Lembranças que machucam

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    Riley

  Mas que merdaa! Gritei em meus pensamentos, por dentro estava me corroendo de raiva, nossa, argh porque ele tem que ser tão orgulhoso, vive surtando comigo e depois reclama que eu que sou a surtada da história, disse deitada na minha cama!

     Dentro de mim há uma Riley desesperada para gritar pro mundo tudo o que sente e pra tirar esse peso que carrego, dizer tudo o que está me chateando, dizer que a adolescência não é nada daquilo que eles dizem, que é tudo um grande engano, não tem nada de melhor fase, é só a pior merda da vida, a pior parte porque todos te acham uma inútil que não faz nada da vida e que não tem utilidade, acham que você é apenas um encosto que só está ali para preencher um lugar, uma pessoa, eu tô cansada de sempre ser trocada pelos outros de sempre ser a última escolha de alguma coisa...  Me levantei e caminhei até a minha escrivaninha, abri um pequeno baú, onde escondi as fotos da minha mãe, peguei e voltei para a cama, ela era tão linda, sinto tanto sua falta, me abandonou com o pai mais chato do planeta... Mas infelizmente eu sei que não foi fácil pra senhora durante 9 anos, sempre te via no quarto chorando e ... Marcada, todas as vezes em que ouvia vocês discutindo ficava com medo pois, ele sempre queria descontar algo em mim mesmo não tendo culpa. Ainda ouço seus gritos de "pare, está me machucando" e "pare, você vai me matar", escoando pelas paredes da casa, o quarto onde vocês dormiam vive trancado, aquele idiota trocou de quarto somente pra não ter que se lembrar de você, você sofreu tanto e eu não pude fazer nada, apenas tinha 9 anos, me sinto uma covarde por ter deixado que isso acontecesse com a senhora e não ter feito nada, daria tudo para lhe dizer que sinto muito e pedir mil perdões por não ter feito nada, então, foi culpa minha também ter te deixado ir sem ter lutado para consegui nós afastar dele ... Ah mãezinha com eu daria tudooo para te dizer outra vez que te amo e que nunca mais vou te deixar, depois de longos 7 anos, ainda me sinto muito culpada , e sinto sua falta, mas sei que  onde a senhora estiver - andei até a janela e olhei para o céu, cujo o sol estava brilhando mais do que o normal -, está olhando por mim, mesmo chateada por não tê-la ajudado, então já que está aí , quero lhe dizer que te amo muito e que sempre vou amar!

- Riley!! - meu pai disse da porta do meu quarto - o que está fazendo? - ele perguntou ao ver as fotos no baú

Me virei para encara-lo, ele estava sério

- estava chorando? O que eu disse sobre essas fotos ? - ele se aproximou da cama e pegou uma das fotos, o mesmo a encarou por longos 5 minutos

- estava sim, e sabe o que mais eu estava fazendo? Pedindo perdão a minha mãe por não te-la defendido de você enquanto ela ainda estava viva, por não ter salvo ela das suas garras - respondi com os olhos vermelhos de lágrimas

Ele levantou a cabeça ainda segurando a foto

- o que você acha que eu fiz? Acha que eu a matei? - ele perguntou contrariado

- eu acho sim, pai, acho que você estava cansado dela e deu um jeito nisso - respondi sustentado o olhar e me segurado para não chorar mais

- sua mãe morreu de leucemia aguda! Não tive absolutamente nada a ver com isso

- isso foi apenas um dos motivos, ela faleceu de desgosto e a depressão acabou com ela, tanto que quando descobriu a leucemia não quis nem fazer a quimioterapia e tudo isso por sua culpa!

    Ele se aproximou bem sério, não aparentava estar arrependido de nada do que fez, seu rosto estava frio, seus olhos vazios, não havia nada de bom nele, nada que iria fazer ele ser uma pessoa melhor. O mesmo fechou uma das mãos e a outra - que segurava a foto -, amassou só de raiva que estava sentindo naquele momento, e quando o mesmo levantou o punho na minha direção pronto para me dar um belo soco no olho, alguém bateu na porta

- Riley você vai quer... - era uma voz cansada e meio rouca, reconheceria aquele tom em qualquer lugar, srta Thrumann, ela ficou parada na porta assustada ao ver o que meu pai iria fazer, acho que ela nunca soube quem ele era de verdade, bom, até agora

- eu já vou descer, Sra Thrumann - meu pai disse ainda de costas para ela, e ele me encarava tão bravo que estava dando pra ouvir sua respiração ofegante e ansiosa

- mas, eu vim perguntar a sua filha se  iria querer que eu faça alguma comida para ela, a coitadinha não quis comer nada hoje depois que chegou da escola - Sra Thrumann disse ainda parada na porta, aposto que, no minuto em que por os pés pra fora da porta de entrada da casa, ela vai correndo contar para as amiguinhas o que aconteceu aqui hoje

- a Riley, não vai comer mais nada hoje, vai ficar aqui no quarto dela para aprender que quando eu disser que não é pra tocar nessas maldita fotos ela terá que me obedecer porque querendo ou não eu sou o pai dela e ela tem que me obedecer - meu pai estava praticamente gritando na minha cara, parecia estar cuspindo fogo

- mas o senhor não acha que ela precisa comer alguma coisa ? - a Sra Thrumann perguntou, nossa ela queria mesmo irritar o meu pai

- EU DISSE QUE A RILEY NÃO VAI COMER NADA HOJE, SE ELA NÃO QUIS ENTÃO NÃO VAI TER, E VOCÊ PODE ESPERAR LA FORA QUE EU JÁ ESTOU DESCENDO - meu pai literalmente gritou, agora ela conseguiu irritar ele, mais do que já estava, ótimo! Ao ver que a Sra Thrumann ainda não havia saido, ele se virou - EU NÃO FALEI PARA ESPERA LA EM BAIXO QUE EU JÁ ESTAVA DESCENDO? OU VOCÊ ESTA SURDA? QUER QUE EU DESENHE?

- eu já vou - ela respondeu cabisbaixa

E logo ele se afastou de mim, mas jogou todas as fotos do baú no chão e bateu a porta !

...

"- eu te amo tanto filha - minha mãe disse deitada na maca do hospital, seu lindo rosto agora estava mais pálido do que antes, já não havia mais cabelos, nem sombrancelha e muito menos cílios, todos caíram, seus lábios estavam brancos, ela perdeu sua cor.

- eu também te amo mãezinha linda ... - disse chorando e segurando sua mão fria

- me perdoa filha, me perdoa por saber da leucemia e não ter feito a quimioterapia, eu sabia o tempo todo mas não quis fazer, um dia você vai entender .... Mas até lá saiba que eu te amo muitoooo e que nunca vou te deixar - ela disse me olhando, sua voz era doce estava com medo da hora em que ela fecharia os olhos e nunca mais os abriria

- eu também te amo e te perdoou mãezinha, sei que onde quer que esteja estara olhando por mim num lugar lindo, com flores que a senhora gosta e tudo o que tem direito - disse dando um beijo em sua bochecha

Ela simplesmente sorriu e fechou os olhos, essa era a hora que eu temia, comecei a chorar, eu a abracei fortemente

- mãe ? Maeee, não me deixa por favor eu preciso da senhora eu te amo - disse a sacudindo - maaaaeeeeee !

Meu pai e um médico me separou dela, mas ainda lutava para que continuasse perto dela, porém, foi em vão ele me afastou dela, mesmo eu me debatendo para soltar das garras dele

- maaaee , não me deixa - disse sendo arrastada para longe dali

   Meu pai me levou embora e nunca mais vi um parente da minha mãe novamente, nem mesmo fui ao enterro, pois o meu pai não me deixou ir, ele pegou todas as coisas dela e as trancou num quarto do qual nunca me deixou entrar, a única coisa que consegui pegar foram as fotos e as escondi num baú!"

  

Gus e Eu Onde histórias criam vida. Descubra agora