Capitulo 3
Acordei novamente, agora estávamos dentro de um carro e percorríamos as ruas de uma cidade, era Amsterdã, mas eu ainda não sabia, conheceria ela depois, com o fim trágico que me aguardava, meu corpo doía, tudo doía, eu tinha sede, fome, então os homens pararam e conversaram entre si, um deles chamou o outro pelo nome El Capo, _é aqui o local da entrega da mercadoria. Eles estavam falando de mim? Eu seria a mercadoria? Com certeza.
Dom Costello
Alguns minutos se passaram, e um senhor de mais ou menos um metro e oitenta, branco, bem vestido, Dom Costello era como o chamavam, seguido por dois seguranças muito mal encarados. El Capo o mais mal encarado dos sequestradores foi ao encontro de Dom Costello, o cumprimentou sem deixar seu cigarro de lado, _Dom Costello. Acenou, e Dom Costello deu um aceno de cabeça apertou sua mão já perguntando, _onde está minha mercadoria? El Capo apontou para o carro e pediu para que seu parceiro me buscasse, abriu a porta do carro e tirou a minha mordaça, aquele era o meu momento, precisava tentar fugir novamente, juntei todas as minhas forças dei uma mordida nele que me soltou devido ao susto, tentei correr, mais logo fui barrada pelos seguranças de Dom Costello, que me pegou pelo braço e me puxou com força, _não faça isso garota, Dom Costello a mataria sem pestanejar. Disse o segurança. Então me levou até Dom Costello, ele segurou meu queixo com força, analisou meu rosto, como quem analisa um objeto se é bom o suficiente, e disse:_ negócio fechado, a mercadoria é um pouco rebelde, mas nada que um tempinho com Rinna não a amanse. Rinna eu conheceria mais tarde, era um velho asqueroso, sócio de Dom Costello, seus seguranças me jogaram dentro do carro de Dom Costello, um Cadillac Eldorado 1960, preto, uma relíquia que os mafiosos gostavam de colecionar. Dom Costello entregou uma maleta pequena aos sequestradores que saíram satisfeitos, entraram no carro e sumiram, Dom Costello entrou no carro seguido por seu outro segurança, que sentou no banco do motorista, colocaram um saco preto em minha cabeça, eu não podia mais ver o que estava acontecendo, isso me assustava ainda mais, percebi que Dom Costello sentou-se ao meu lado, porque conversava com os seguranças em uma língua da qual eu não entendia, em seguida ligou para alguém, o que parecia ser um garoto do outro lado da linha, Dom Costello insistia que ele deveria estar no lugar esperado, já estava com 17, já era hora de se inteirar dos negócios da família, o garoto do outro lado da linha me pareceu um pouco relutante, mas Dom Costello o convenceu quando ao final da frase disse que tudo o que fazia era por ele, de alguma forma isso exerceu um poder sobre o garoto, de forma que ele concordou com o que devia fazer. Alguns minutos se passaram e o carro parou, todos de dentro do carro se movimentaram, eu estava apavorada, temia pela minha vida, mas o que mais de ruim poderia me acontecer, já não tinha me acontecido tudo? Me puxaram de dentro do carro, um dos seguranças disse, _ e aqui garota, seu novo lar. Meu coração apertou, acho que meio que como um pressentimento das coisas ruins que estavam por vir, entramos no local, então tiraram o saco que cobria minha cabeça, só então pude ver, estávamos em uma boate, e não era uma boate qualquer, mulheres dançavam seminuas em palcos separados, cada uma tinha uma cabine, uma musica sensual tocava no fundo e o espaço era tomado por homens de várias idades, mas a maior presença era de magnatas, velhos e bêbados, algumas garotas sentavam-se em seus colos e se insinuavam, eu agora começara a entender onde havia ido parar, só tinha treze anos mas não era boba, já tinha ouvido falar de lugares como esse, o que assombrava mais ainda, eu era só uma garota, o que iam fazer comigo, me arrastaram por um corredor, o medo tomava conta de mim, porta se estendiam pelo corredor, algumas estavam abertas quando nós passávamos, meninas estavam sendo usadas de todas as formas, algumas pareciam gostar do que estava lhes acontecendo, outras pareciam estar pedindo socorro, paramos ao lado de uma porta enquanto o segurança e Dom Costello abriam uma outra porta com grades, o que vi naquela porta ao lado foi uma cena perturbadora, me arrepiou todo cabelo do corpo, uma garotinha ao que parecia era bem mais nova que eu, deitada na cama de bruços, com lagrimas rolando por seu rosto, mas parecia conformada com o destino cruel de sua vida, enquanto um velho asqueroso, branco, gordo, com um charuto na boca a estuprava e se maravilhava com o que fazia, ele olhou para mim um olhar como se fosse bom o que estivesse fazendo fez sinal me convidando a entrar, meu corpo congelou no lugar, eu preferia morrer a passar por aquilo, então finalmente Dom Costello conseguiu abrir a porta e percebeu o que eu havia visto e a insinuação do velho, porém sua resposta aquele homem foi ainda mais assustadora, _calma senhor Rinna, ela ainda não está pronta, logo poderá desfrutar de sua companhia. Minha cabeça girava, eu não havia processado direito o que acabara de ouvir, meu estômago embrulhava, a essas horas ainda não havia visto uma gota de água nem comida, o mundo girou e eu caí desmaiada. Acordei já dentro do que parecia ser uma sela pra cachorro, meu Deus, quando comecei a entender tudo a minha volta percebi outras garotas como eu, em selas como que de cachorro também, muitas caídas, em estado meio que vegetativo, acho que haviam sido drogadas, uma garota ao meu lado, estava aparentemente bem, puxou assunto comigo, _é a sua primeira vez aqui né? eu balancei a cabeça que sim e ela continuou, _ a propósito meu nome é Surya, meu nome de verdade, porquê cada uma de nós ganha um nome de guerra assim que chega aqui, meu nome de guerra e Shanti, meio irônico não é? me trouxera da Índia e o nome que me deram é indiano, só que lá esse nome tem significado de paz, e aqui não passa de uma piada, porque é o verdadeiro inferno. Eu continuava perdida com tudo, perguntei a o que acontece com todas essas garotas, Surya Respondeu: _ você não sabe mesmo, não é? Fomos arrancadas de nossas famílias e trazidas pra cá, para nos venderem como escravas sexuais, cada uma delas aqui foi trazida de um lugar diferente, as que estão dopadas, são novatas que foram drogadas porque se comportaram mal, ou tentaram fugir, algumas até apanharam, outras que foram muito arredias foram levadas e não voltaram mais, achamos que foram mortas ou sabe lá o que pode ter acontecido com elas. Perguntei a quanto tempo Surya estava ali, ela respondeu: _ Desde os cinco, agora já tenho dezessete, no começo foi muito mais difícil, chorava o tempo todo, então apanhava toda hora, com o tempo fui entendendo que quanto mais eu chorava mais eu sofria. Percebi o quanto Surya parecia forte, _porque não tenta fugir Surya? Agora você já é quase maior de idade. Surya um pouco pensativa diz: _não podemos, disse isso cabisbaixa _ eles colocam um chip em nossos braços olha, esticou o pulso em minha direção, _ as vezes quando fazemos tudo, eles nos dão a liberdade de poder ir e vir aqui dentro, algumas de nós as mais atraentes até são vendidas para homens importantes e ganham a liberdade de sair daqui, sendo submissas apenas para seus senhores, essas geralmente são virgens, outras ficam expostas nas vitrines vermelhas na entrada da boate servem como propagando para o negócio, outras como eu que estão desde muito nova nisso, serve apenas para exposição e satisfação dos clientes assíduos de Dom Costello, esse chip é a garantia de que caso tentemos fugir eles possam nos encontrar onde estivermos. O desespero tomou conta de mim, as lágrimas rolaram como nunca antes, tudo vinha a tona, a perda de minha a mãe, a morte de meu pai, Greg, que havia ficado pra trás, que sorte ele tinha por ser rico, meu destino agora dependia de um traficante de pessoas e sabe se lá mais o quê. Surya continuou dando detalhes de tudo ali, _ainda não te perguntei seu nome? A respondi: _ é Madeline, mas pode me chamar de Made, Surya eles ainda não me colocaram esse chip. Surya fez uma cara de susto, sua boca fez um ó de espanto, e completou dizendo, _meus Deus Made, você é virgem? A fala dela foi mais uma afirmação do que uma pergunta, eu afirmei com a cabeça, ela continuou _ você será levada para ser treinada primeiro. Como assim treinada? Eu questionei, _a mulher de Dom Costello é a cafetina e treina todas as virgens, para que sejam as melhores dançarinas, ela diz que as virgens são chamariz de dinheiro, por isso precisam ser treinadas antes, na maioria das vezes ela matem essas garotas em sua casa, perto dela até que aprendam ser boas dançarinas e acompanhantes, seu nome é madame Devaux, nunca a olhe nos olhos, ela não tolera, não tem coração, dizem que já foi uma de nós, que conquistou o coração de Dom Costello, mas não acreditamos que ele tenha coração também. Tinha que concordar com ela, um homem que é capaz de permitir algo tão cruel como o que estava acontecendo aquela garotinha que vi pelo corredor, não tem coração, Surya ia me contar como seria meu treinamento, mas o som de alguém abrindo a porta do salão onde estávamos presas nos fez encolhermos no canto, um garoto, trazia em seus braços aquela garotinha que eu havia visto sendo estuprada pelo velho asqueroso, só de lembrar minha espinha congelada e eu tinha calafrios, a garota era tão pequena e já tinha passado por aquilo, meus olhos ardiam de ódio e ao mesmo tempo medo, ele tinha cerca de dezessete anos, olhos claros, corpo bem definido pra idade, carregando ela daquele jeito como se fosse protege-la parecia um anjo, mas algo dizia dentro de mim para eu não me enganar, então ele abriu a jaula ao meu lado, e a colocou deitada em cima de um colchonete que tinha em todas as selas, a garota estava desacordada, o que aquele monstro havia feito a ela, meu estômago novamente estava embrulhando, então ele veio em minha direção, parou como uma estátua a minha frente, me encarando, seus olhos brilharam, meu coração disparou, então ele se aproximou e disse: _ então você é a novata? sua beleza e te trará problemas garota, toma você precisa comer, logo passará por exames, depois madame Devaux lhe fará uma visitinha, se estiver bem ela a levará para treinamento, coma esses alimentos, aí contém tudo o que você precisa para se recuperar, seja uma boa menina e faça tudo o que ela pedir. Dito isso me estendeu uma garrafa com água e uma vasilha descartável com pão e algumas frutas, deu um sorrisinho sarcástico e foi observar as outras garotas, quando se afastou eu ataquei a garrafa de água, estava com muita sede, em seguida peguei as frutas e comecei a comer sem parar, Surya chamou minha atenção com um psiu, eu olhei e ela disse, esse aí é o filho de Dom Costello, ele parece muito se importar com a gente, sempre nos trás alimentos e cuida de quem está doente, não é médico mas poderia muito bem ser se quisesse, quando era criança ele nos trazia doces escondido de se pai, agora está crescendo e ficando mais carrancudo, está assumindo posição dos negócios de seu pai, as vezes sinto que no fundo ele tem um bom coração, mas ele muda de humor como do dia pra noite, então não dá pra ter certeza. Eu continuei comendo e o observando de canto de olho, era muito bonito, mas ainda era filho do homem responsável pela morte do meu pai, a quem eu nunca perdoaria, e causador de tanta dor, quando me lembrei disso minha garganta se fechou em um nó e eu não consegui mais comer, era ao todo cinco meninas nas jaulas, ele conversava com delicadeza com cada uma delas, mas de repente estava de volta a mim, com aquele ar sarcástico como se não precisasse de ninguém, me observou mais uma vez, deu um sorriso malicioso e foi em direção a porta de grades, saiu e nos trancou lá. Meus pensamentos ia do medo a fome, tudo me ocorria, inclusive a garotinha que estava ao meu lado e que com certeza precisava de ajuda.
Damon com 17 anos
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Aprisionada
RomancePrólogo Princesa Made, como dizia seu pai, aos doze anos perdeu a mãe aos 8 para o câncer, desde então tinha que lidar com um pai calado e depressivo, que quase nunca estava em casa, que trabalhava demais para pagar as dívidas que havia adquirido c...