e eu os daria se tivesse um, mas não tem. Não é tão difícil ligar os pontos e entender que o que nos trouxe até aqui foi o inicio do bangtan, não durante o debut, mas sim o antes e o depois. Todos os pequenos fatores contribuíram para que eu me visse na situação deplorável que eu estou. Mas, como o bom dramaturgo que sou, mostrarei ao longo desse período que passaremos juntos pequenos fatores que influenciaram no meu amor incondicional por ele.
Foi em uma tarde ensolarada em que os membros decidiram sair um pouco mais cedo da sala de ensaios que tudo aconteceu, sei que parece clichê ou alguma armação mal feita de um escritor barato; e eu sei também que se a minha história dependesse de uma garotinha de doze anos eu provavelmente seria o típico cara estranho que por trás de toda roupa larga e acessórios incomuns seria um gostoso de primeira classe, um exímio dançarino de um modalidade possivelmente inexistente e que usa um coque frouxo. Mas isso aqui não é uma fanfic com escrita duvidosa, é a minha realidade, e uma dura realidade.
Se torna ainda mais difícil quando se está no topo, é solitário aqui em cima. Mesmo tendo os meninos comigo a saudade de uma vida normal vai corroendo aos poucos, entende? É como um pouco de cupim em madeira antiga, no começo é irrelevante, mas depois o risco de desabar é grande, muito grande. E foi na tarde citada que eu percebi que estava desabando aos poucos, o que me causou um medo quase irracional. Em muitos momentos daquele dia, eu precisei manter a calma porque caso contrário, surtaria com a forma que as coisas estavam indo.
Quando todos já haviam deixado a sala de ensaio eu me pus a dançar novamente, queria ter total controle sobre o meu corpo de acordo com a música, se me lembro bem, eu estava pegando os passos de "I'm Fine" quando a porta foi aberta novamente e os olhos curiosos de Jeongguk perfuraram meu corpo e - diga-se de passagem, o belo susto que eu levei contaram também para que as iris escuras permanecessem em mim por mais tempo.
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Just Dance. [REESCREVENDO]
Teen FictionNo sufoco de uma sala de dança apertada, um amor nasceu; com medo de não ser recíproco, esse sentimento escorreu transformando-se em música. [hopekook!shortfic.]