Capítulo 2

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SEM REVISÃO


LUCAS

Minha cabeça parecia que ia explodir. Fechei os olhos com força antes mesmo de abri-los e apertei as têmporas como se aquilo fosse aliviar a dor. Ficar mais tempo na cama não iria melhorar, precisava tomar um remédio, pois tinha alguns investimentos para conferir naquela manhã de terça-feira.

Ainda não acreditava que tinha decido voltar para casa sem ninguém. Me enfiar entre as pernas de uma mulher aliviaria muito os pensamentos de ontem, mas estava embriagado o suficiente para colocar em risco a vida de uma pessoa, enquanto eu dirigia pelas ruas do Rio de Janeiro atrás de um motel.

Com o tempo aprendi que por mais que eu bebesse a mesma cerveja sempre, elas teriam um gosto diferente dependendo do meu dia, e na noite anterior não estava tão saborosa, poderia arriscar que amargava em meu paladar, no entanto mantive-me firme bebendo. Talvez tenha sido por isso, que fiquei tão ruim.

Arrastei-me para fora da cama e fui direto para o banheiro, um banho ajudaria acordar.

Na caixa de remédio não tinha nada que pudesse curar minha ressaca, por isso decidi ir até uma farmácia e no caminho pararia em algum quiosque da praia para tomar uma água de coco.

Depois de comprar o remédio e tomar na farmácia mesmo, entrei no carro e liguei o som, tamborilando o dedo no volante dirigi até o bairro onde a loja do meu pai ficava, a água de coco ficaria para depois.

— Minha loja! — sussurrei como se estivesse me repreendendo por não assumir algo que agora era meu.

Eu tinha uma loja e nem sabia o que fazer com ela. Deveria ter ao menos consideração com as pessoas que trabalhavam nela e ir dizer que estava tudo bem, apesar do falecimento do dono. Afinal para eles, José Lamartine Santos era o dono.

Deveria me apresentar... mas para que? Eu não sabia lidar com vendas diretas. Gostava de trabalhar por trás de um computador, no máximo uma reunião quando tinha alguma empresa potencial para investir. Gostava da tranquilidade do meu escritório e da minha casa, trabalhar em silêncio era maravilhoso.

Parei o carro quando cheguei no estacionamento e desci. Bermuda de surfista, camisa de malha azul marinho e uma sandália de dedo nos pés, ajustei o boné para frente e entrei no shopping localizado na Barra da Tijuca.

Sem acreditar que estava mesmo fazendo aquilo, segui shopping a dentro e parei quando avistei-a de longe. Engoli em seco, a imagem do meu pai trabalhando feliz, me atingiu com força e agora ele não estava mais entre nós. Controlando minhas emoções para não acarretar constrangimento ali, tomei uma respiração profunda e avancei mais alguns passos até parar em frente à loja.

Algo realmente me agradou no primeiro momento, e não foi dois clientes dentro dela e sim um funcionária que mascava chiclete enquanto olhava dispersa o celular. Deveria ficar com raiva por tal cena, afinal ela era funcionária e deveria estar focada no trabalho, mas gostei de ver que ela era linda, talvez com algumas "reuniões" o comportamento dela mudasse, meneei a cabeça afastando a funcionária da mente, eu era o chefe agora e se envolver com funcionário não era o mais indicado. Balancei a cabeça novamente e entrei na loja, queria ver o estado por dentro.

Ninguém pareceu me reconhecer, entrei, rodei e não fui abordado por nenhum dos funcionários que estavam na frente de loja. Um homem de camisa social estava sentado em uma mesa do fundo e quando me viu se levantou, com receio de que tivesse me reconhecido dei um passo para trás e virei, saindo da loja às pressas com o coração a mil.

Lucas - Filhos de Lamartine Santos  ( DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora