⣵ 𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗 ꕤ

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Algo que eu não imaginava era ver Soobin tão de perto. Fitar suas expressões, covinhas e suas órbitas dentro das pupilas. Algo tão maravilhoso de se observar, te leva à outra dimensão. Te deixa preso em um só propósito, e pode ser algo que te desarma em questão de segundos. Era assim que me encontrava naquele instante.

Ali estava ele novamente, pedindo o macchiato que sempre pede em dias chuvosos. Pois é somente nesses, que passa pela porta da cafeteria. Nunca me vi tão revoltado em dias ensolarados, rezando para, pelo menos, uma garoa fina de inverno. Não conversamos muito nos últimos dias, o que me deixa com os nervos a flor da pele. Aquele que, antes, parecia um perseguidor, agora, é quem mais quero ter ao meu lado. Para conversar, ao menos.

- Logo trarei seu pedido. - Falei me curvando e saindo de perto de sua mesa, indo em direção ao balcão. Posso ter me iludido um pouco, em seu encontro comigo, mas não dispenso a formalidade no trabalho.

- Nunca vi você assim, tão alegre. É algo? Aaah... é alguém! - Tem vezes que minha vontade fala mais alto, e penso em me armar para cima de Hueningkai. Meu colega de trabalho não me trata de outra forma, tirando seu jeito adolescente em todas as ações. - Yeonjun está apaixonado?

- Talvez você queira realizar logo esses pedidos, para que eu possa me ver livre dessa sua aura. - Tento ao máximo ser gentil e formal, algo que venho praticando. Nunca se sabe quando precisaremos apresentar formalidade, para alguém.

Kai termina de preparar o café, e me vejo ansioso para levar o pedido até a mesa. Tanto que mal consigo chegar, e deixo a bandeja cair antes mesmo de me apoiar em Soobin. Não tenho palavras para descrever a vergonha que senti, mas minha vermelhidão mostrava sem ser necessário uma palavra sequer.

- Me desculpa, e-eu... - Tento mas não há nada em minha cabeça, me sinto aéreo vendo o outro Choi bem na minha frente. Rindo, mas não de mim, e sim do jeito atrapalhado que os dois agiram.

- Acontece, hyung, calma. - Tentei, juro que tentei manter a calma, mas era uma missão quase impossível. - Deixa eu te ajudar, ele se abaixou para pegar a xícara, mas logo neguei com a cabeça.

- Deixa que limpo essa bagunça, não se preocupa. Kai fará outro café para você. - Essas palavras me custaram uma certa dificuldade para serem ditas. Está sendo muito constrangedor, só queria morrer agora. Sumir da face da terra. Poderia, facilmente, o chão se abrir e decidir que meu destino seria naquelas profundezas.

- Mas insisto. - Agora não havia volta. Ou ele me ajudava, ou eu era obrigado a aceitar a sua ajuda. Simplista, mas complicado. - Não foi sua culpa.

- Com licença. - Escuto uma voz, diferente, de alguém que nunca atendi. - Que confusão é essa, Bin? - Esse é o momento em que meu coração quase sai pela boca. Ou o que fico tossindo sem parar, outra vergonha para se passar.

- Nada demais, Tae. - Soobin terminou de me ajudar, e deu atenção ao seu amigo. Queria eu estar no lugar desse tal de Tae. - Sente-se.

Não escutei mais nada da conversa, apenas pedi licença e me retirei. Um pouco triste, confesso, mas não há nada a se fazer. Apenas observei as risadas de Soobin, enquanto os dois conversavam. Pareciam se entender.

- Ciúmes? - Kai, novamente, sendo Kai.

- O que? N-não... - Tento mas falho miserávelmente, em ser sincero. Porém, nem para mim estava sendo. - Isso não é ciúmes, é carência.

- Posso te dar alguns conselhos, se quiser. - Não sei porque, mas não consigo levar Hueningkai a sério. Talvez pela sua cara de adolescente, e suas expressões engraçadas. Então, comecei a rir. - O que foi?

- Não preciso de seus conselhos, Kai. - Levantei e fui para trás do balcão, onde estavam meus pertences. - Meu turno está acabando, não se esqueça de trancar as janelas.

Todos os dias Kai e eu trocamos os turnos. Revezamos na hora de fechar a cafeteria, já que o dono nunca está presente. O chefe é um homem viajado, muitos diriam. Sempre visitando novos lugares, e países. Minha mãe cresceu com ele, não é atoa que confiaria a chave do local a mim. E também, confio no Kai. É meu melhor amigo, desde a infância.

Nunca briguei com o Kamal, e nunca fiquei triste por alguma ação sua. Ele sabe respeitar meus limites, e me conhece melhor do que ninguém. Me ajudou na época mais difícil da minha vida, quando meus pais se separam. Acredito que ainda não esteja pronto para falar sobre isso, mas não tenho medo de entrar no assunto.

Naquele dia, dormi na casa de Kai, que me ajudou a pegar no sono, por mais que as lágrimas não parassem de cair. Não sei o que faria, sem ter ele. Talvez não aguentaria toda a pressão.

- Tchauzinho, Junie. - Escutei o mais novo dizer do balcão, tendo como reação, um olhar de Soobin direcionado à mim. Decidi apenas seguir a onda.

- Tchauzinho, Ningning. - Dei uma piscadela, o que nos fez darmos algumas risadas, antes de eu sair pela porta da cafeteria.

Espero que tenha causado, pelo menos um pouco, de ciúmes em Soobin. Sei que eu deveria agir normalmente, mas não é isso que acabo fazendo. Acordo em um dia pensando "Hoje vou agir naturalmente, e se as pessoas gostarem ou não, não é minha culpa", e em outro momento dou o meu máximo para chamar atenção. Isso, as vezes, faz eu me sentir culpado por não conseguir controlar os sentimentos. Acho que estou assistindo filmes demais.

Como o dia estava chuvoso, tive que voltar para casa segurando um guarda-chuva. Sempre o deixo em minha mochila, já que rezo para chover todos os dias. Começo a caminhar, mas logo sou parado por uma senhora que chamou a minha atenção.

- Vejo em sua cara, meu filho. - Vendo minha confusão, resolve explicar melhor. - Está apaixonado.

- Acho que a Senhora se confundiu, eu não... - Começo a falar, mas sou logo interrompido por mais uma de suas explicações.

- As ruas não parecem mais floridas, o ar mais leve e as pessoas mais gentis? - Tendo a olhar para os lado, percebendo que talvez fizesse sentido.

- Pode ser que a Senhora... - Ela, simplesmente, sumiu. Um grande aperto se fez em meu peito, algo bom mas ao mesmo tempo disperso. Distraído com isso, nem percebo quando alguém toca meu ombro esquerdo.

- Yeonjun? - Viro para trás, vendo quem eu não esperava. E olha, que já havia algum tempo.

- Você?










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