Capítulo 21

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Eu sabia que de um jeito ou de outro eu ia acabar sozinha. Isso era certeza. Mas eu não sabia o quão ruim isso ia ser. O Vitão tinha a vida corrida dele e ele sempre estava viajando, o mundo não para pra eu poder me recuperar dos meus problemas. Enquanto isso, eu adiava minha volta ao trabalho, a Aline chegou a mencionar psicólogo, mas ainda não estou pronta pra ir.

Às vezes, eu me sentia uma adolescente, a todo momento eu esperava ansiosamente o Vitão me chamar pra gente conversar, eu sinto que a a gente nunca vai evoluir disso, ele não parece ser o tipo de cara que se prende e eu tenho muito medo de assumir qualquer risco agora.

Depois de mais um dia sem fazer praticamente nada, a noite chega, a pior hora pra mim, por conta da insônia. Eu tinha medo de tudo, minha mente criava milhares de possibilidade, ouço alguém bater na minha porta e meu coração acelera, não sei porquê a primeira pessoa na minha mente é o Vitão, ele não me avisou nada, então provavelmente não é ele.

Abro a porta lentamente, sem olhar na fechadura por conta da ansiedade.

"Deixaram você subir?" Pergunto.

"Ah para né, seu porteiro já me conhece."
Ele fala entrando com a mala dentro do meu apartamento, ele se joga no sofá como se a casa fosse dele. "Eu tô quebrado" ele resmunga e fecha os olhos.

"Dia difícil?" Pergunto levantando a sobrancelha.

"Um pouco"

"Você veio direto do aeroporto?"

"Não" ele nega imediatamente e eu continuo olhando pra ele desconfiada, depois olho pra mala, ele abre os olhos e solta um suspiro "Tá, eu vim"

Meu coração acelera com sua confissão e eu me aconchego no sofá, em seu lado, ele coloca a mão na minha perna e começa a fazer carinho, como se ele quisesse me confortar, como se ele soubesse que eu não estava muito bem.

Deito a cabeça no ombro dele e ficamos ali em silêncio apenas ouvindo barulho externo dos carros passando na rua.

"Ae, posso tomar um banho?" Ele pergunta interrompendo o silêncio.

"Pode" falo suavemente.

Levanto e vou até o quarto buscar uma toalha pra ele, mas pensando melhor, volto e pego duas.

"Duas?" Ele fica confuso.

"Sei, lá. Você não vai lavar o cabelo?"

"Ah é, valeu" ele fala e desaparece pra dentro do quarto.

Ainda era surreal pra mim o quanto ele já se sentia a vontade aqui. E eu tenho medo e dúvidas, que talvez ele não esteja pronto pra responder. O único relacionamento concreto que eu tive foi com o Saulo que eu não sei nem se foi um relacionamento mais, enquanto eu sempre aceitava a vontade dele ele era uma pessoa, quando eu comecei a dizer não, ele virou outra. E se todo homem for assim? Um não e você já não serve mais pra nada. E se o Vitão for assim? Eu jamais ia conseguir passar por outro relacionamento assim. Ai, por que eu tô falando de relacionamento com o Vitão quando tá bem claro que isso não faz o tipo dele? Eu tenho que parar de viajar na maionese.

Meu celular vibra avisando que a bateria está acabando. Levanto do sofá e vou até o quarto pra colocá-lo no carregador, quando entro no quarto noto que a porta do banheiro está aberta e o Vitão já está tomando banho, viro o rosto imediatamente e procuro o carregador na gaveta, meu coração acelera enquanto eu tento a todo custo achar o carregador rápido. Minha curiosidade é maior do que eu e quando eu acho o carregador acabo virando o rosto e olhando. É claro que só dá mais pra ver a sombra dele por conta do box ser escuro, mas é uma bela sombra e na parte de cima do box é mais claro onde eu posso enxergar perfeitamente o rosto dele, ele joga a cabeça pra trás deixando a água molhar seu rosto, meus olhos acompanham o trajeto da água que cai do seu rosto, até o seu pescoço e vai descendo pelo resto do corpo, ele tira o cabelo do rosto e abre os olhos que imediatamente encontram o meu, acho que ele sentiu que estava sendo observado, droga.

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