2 - Ok, talvez seja.

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A merda já estava anunciada.

E se antes tudo parecia desmoronar a minha volta, agora eu tinha certeza. O karma comeu meu cu com força e a vida me mostrou o quão idiota eu fui ao escolher me afundar naquele sentimento, ai você me pergunta:"Hoseok, você aprendeu algo com isso?" Eu lhe respondo que não! Qual é, não teria graça se eu tivesse aprendido, essa história não iria pra frente, não teriam lágrimas e nem qualquer clímax interessante se eu tivesse apenas, aprendido. Por vocês e é claro para massagear o meu alter ego apaixonado por romances unilaterais, eu decidi afundar um pouco mais o meu desabafo, mostrando-lhes o início do fim de um quase amor, e o ponto final de um clichê - um bem mais elaborado que os de fanfic, ok?!

Depois da conversa que Jungkook e Jimin tiveram na cozinha, eu passei a ignorar quaisquer que fosse o sentimento que ousasse perturbar o meu coração emocionado, tratando o Jeon do jeito que sempre tratei, ignorando o fato de que agora eu conhecia muito bem o sabor daquela boca linda; mas, como nem tudo são rosas eu me vi preso em uma bolha, triste e cabisbaixo demais para responder qualquer piadinha do Jin sobre legumes e verduras, cansado demais para negar um cafuné do Taehyung ou um questionamento preocupado do Namjoon. Por mais que em entrevistas e gravações eu desse o meu melhor para passar despercebido a minha aura calorosa estava tão fria quanto o inverno mais rigoroso, era visível, e se os olhos de alguém parassem em mim por tempo suficiente veriam o quanto apenas deixar pra' lá estava me fazendo tão mal.

Eu queria mesmo me entender melhor, e me livrar do que estava me causando tudo aquilo. Mas eu não podia, não quando as amarras eram as minhas e a chave que eu citei antes, já não me valia de nada, ou eu enfrentava como um adulto ou me afundava em algo que eu mesmo criei. A culpa não era dele, não era só dele. E é a partir desse ponto que as coisas começam a se interligar e as lágrimas começam a aparecer, preparem os coraçõezinhos porque quando eu disse que a tragédia já estava pendurada sobre as nossas cabeças eu não estava blefando.

Vocês lembram disso? Pois é, foi aqui que tudo começou a desandar e eu comecei a me foder.

"-Hyung, você tem medo de tudo isso acabar um dia? Sabe...a nossa família."

Pois é, família. É o que somos e o que sempre vamos ser, e nada do que eu sinto pode anular isso. E mesmo com essa boia que ele, de forma inconsciente me jogou, eu permaneci na inércia. Deixando que meu corpo submergisse ainda mais na imensidão que se tornou amá-lo. Eu pensei que o certo seria não responder, não estava com cabeça pra nada e ouvir aquilo dele me deixou ainda mais pensativo, triste. Eu não queria imaginar que a minha família poderia simplesmente se desfazer como um papel em dia de chuva, pode ser um pensamento egoísta mas eu quero tê-los comigo pra' sempre porque eu os amo com todo o meu coração. E incomodado com o meu próprio silêncio, decidi pronunciar-me a primeira vez naquela noite, mas não fui rápido o suficiente, o que acarretou em uma pergunta da parte dele que me deixou extremamente desconfortável.

- Hyung, você está assim pelo nosso beijo?

"Nós nunca teremos nada, somos apenas amigos Jimin."

Somos apenas amigos...

- Não! Isso não tem nada a ver com você ou com o que aconteceu durante o ensaio. E se me der licença, eu vou deitar.

- Então por que você está na defensiva? Hyung, conversa comigo...vamos resolver isso, por favor! Eu não aguentaria ficar mais tempo assim com você.

A minha sanidade naquele dia me mandou uma carta dizendo que estava indo pra puta que pariu e não poderia passar a noite comigo. Agora visualizem: eu estava em pé olhando pra ele com uma indignação palpável enquanto os outros nos observavam de longe; se vocês conseguirem raciocinar um pouco mais vão entender que é aqui que a minha dignidade desiste totalmente de mim e me larga em plena discussão, uma discussão só minha porque ele estava visivelmente só conversando.

- Eu não estou na defensiva, Jeon! E não há o que resolver por que o que aconteceu lá foi um erro dos dois lados, não foi?! - Nesse momento eu já gritava.- Não deveria ter acontecido e nem vai mais, nós somos apenas amigos, você já deixou bem claro.

- Você ouviu? Então é por isso que está assim?

- Ah, foda-se que eu ouvi, não importa. Só acabou aqui.

E como nos doramas, o mocinho injustiçado pelo seu amor foge para proteger seu coração machucado, mas como eu disse antes, nada disso é um roteiro bem escrito ou uma história com narrativa ruim. Tudo isso aqui é só o desabafo de uma pessoa real que teve o coração partido por escolha unicamente sua, eu não tinha a quem culpar a não ser a mim. E só ai eu tive coragem de continuar Just Dance, que até então só tinha batida e um rascunho ruim.

"É estranho, estamos muito conectados
Parece que tudo vai dar certo
Mas você é meu amigo, sim, meu amigo
Apenas."

Acho que chegamos ao fim, certo? Não há o que contar aqui, não é uma história em que os protagonistas ficam juntos ou qualquer outra coisa, nem poderia, nós somos cercados por câmeras, as pessoas esperam figuras perfeitas e homens que se encaixem de forma flexível nos estereótipos que elas criaram, ser bissexual e criar qualquer laço homo afetivo é pedir pra que a mídia coreana nos critique de todas as formas, e eu não sabia se estava pronto. O bom de nada ter dado certo e o beijo não ter passado de um beijo é que eu não precisaria estar pronto.

Mais alguns dias se passaram, eu e Jeon mantínhamos uma relação amigável, mas nada muito próximo porque eu sempre fugia de qualquer assunto que fosse, claro que essa minha rejeição a conversas não se aplicavam apenas ao maknae, e sim a todo o resto porquê eu sabia que eles me perguntariam o que aconteceu de tão intenso que me fez brigar com Jungkook - eu não poderia culpar uma banana de novo -, e ainda não me sentia estável pra' falar do beijo, pelo menos não em voz alta. O quarto estava mal iluminado, as cobertas pesadas cobriam meu corpo magro enquanto meus olhos encaravam a tela do celular indicando ser três horas da manhã; quando eu escolhi me recolher cedo, não imaginei que passaria a noite em claro encarando um teto tomado pelo breu, enquanto divagava pelos erros que cometi ao longo desse período. Pode parecer dramático demais mas quando você se machuca e não tem ninguém para culpar a dor multiplica, porque você entende que tudo foi um erro que você escolheu cometer, e eu não poderia ser babaca e levá-lo nessa mistura de sentimentos de culpa e fazê-lo acreditar que ele também tinha participação na minha tristeza, porquê não era bem assim. Despertei dos meus devaneios ao sentir meu celular vibrar nas minhas mãos, e como se todo o mundo estivesse despencando na minha cabeça eu vi a mensagem dele brilhar na minha tela; meu estômago revirou, senti a minha pressão cair e as minhas mãos começaram a tremer imediatamente, patético.

O motivo do meu desespero interno se deu pelo conteúdo, e eu ponderei se deveria responder ou não, acabando por escolher a primeira opção porque eu não sou e nem queria ser tão orgulhoso ao ponto de ignorar, e se ele tinha me mandado mensagem é porque sabia que eu também estaria acordado.

"Hoseok hyung, eu sinto tanto a sua falta."

Então eu respondi:"Eu também sinto a sua, todos os dias, me desculpe por tudo."

"Ei hyung, está tudo bem! Venha ao estúdio, porque desde que tudo aconteceu, eu não consigo mais dançar direito. Preciso da sua ajuda... :)."

É, talvez a minha vida seja sim uma fanfic.



Just Dance. [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora