um verdadeiro baile...

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 Eu às vezes achava que a vida era a pura expressão da improbabilidade provável. O ato de viver resumia-se a ser consumido por tantas coincidências que chegava a ser hilário.

Era noite, eu e Jeno havíamos decidido não irmos ao baile. Estávamos os dois apoiados no muro de uma propriedade desconhecida consumida por árvores, grama alta, e flores selvagens. Era um terreno simplesmente abandonado, sem casa, sem nada que o fizesse parecer pertencer aos humanos. Parecia simples natureza.

De onde estávamos era possível ouvir a música abafada das caixas de som que tocavam no colégio. Não estávamos muito longe de lá. Nossos ternos deveriam estar se sujando com a poeira que cobria o muro meio mal rebocado e velho, enquanto que nossos calçados eram manchados com o barro e a grama orvalhada pela noite.

Jeno tinha levado uma lanterna que acabou jogando no chão para nos iluminar, e no bolso do seu paletó preto ele carregava uma caixa de cigarros. Ainda bem que ele fumava apenas aos cigarros e o cheiro forte passava despercebido de minhas roupas pela minha mãe que, também era casada com um fumante. Ofereceu-me um enquanto estendia a caixa e por muito simplesmente neguei.

—Eu ainda sou medroso demais. — confessei. — Eu tenho vontade, mas tenho medo.

—Realmente, você é medroso demais.

Lee sussurrou acendendo ao seu cigarro. Eu suspirei, deitando minha cabeça em seu ombro, sentindo meu amigo reclamar pelo contato inicialmente, porém permaneci ali, indiferente a suas reclamações.

—Você está carente demais e eu odeio contato humano, Renjun. — reclamou.

Eu ri, concordando mentalmente com a frase dita, porém, não trazendo minha concordância a boca, mantendo-a como um segredo meu.

—Acha que eles estão se divertindo? — perguntei-o.

—Eles os seus colegas de escola ou eles Jaemin e sua amiga quiçá futura namorada? — foi sua vez de perguntar.

Fiquei com vergonha de que minhas verdadeiras intenções com a pergunta tivessem sido descobertas rapidamente por Jeno.

—Acho que ambos... Mas o Jaemin é no fundo minha maior preocupação.

Jeno suspirou tragando seu cigarro.

—Não sei, acho que não. Está tocando uma balada pop no salão, eles estão bebendo suco e refrigerante, nada alcoólico, e roupas sociais. Isso não me parece muito divertido, mesmo assim, eu não posso definir o que é bom e feliz para os dois. — Jeno deu de ombros enquanto falava. — Sabe que poderíamos ter ido lá se você me pedisse, certo?

—Eu não pediria. Eu não gostaria de ver os dois juntos. — segredei. — E sua companhia não é de toda ruim.

—Você é realmente muito apaixonado por Na Jaemin. — riu da minha sina e acabei rindo junto.

Peguei a carteira de cigarros do colo de Jeno e reuni coragem para pegar um. Observei ao pequeno pedaço papel e tabaco entre os dedos e vi Lee se oferecer para acender por mim. Eu sabia como fumava, depois que meus pais se separaram, cerca de dois anos antes, eu aprendi a conviver com meu padrasto fumando pelos cantos e observava o modo como ele deixava a fumaça tomar sua boca e depois a jogava de volta para o mundo. Com o cigarro entre os lábios vi as mãos do meu amigo ascenderem-no com seu isqueiro e a fumaça amarga tomou meu paladar. Era horrível, mas eu gostei e senti que estava condenado.

—Ele acha que você gosta de mim. — segredei depois de soltar a fumaça.

—Jaemin acha que gosto de você romanticamente falando? — Pediu-me e fiz um sinal de concordância com a cabeça. — Isso é nojento.

sobre todas as vezes que jaemin partiu meu coração »» renminOnde histórias criam vida. Descubra agora