Capítulo 4

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SEM REVISÃO


KEILA

Aqueles olhos cinzas marcantes estavam do mesmo jeito que me lembrava, e ele conseguiu ficar ainda mais bonitos. Mentiria se falasse que meu coração não bateia acelerado por ele, mesmo quando decidimos que a amizade era melhor no tempo da faculdade.

Sabia que se eu continuasse a ficar com o Lucas, eu me machucaria e para não mantê-lo distante fingi que éramos muito melhor que amigos. Não estava errada nesse quesito, mas saber quem eram as meninas que passavam pela sua mão me machucava. De alguma forma, fingir estar tudo bem e seguimos até eu me formar, seis meses antes que ele.

Eu não sentia mais nada, acho que enfim estava curada daquela paixão platônica da época da faculdade e para o bem da minha sanidade e coração, manter ele afastado de mim era o certo a fazer. Entretanto Lucas não estava disposto a isso ao me oferecer ajuda para encontrar um apartamento e poxa... eu precisava encontrar um local para morar o quanto antes, já estava tirando a privacidade do meu primo à uma semana.

Não hesitei quando aceitei ajuda de Lucas. Agora estava ansiosa demais para amanhã e eu mal conseguia pregar o olho. Já tinha me virado nesse sofá pela décima vez, e nenhuma posição era confortável o suficiente. Já passava das duas da manhã e não adiantou de nada ter chegado cedo.

Leo costumava fechar o bar depois da meia-noite, ou dependendo do movimento, e o motivo de chegar em casa cedo era por que meu primo precisou sair do bar mais cedo, me levando para casa antes do compromisso. Tudo o que eu sabia era que ele não tinha hora para voltar, foi o que me dissera após beijar meu rosto e se assegurar de que eu já estava dentro do prédio em segurança.

Tinha ciência de que estava atrapalhando a vida dele e esse foi um dos motivos de eu ter aceitado a ajuda de Lucas.

Fiquei feliz em reencontrá-lo, afinal fazia tempo que não o via. Gostava de conversar com ele. Esses dois dias que nos encontramos no bar, consegui levar na tranquilidade o lance da amizade. Nenhuma chama tinha se reacendido dentro de mim.

Quando escutei o barulho da porta se abrir, fechei os olhos para fingir estar dormindo e em algum momento para não incomodar meu primo, acabei agarrando no sono.

Levantei antes das oito, preparei o café e o almoço como vinha fazendo desde que me mudei, e por volta das dez recebi uma ligação de um número com o ddd da cidade.

Eu só estava esperando por uma ligação, então atendi empolgada.

— Bom dia flor da manhã! Está pronta para nossa aventura em busca de um lugar para morar?

Peguei-me sorrindo da sua empolgação.

— Vou só tomar um banho.

— Obrigado por avisar. — seu tom de voz tinha mudado para sério.

— O que houve?

— Agora vou imaginar você tomando.

— Lucas! — o repreendi sem conter o sorriso.

Definitivamente não vai ser fácil bancar só amiga quando ele leva tudo para segundas intenções.

— Estou brincando. Não moro tão perto de Leo, então vai ter tempo para se aprontar com tranquilidade.

— Está certo.

Encerrei a ligação com um sorriso no rosto. Estava empolgada por ir atrás de um cantinho para mim. Apertei o celular contra meu peito e então me lembrei que o arroz ainda estava no fogo.

Lucas - Filhos de Lamartine Santos  ( DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora